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Estudar medicina na Uninorte vai custar R$ 9,2 mil a partir de 2017; alunos ameaçam abandonar curso

Uninorte
A crise econômica que assola os setores público e privado parece ter chegado às portas do grupo União Educacional do Norte (Uninorte), de Rio Branco (AC), que nessa semana, confirmou um acréscimo de quase 8% nas mensalidades dos cursos da instituição. A partir de 2017, por exemplo, cada aluno do curso de medicina terá de pagar R$ 9,2 mil para continuar estudando.
No ranking dos cursos médicos mais caros do Brasil, a Uninorte conseguiu manter-se entre os 10 primeiros. E o curioso é que a faculdade cobra mais que grandes centros educacionais como a Universidade Católica de Brasília (UCB – R$ 5,6 mil), ou a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC MINAS – R$ 5,4 mil). Em primeiro lugar está a Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE – R$ 9,5 mil.)
Para o acadêmico Lucas Vieira, o aumento é absurdo e foge à realidade. “O fator mais preocupante nisso tudo é que o Fies, por exemplo, tem um limite para cobrir reajustes. E tem outra coisa: esse aumento é demais, isso parece ser pouco, mas como a mensalidade é cara, o acrescimento real é de R$ 700 reais”, reclama.
O pensamento de Lucas é semelhante ao de Débora Gama que, aliás, já está fora do estado de férias e em busca de outra faculdade. Ela deve pedir transferência porque, segundo conta, não têm condições de pagar um curso tão caro que precisa, por ser novo, se aperfeiçoar ainda mais.
“Eu não vejo que seja justo. Temos que considerar que estamos em crise. Muitos alunos vão deixar de voltar às aulas por conta disso. Agora, a Uninorte abriu um centro de simulação, mas isso não justifica. Nada justifica um aumento tão alto, tão abusivo, ainda mais em um ano de crise”, alega.
Na contramão do que tem feito a Uninorte, uma das mais conceituadas faculdades do país, a Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), que fica no Rio Grande do Sul, mantém, desde 2014, o mesmo valor nas mensalidades: R$ 4,7 mil para um curso de 12 semestres, pagos sempre em dias. Isso é menos que a metade do cobrado pela faculdade acreana.
Como destacou uma reportagem do jornal A Gazeta, reproduzida pelo ac24horas em 2014, a Ulbra possui um hospital universitário credenciado em programas de Residência Médica pela Comissão Nacional de Residência Médica do Ministério da Educação e Cultura (MEC). Já no Acre, a Uninorte não possui hospital, apenas um centro de simulação realística, entregue há poucas semanas.

AUMENTO É O “MÍNINO POSSÍVEL”

A Uninorte se posicionou sobre o aumento nas mensalidades, mas garantiu que o reajuste atinge todos os cursos e não apenas o de medicina. Sobre isso, o diretor financeiro da instituição, Ricardo Leite, afirmou que há previsão legal para isso e negou, a princípio, ter conhecimento de acadêmicos que não conseguiram se formar porque o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) não cobriu reajustes.
“No ano passado tivemos um reajuste de 9%, e esse ano a alteração é menor. Isso é uma coisa que acontece. Não tem uma média. Isso tudo é de acordo com a lei 9.870. Ela é quem rege esses reajustes. A faculdade não precisa voltar atrás. Todos os custos dela sobem: manutenção, telefone, energia, professores. Não é a Uninorte apenas”, refuta o gestor.
Leite crê que falar sobre esses aumentos é algo muito relativo. Nos últimos três anos, explica, houve reajustes e isso ocorre desde que a universidade entrou em atividade. “O aumento não é apenas para medicina. A gente precisa tirar o foco do curso de medicina. Todos os cursos são tratados igualmente, e o aumento é para todos. Geralmente a gente ajusta de acordo com a inflação”, completa.

PREJUÍZO PARA TODOS

O estudante Renner Melo, que cursa o quarto período, fala em frustração de sonhos e acredita que o aumento prejudica não apenas os acadêmicos, mas também a própria Uninorte. “Minha sala tinha 90 alunos, e agora só tem uns 40. No próximo semestre, aparentemente, teremos manos que 30 pessoas. Eles não explicam isso para a gente. Não há uma conversa”, critica.
A situação, segundo Renner, coloca em xeque os anseios dele e dos colegas em colar grau e permanecer atuando no Acre. “Eu gostaria muito de formar e trabalhar em Rio Branco, mas com esse crescimento na mensalidade, nada favorece a isso. Se não conseguir uma transferência para uma faculdade federal, ou outra com preço menor, a única saída é tranar a faculdade, infelizmente”, lamenta.
ac24horas

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