Site Cultural de Feijó

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No Vitória, Acreana Feijoense, tenta sucesso no futebol feminino: "Larguei tudo", diz

ecília Viana, 23 anos, é de Feijó, no interior do Acre, e defende o Rubro-Negro baiano desde o início do ano. Fã de Marta, ela sonha chegar à seleção brasileira

Por Rio Branco, AC

Cecília Viana, acreana que joga no Vitória (Foto: Cecília Viana/Arquivo Pessoal)Cecília Viana, acreana que joga no Vitória (Foto: Cecília Viana/Arquivo Pessoal)
Nascida no município de Feijó, a 366 km de Rio Branco, capital do Acre, Cecília Viana, 23 anos, defende o time de futebol feminino do Vitória desde o início deste ano. A acreana deixou a família na cidade para correr atrás do sonho de se tornar atleta profissional. A caminhada não tem sido fácil, segundo ela, mas a vontade e determinação de alcançar o objetivo a mantém forte para seguir em busca do objetivo.
Cecília deu os primeiros toques na bola ainda na escola, em Feijó, no ano de 2008, quando tinha 15 anos. Ela dividia o tempo entre os estudos, o trabalho para ajudar os pais e umas peladas e torneios amadores. Depois de atuar por equipes amadoras na cidade natal, entre os 16 e os 18 anos, morou em Rio Branco, onde seguia trabalhando fora dos gramados para contribuir com a renda da família, que reside em Feijó. Até que em 2013, decidida a buscar mais oportunidades no futebol, optou por ir morar em São Paulo.
- Não conhecia ninguém que pudesse me ajudar logo que cheguei. Tive que conseguir um emprego e tentar conciliar com o futebol. Em 2014, um treinador de goleiro apelidado por Borracha me indicou. Ele é preparador de goleiros da Portuguesa. Treinei na portuguesa durante três meses e tive uma rápida passagem pelo São Paulo antes de vir para Salvador. Aqui joguei no A.D. Lusaca no ano passado, onde fui vice-campeã baiano e um dos destaques,  Ao fim do campeonato, fui convidada pelo E.C Vitória para atuar na equipe rubro-negra - conta.
Cecília passou rapidamente pelo São Paulo antes de chegar ao futebol baiano  (Foto: Cecília Viana/Arquivo Pessoal)Cecília passou rapidamente pelo São Paulo antes de chegar ao futebol baiano (Foto: Cecília Viana/Arquivo Pessoal)
A atleta, que atua como atacante e lateral-esquerda, recorda como foi a adaptação a nova realidade em uma das maiores e principais cidades brasileiras. Para sobreviver e custear as despesas, trabalhou fora do futebol como cuidadora de uma idosa, com quem chegou a morar antes de conseguir renda para alugar uma moradia.
- Saí do Acre direto pra São Paulo, uma cidade grande, tudo muito diferente de Feijó ou até mesmo de Rio Branco. Imaginei várias vezes que seria difícil me adaptar, mas em pouco tempo consegui um emprego fora do futebol e encontrei um pouco mais de estabilidade e tranquilidade. Continuava a me dedicar nas horas vagas aos treinos. Enfrentei muitas dificuldades, cheguei a tomar conta de uma idosa e a morar com ela por um tempo, depois aluguei uma casa e passei a morar sozinha - afirma.

Cecília destaca que teve a ajuda de muitas pessoas em São Paulo, assim como quando chegou em Salvador, em 2015.
- Viam minha determinação, após um tempo resolvi focar apenas no futebol sem obter um trabalho paralelo. Sempre fui uma acreana corajosa. Aqui em Salvador contei com a ajuda de alguns amigos para me alojar, um deles foi o zagueiro Tiago Silva (ex-Galvez). Larguei tudo para vim em busca do meu objetivo, família, amigos. Isso que me mantém de pé, pois trabalho a cada dia pensando neles. A  maior dificuldade é sempre a saudade da família.
Cecília com o time do Vitória (Foto: Cecília Viana/Arquivo Pessoal)Cecília (2ª E/D fila da frente) com o time do Vitória (Foto: Cecília Viana/Arquivo Pessoal)

