Veja quem são os ex-governadores que esperam STF para manter aposentadoria
O pagamento de aposentadorias a
ex-governadores, vários deles pelo exercício do mandato por apenas alguns meses
ou mesmo dias, está nas mãos do Supremo Tribunal Federal (STF). A matéria
entrou na pauta do tribunal nesta quinta-feira (19), mas foi mais uma vez
adiada. A ação direta de inconstitucionalidade (ADI) que contesta o
direito à pensão vitalícia dos ex-governadores do Pará terá
repercussão em todos os estados. Foi ajuizada pelo Conselho Federal da Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB) em fevereiro de 2011.
Nos 17
estados que prestaram informações ao Fato Online, pelo
menos 90 ex-governadores têm a pensão garantida. Um rombo de R$ 2
milhões mensais, ou R$ 26 milhões ano, nos cofres públicos. Desde o ingresso da
ação no Supremo, já foram gastos cerca de R$ 100 milhões com o benefício. A
decisão do Supremo atingirá mais nove ações como essa que tramitam no STF. As
pensões variam de R$ 10,5 mil a R$ 30 mil.
Com leis
criadas por conveniência de quem está no poder, 21 estados brasileiros
adotaram, em seus textos constitucionais, a pensão vitalícia para
ex-governadores. Em alguns, ainda que estes tenham permanecido menos de um mês
no cargo, os ex-governantes também são privilegiados.
Enquanto
um cidadão comum precisa trabalhar de 30 a 35 anos para ter direito a receber
no máximo R$ 4,6 mil mensais, teto do INSS, alguns ex-governadores trabalham
bem menos e ainda conseguem ter direito ao benefício com valor integral – isso
sem a necessidade de cálculos trabalhistas para definir o valor.
No Mato
Grosso a lei assegurava o direito, inclusive, para quem assumisse a função por
apenas um dia, desde que assinasse um ato de governo. Apesar da situação não
ter ocorrido, o ex-governador Moisés Feltrim assumiu por 33 dias e até hoje
recebe o benefício. O mesmo ocorre com Iraci Moreira, vice-governadora no
governo Blairo Maggi, que apenas assumiu o cargo nas ausências do governador e
hoje tem sua pensão garantida.
No Paraná, o então presidente da
Assembleia Legislativa do Estado, João Mansur, assumiu por 39 dias no ano de
1973, após a morte do governador Pedro Parigot. Sua viúva recebe até hoje uma
pensão de R$ 26,5 mil.
A justificativa de alguns estados
é a regra federal, que até 1988 garantia aos ex-presidentes da República o
direito ao recebimento de uma aposentadoria. A Constituição Cidadã acabou com o
benefício e alguns estados suspenderam as pensões, outros mantiveram e alguns
até criaram lei para regulamentar o benefício.
O senador
do DEM, Agripino Maia (RN), recebe R$ 11 mil de pensão por ter sido governador
e também R$ 26,7 mil, por seu atual cargo de senador.
O senador Cássio Cunha Lima,
ex-governador da Paraíba, é um dos parlamentares ativos que também acumula uma
pensão de R$ 23,5 mil com seu salário de senador.
Pensão
dupla
Outro caso também emblemático é o
da viúva do ex-governador Leonel Brizola, que recebe uma pensão de R$ 30,4 mil
pelo governo gaúcho e mais R$ 21,8 do estado do Rio de Janeiro. Brizola foi
governador nos dois estados.
O Acre é
um dos estados com maior número de aposentados. Os ex-governadores falecidos,
que são oito, deixaram pensionistas. Ao todo, são seis ex-governadores e oito
viúvas ou dependentes.
No
Amazonas, apesar dos ex-governadores terem direito à prerrogativa, o atual
ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, abriu mão da pensão para receber
apenas pelo Senado.
Atualmente,
em 11 estados a regra está ativa na constituição estadual, ou seja, mesmo novos
aposentados têm o direito assegurado. Nos outros 10, apesar da alteração da
lei, os ex-governadores que ocuparam os cargos antes da revogação permanecem
recebendo.
A
ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB) também é uma das beneficiadas
pelas regras do estado. Além da pensão recebida por ter governado o Maranhão,
ela ainda recebe mais R$ 23 mil por ter sido funcionária do Senado.
O
ex-governador do Estado da Bahia e atual ministro da Defesa, Jaques Wagner, é
um dos beneficiados por lei estadual, mas abriu mão de exercer o direito.
Receberia R$ 19,3 mil mensais.
