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Após 27 anos, TCE-AC tem primeira mulher presidente

Ex-deputada Naluh Gouveia era uma das maiores críticas ao órgão.
Conselheira diz que terá 'olhar diferenciado' para grandes licitações.

Yuri MarcelDo G1 AC
Naluh Gouveia (Foto: Yuri Marcel/G1)Naluh Gouveia (Foto: Yuri Marcel/G1)
De crítica ferrenha a primeira mulher presidente do Tribunal de Contas do Acre (TCE-AC) a vida da ex-deputada Naluh Gouveia mudou desde 2007 quando tornou-se conselheira da instituição. No entanto, aos que questionam se ela teria abandonado a luta que defendia, ela manda um recado: "Meus ideais continuam os mesmos". Nesta sexta-feira (9), a presidente apresentou a equipe para o biênio 2015/2016.

Naluh foi a segunda mulher a tornar-se conselheira do TCE-AC, a primeira, Dulcinéa Benício, assumiu em 2005. À época, a eleição dela para o cargo causou polêmica, pois a então parlamentar estadual era uma das críticas que chamava o TCE de "Tribunal de Faz de Conta", segundo ela, em alusão a um livro publicado em 2000 sobre a ineficiência das instituições desse tipo no Brasil.

A ex-deputada diz que a publicação mostrava que apesar dos tribunais serem instituições viáveis, não estariam correspondendo às expectativas da população, nem as constitucionais. Ela ressalta que ainda hoje esses problemas persistem.

"Ainda temos muita dificuldade. Temos processos antigos, não analisados e a população ainda não sente que o tribunal é aquela instituição que dá aval e qualidade às ações e programas do governo ficando muito nas análises de conformidade e não desses programas. Enquanto não tornamos o 'selo de qualidade' do governo aos olhos da população, os tribunais não correspondem", ressalta.

Primeira mulher a presidir o TCE-AC
A presidente considera um avanço o fato de ser a primeira mulher a assumir o TCE-AC. "Sempre foi muito difícil para mulheres assumirem instituições que realmente detinham poder dentro do estado. Porque o poder é uma coisa que o homem não quer dividir. Ele até admite que a mulher chegue e organize a estrutura para ele, mas na hora da decisão, não quer dividir. E assumir a presidência me emociona muito e dá uma carga de responsabilidade muito grande", salienta.

Licitações e transparência
Ela diz que durante sua gestão pretende realizar uma série de mudanças tanto nos procedimentos internos, quanto na forma com que o TCE-AC se apresenta diante da população.

Um dos focos da conselheira é fazer com o que o TCE-AC acompanhe mais de perto as licitações do governo, em especial aquelas que possuem grande volume de gastos. "Deracre, Depasa, Saúde e Educação são secretarias que lidam com uma movimentação muito grande de dinheiro e queremos ter um olhar diferenciado para essas pastas, para ajudar os gestores", afirma.

Outro ponto que ela diz considerar prioritário é tornar o trabalho do TCE mais acessível para o público leigo. "Não adianta ter transparência se a pessoa não entende. Existem situações em nossos acórdãos que o leigo não vai entender, nossa ideia é facilitar o entendimento da população", diz.

'Meus ideais continuam os mesmos'
Ao assumir a cadeira de conselheira, Naluh, que era até então associada ao movimento sindical, chegou a ser criticada por alguns setores que consideraram que ela estaria virando as costas para o que defendia. Sobre essas acusações, a presidente diz que respeita as opiniões, mas que seriam feitas por pessoas que não votavam nela, nem teriam simpatia pela figura da ex-parlamentar.

"As pessoas que votaram em mim, e a vida toda acreditaram em mim, sabem que mudei de trincheira, mas meus ideais continuam os mesmos. Ideais humanitários de que se divida essa riqueza toda que tem no Brasil, aproximação com o ser humano. Entendo que as críticas maiores ocorrem porque hoje há pouco espaço para pessoas que representem bem o povo e eu era tão boa no que fazia que sei que as pessoas sentem falta", finaliza

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