Família, aliás, que inicialmente demonstrou resistência em aceitar a opção de Cecília de ser jogadora de futebol.
- Mantenho contato com meus pais muito frequente via telefone, é onde acabo matando um pouco a saudade da família. No início não foi fácil ter o apoio dos meus pais em relação ao futebol, sempre existiu uma pequena resistência quando optei em ser jogadora. Muitas das vezes tinha que treinar com meninos e isso não os agradava, mas sempre tive muita fé em Deus e sabia que em algum momento eles mudariam a maneira de pensar. Hoje eles já me dão todo apoio e se orgulham de mim, me elogiam, pois sabem que não foi fácil chegar até aqui. Tudo que tenho agradeço primeiramente a Deus e depois aos meus pais - comenta.
Busca pelo primeiro título e o sonho de chegar à Seleção Brasileira
A acreana, que é fã de Marta e admiradora de atletas como a brasileira Formiga, e das norte-americanas Carli Loyd e Alex Morgan, lista os objetivos que pretende atingir na carreira dentro dos gramados.
Cecília em Salvador (BA) (Foto: Cecília Viana/Arquivo Pessoal)Atleta está no futebol baiano desde a temporada 2014 (Foto: Cecília Viana/Arquivo Pessoal)
- Penso e tenho como objetivo maior chegar a Seleção Brasileira de Futebol Feminino. Tenho objetivos também de  atuar em outros países para uma maior valorização. Mas, no momento, o meu foco é dar continuidade os trabalhos aqui no Esporte Clube Vitória, onde temos uma ótima estrutura e profissionais capacitados. Estou trabalhando muito para  ajudar o clube a se  sagrar campeão baiano de futebol feminino. Busco meu primeiro título na carreira. Acredito que nada vence a força do trabalho e com fé em Deus e determinação seremos campeãs esse ano.
Ainda correndo atrás da independência financeira, Cecília confia que trabalho e dedicação são os ingredientes fundamentais para alcançar o sucesso.
- Espero em breve obter ainda mais patrocinadores de grandes marcas esportivas, mas sei que tudo isso só vou alcançar através do trabalho e muita dedicação. Tenho nove meses atuando pelo Vitória, muita admiração pelo nosso treinador Quinho, que tem uma vasta experiência no futebol nacional e internacional. Foi ele que me oportunizou e agarrei a oportunidade. Estou muito feliz em defender o rubro-negro baiano, essa grande equipe da elite do futebol brasileiro  e de uma  maravilhosa torcida. Ainda não me realizei financeiramente, acredito que estou um pouco distante disso, mas não tem faltado empenho e trabalho para conquistar essa estabilidade financeira e realizar alguns sonhos . Consigo dividir um pouco do que ganho com os meus pais. Essa sempre foi minha vontade e por isso enfrentei  e tenho enfrentado as adversidades para poder ajudar meus pais.
Futuro do futebol feminino
Cecília Viana, acreana que joga no Vitória (Foto: Cecília Viana/Arquivo Pessoal)Cecília durante treino do Vitória em praia da capital baiana (Foto: Cecília Viana/Arquivo Pessoal)
Cecília nunca disputou uma competição de futebol feminino profissional no Acre. Quando morou em Rio Branco, chegou a participar apenas do Campeonato Acreano de Futsal pela equipe do Floresta. A atleta acredita que a modalidade ainda tem muito a evoluir em todo território nacional.
- O futebol feminino no Brasil pode crescer muito se tiver mais apoio e visibilidade. É uma dificuldade muito grande e muita disparidade em relação ao futebol masculino. No Acre, acredito que as dificuldades sejam ainda maiores também por falta de apoio. É preciso um incentivo da federação, governo e empresas para o crescimento do esporte no nosso estado. Desta forma surgirão outras atletas para grandes clubes e serão referência e inspiração para as mais jovens. 
Cecília ainda não sabe quando estreia com o Vitória no Campeonato Baiano de Futebol Feminino. A Federação Bahiana de Futebol (FBF) deve anunciar a data de início da competição na próxima semana.

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