Leia abaixo a relação dos ex-governadores aposentados:
Estados onde a regra está ativa:
Rio Grande do Sul
Alceu Collares (PDT) R$ 30,4 mil
Germano Rigotto (PMDB) R$ 30,4 mil
Antonio Brito (PMDB) R$ 30,4 mil
Yeda Crusius (PSDB) R$ 30,4 mil
Olívio Dutra (PT) R$ 30,4 mil
Jair Soares (PSD) R$ 30,4 mil
Santa Catarina
Antônio Carlos Konder Reis (Arena) R$ 23,8 mil
Casildo Maldaner (PMDB) R$ 23,8 mil
Colombo Machado Salles (PMDB) R$ 23,8 mil
Esperidião Amin (PDS) R$ 23,8 mil
Henrique Helion Velho de Cordova (PDS) R$ 23,8 mil
Jorge Bornhausen (PFL) R$ 23,8 mil
Leonel Pavan (PSDB) R$ 23,8 mil
Luiz Henrique da Silveira (PMDB) R$ 23,8 mil
Paulo Afonso Vieira (PMDB) R$ 23,8 mil
Paraná
Paulo Cruz Pimentel (PTN) R$ 26,5 mil
Emilio Hoffmann Gomes (PDC) R$ 26,5 mil
Jayme Canet Junior (Arena) R$ 26,5 mil
João Elísio Ferraz Campos (PMDB) R$ 26,5 mil
Jaime Lemer (PFL) R$ 26,5 mil
Roberto Requião (PMDB) R$ 26,5 mil
Orlando Pessuti (PMDB) R$ 26,5 mil
Pará
Carlos Santos (PP) R$ 26,5 mil
Aurélio do Carmo (PMDB) R$ 26,5 mil
Alacid Nunes (Arena) R$ 26,5
Ana Júlia Carepa (PT) R$ 26,5
Acre
Arnobio Marques (PFL) R$ 25,3
Flaviano Melo (PMDB) R$ 25,3
Iolanda Fleming (PMDB) R$ 25,3
Jorge Viana (PT) R$ 25,3 mil
Nabor Junior (PMDB) R$ 25,3 mil
Romildo Magalhães (PSC) R$ 25,3 mil
Quem faleceu e deixou pensionistas:
Orlei Cameli (PPR) R$ 25,3 mil
Wanderlei Dantas (Arena) R$ 25,3 mil
Edmundo Pinto (PT) R$ 25,3 mil
José Augusto Araújo (PTB) R$ 25,3 mil
Jorge Kalume (Arena) R$ 25,3 mil
Cerqueira Filho (PTB) R$ 25,3 mil
Rui Lino (MDB) R$ 25,3 mil
Rondônia
Humberto da Silva Guedes - R$ 23 mil
Angelo Angelim (PMDB) R$ 23 mil
Ivo Narciso Cassol (PSDB) R$ 23 mil
João Aparecido Cahulla (PPS) R$ 23 mil
José de Abreu Bianco (PDS) R$ 23 mil
Oswaldo Piana Filho (PTR) R$ 23 mil
Valdir Raupp de Matos (PMDB) R$ 23 mil
Maranhão
Edson Lobão (PMDB) R$ 26,5 mil
Epitácio Cafeteira (PTB) R$ 26,5 mil
João Alberto (Arena) R$ 26,5 mil
João Castelo (PSDB) R$ 26,5 mil
José Sarney (PMDB) R$ 26,5 mil
Roseana Sarney (PMDB) R$ 26,5 mil
João Reinaldo Tavares (PSB) R$ 26,5 mil
Amazonas
Amazonino Mendes (PDT) R$ 20,2 mil
Paraíba
Cássio Cunha Lima (PSDB) R$ 23,2 mil
Nestes 10 estados leis foram revogadas, mas quem ocupou o cargo antes da revogação continua a receber.
Rio de Janeiro
Celso Peçanha (PSD) R$ 21,8 mil
Moreira Franco (PMDB) R$ 21,8 mil
Nilo Batista (PDT) R$ 21,8 mil
Minas Gerais
Rondon Pacheco (Arena) R$ 10,5 mil
Eduardo Azeredo (PSDB) R$ 10,5 mil
Francelino Pereira (Arena) R$ 10,5 mil
Hélio Garcia (PTB) R$ 10,5 mil
Mato Grosso
Carlos Bezerra (PMDB) R$ 11,5 mil
Edson Freitas de Oliveira (PMDB) R$ 11,5 mil
Frederico Campos (Arena) R$ 26,5 mil
Iraci Araújo Moreira (PR) R$ 15 mil
Jayme Campos (DEM) R$ 11,5 mil
Márcio Lacerda (PSB) R$ 11,5 mil
Rogério Sales (PSDB) R$ 15 mil
Júlio Campos (DEM) R$ 24 mil
Moisés Feltrin (PDS) R$ 15,9 mil
Osvaldo Sobrinho (PTB) R$ 11,5 mil
Pedro Pedrossian (PMN) R$ 24,1 mil
Pernambuco
José Muniz Ramos R$ 30 mil
Marco Antônio de Oliveira Maciel (DEM) R$ 30 mil
Sergipe
Albano Franco (PSDB) R$ 30,4 mil
Antônio Carlos Valadares (PSB) R$ 30,4 mil
João Alves Filho (PFL)R$ 30,4 mil
Paulo Barreto de Menezes (Arena) R$ 30,4 mil
Rio Grande do Norte
José Agripino Maia (DEM) R$ 11 mil
Lavoisier Maia Sobrinho (Arena) R$ 11 mil
Alagoas
Divaldo Suruagy (PPS) R$ 20,8 mil
Moacir Andrade (PMDB) R$ 20,8 mil
Ceará
Gonzaga Mota (PMDB) R$ 16,2 mil
Adauto Bezerra (Arena) R$ 25,8 mil
Beni Veras (PCB) R$ 15 mil
Chico Aguiar (PSDB) R$ 23,4 mil
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