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De apartamento, brasileira escuta tiros e fala de 'choque' em Paris

Acreana vive em região onde ocorreram atentados nesta sexta-feira (13).
'A tristeza é imensa', diz mulher que vive há 18 anos em Paris.

Yuri MarcelDo G1 AC
Zinha Ruela diz que clima em Paris é de choque e solidariedade (Foto: Arquivo Pessoal)Zinha Ruela diz que clima em Paris é de choque e
solidariedade (Foto: Arquivo Pessoal)
Moradora do 11º arrondissement, bairro de Paris que fica na região em que ocorreram ataques terroristas na noite desta sexta-feira (13), a acreana Zinha Ruela, que vive na cidade há 18 anos, diz que do apartamento dela foi possível ouvir os disparos de metralhadora na casa de shows Bataclan, onde mais de 100 pessoas foram mortas.

Zinha conta que mora a aproximadamente 1 km da casa de shows e do restaurante Le Petit Cambodge, outro alvo dos ataques.  “O restaurante é um lugar que vou frequentemente, saio a pé de casa para ir lá comer, tenho fotos nesse terraço [onde ocorreu o atentado]. Daqui de casa deu para ouvir as rajadas de metralhadora ainda”, diz.

A acreana diz que estava voltando de carro para casa quando recebeu uma ligação do filho, que vive no sul da França, perguntando se ela estava bem.  Depois disso passou a acompanhar as notícias pelo rádio.

Segundo ela, o clima na cidade é de choque.  “As ruas foram ficando desertas, as pessoas voltando para casa, os carros com pisca alerta. As pessoas querendo se refugiar. A tristeza é imensa, todo mundo se ligando e mandando mensagem”, conta.

Expectativa de novos ataques
Apesar do pânico, a brasileira diz que não ficou surpresa. Já que desde o atentado à sede do jornal satírico 'Charlie Hebdo', em janeiro de 2015, esperava por um novo ataque.

“Foi muito chocante o que aconteceu em janeiro, havia sido sem precedentes. Nos atentados de hoje, acredito que o número de mortos no final será 10 vezes maior, mas confesso que não era algo inconcebível. Minha opinião era que antes do final ano aconteceria uma tragédia maior que a ocorrida no começo do ano”, diz.

Ela diz acreditar que os responsáveis pelos ataques não devam parar com os ocorridos nesta sexta-feira.

"São questões políticas, religiosas, e não entendo como o mundo ainda não se reuniu para exterminar esse estado criminoso faz reféns no mundo inteiro. É difícil falar o porquê, mas a situação está complicada e acho que não vai parar por aí”, disse.

Volta ao Brasil
Zinha diz que não pensa em voltar ao Brasil. “Não tenho espírito de recuar. Acho que não é a solução deixar que o mal tome conta e se apodere do mundo. Aí no Brasil temos nossos problemas, que não são fáceis. Aqui é outro contexto, a França é um país geograficamente localizado no centro da Europa. É um país dos direitos humanos, dos direitos sociais”, enfatiza.

Amiga de muçulmanos, ela salienta ainda que é preciso separar os seguidores do Islã de terroristas.  “A França é um país que acolhe muitos muçulmanos e não acredito que possamos considerar os terroristas como muçulmanos. Por conhecer muitos deles acho que não tem nenhuma ligação. É importante lembrar que muitos países do mundo armaram, treinaram e criaram o que hoje se tornou o Estado Islâmico”, finaliza.

Ataques
Explosões ocorreram próximo ao Stade de France, em Paris, na noite de sexta (13), durante um jogo entre as seleções da França e Alemanha. Além disso, três tiroteios simultâneos deixaram dezenas de mortos e feridos em outros pontos da cidade, segundo a polícia parisiense. Mais de 100 pessoas foram feitas reféns.

O presidente francês, François Hollande, afirmou em declaração em rede nacional que está declarado estado de emergência em toda a França e que as fronteiras serão fechadas.

A polícia emitiu um alerta, pedindo que os parisienses não deixem suas casas, "a não ser em caso de absoluta necessidade". Lugares públicos devem reforçar a segurança nas entradas e acolher aqueles que estiverem em necessidade.
A polícia também ordenou que se interrompam as manifestações e eventos em áreas externas.

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