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'Sofro com o preconceito', diz homem que trabalha como gari há 5 anos

José de Brito diz que gosta da sua profissão, mas sofre com o preconceito.
Dia do Gari é comemorado nesta segunda-feira (16). 

Quésia MeloDo G1 AC

José Nascimento de Brito, 38 anos, trabalha há cinco anos como gari e se diz feliz com a profissão (Foto: Quésia Melo/G1)José Nascimento de Brito, 38 anos, trabalha há cinco anos como gari e se diz feliz com a profissão (Foto: Quésia Melo/G1)
Há cinco anos a rotina do gari José de Brito, de 38 anos, é puxada. Às 4h30, ele já está de pé para cumprir sua missão de coletar o lixo na cidade de Rio Branco. Ao todo, ele percorre ao menos 26 Km até a sede da empresa, localizada na BR-364. No dia em que se comemora o Dia do Gari, nesta segunda-feira (16), Brito fala do amor pela profissão, mas destaca ainda o preconceito que a categoria sofre.
"Sofro preconceitos todos os dias e eu simplesmente não sei o porquê. Já houve ocasião de eu pedir água e a pessoa jogar fora o copo que usei. Essa situação já aconteceu muito. Me sinto ofendido, estamos ali todos os dias limpando as ruas, deixando tudo mais bonito, mas o que acontece são situações como essa", lamenta.
Porém, essas atitudes ocasionadas pela falta de conhecimento, ou até mesmo pela falta de trato, não desanimam o gari. Animado e com um sorriso no rosto, ele se orgulha da profissão que exerce.
"Esse é um dos serviços que mais gostei na minha vida. As pessoas podem até não acreditar, mas é muito animado. Meus colegas de trabalho são meus parceiros. Muitas pessoas nos ajudam, dão até refrigerante e acabamos nos divertindo", destaca.
Segundo ele, as segundas e terças são os dias em que são acumulados mais lixos, pois afirma que os acreanos limpam a casa no fim de semana. Apesar das dificuldades, o gari destaca que não pretende lagar a profissão e que sente orgulho do que faz.
"As pessoas só lembram de nós no dia em que não passamos no bairro delaS, pois olham para o lixo acumulado e lembram que não estivemos lá. Mesmo assim, esse é um dos serviços que mais gostei na minha vida. As pessoas podem até não acreditar, mas é muito animado. Meus colegas de trabalho são meus parceiros. Muitas pessoas nos ajudam, dão até refrigerante e acabamos nos divertindo", conta. 
Conscientização
No dia em que tenta se abrir uma discussão sobre a categoria, Brito pede que as pessoas pensem mais no trabalho dos garis na hora de retirar o lixo. Segundo ele, algumas medidas simples podem evitar acidentes.
"Como o saco é escuro, o ideal seria a pessoa deixar esse tipo de lixo, que fura ou corta, fora do saco, assim a gente ia poder ver no que estaria pegando e tomaria mais cuidado", afirma.
Para os garis de primeira viagem, Brito ensina o trabalho e também alguns truques, principalmente de segurança. Os carros e motos em alta velocidade, segundo ele, são alguns dos perigos enfrentados por eles na hora de saltar do caminhão para coletar o lixo.
Brito pede conscientização das pessoas a respeito da sua profissão e destaca que o serviço prestado pelos garis são essenciais, mas que muitas pessoas não pensam dessa forma.
"Muitas pessoas precisam do nosso trabalho, mas não pensam nisso. Queria que as pessoas dessem mais atenção ao nosso trabalho, pois o que fazemos é arriscado e perigoso. É muito triste chegar nos lugares e vê as pessoas tampando o nariz e virando a cara, chamando a gente de urubu e de lixeiro. Gostariam que nos chamassem de coletor, seria o ideal", finaliza.
Apesar de feliz na profissão, gari conta que sofre preconceito e pede mais conscientização das pessoas (Foto: Quésia Melo/G1)Apesar de feliz na profissão, gari conta que sofre preconceito e pede mais conscientização das pessoas (Foto: Quésia Melo/G1)

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