Michel Temer é preso pela Lava Jato; PF faz buscas por Moreira Franco
Mandados foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da Justiça Federal do Rio de Janeiro. Procurada pela G1, a defesa do ex-presidente não atendeu.
Por Arthur Guimarães, Paulo Renato Soares e Marco Antônio Martins, TV Globo e G1 Rio
O ex-presidente Michel Temer foi preso em São Paulo na manhã
desta quinta-feira (21) pela força-tarefa da Lava Jato. Os agentes ainda tentam
cumprir mandados contra Moreira Franco, ex-ministro de Minas e Energia, coronel
João Batista Lima Filho e mais cinco pessoas, entre elas empresários.
Preso, Temer será
levado para o Aeroporto de Guarulhos, onde vai embarcar em um voo e será levado
ao Rio de Janeiro em um avião da Polícia Federal. O ex-presidente deve fazer
exame de corpo de delito no IML em um local reservado e não deve ser levado à
sede da PF de São Paulo, na Lapa.
Os mandados foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, responsável pela Lava Jato no Rio de Janeiro.
Desde
quarta-feira (20), a PF tentava rastrear e confirmar a localização de Temer,
sem ter sucesso. Por isso, a operação prevista para as primeiras horas da manhã
desta quinta-feira atrasou.
O G1 ligou para a defesa de Temer, mas até as 11h25 os advogados não
haviam atendido a ligação. Ainda não está claro a qual processo se referem os
mandados contra Temer e Moreira Franco.
O ex-presidente Michel Temer responde a
dez inquéritos. Cinco deles tramitavam no Supremo Tribunal Federal (STF), pois
foram abertos à época em que o emedebista era presidente da República e foram
encaminhados à primeira instância depois que ele deixou o cargo. Os outros
cinco foram autorizados pelo ministro Luís Roberto Barroso em 2019, quando
Temer já não tinha mais foro privilegiado. Por isso, assim que deu a
autorização, o ministro enviou os inquéritos para a primeira instância.
Entre
outras investigações, Temer é um dos alvos da Lava Jato do Rio. O caso, que
está com o juiz Marcelo Bretas, trata das denúncias do delator José Antunes
Sobrinho, dono da Engevix. O empresário disse à Polícia Federal que pagou R$ 1
milhão em propina, a pedido do coronel João Baptista Lima Filho (amigo de
Temer), do ex-ministro Moreira Franco e com o conhecimento do presidente Michel
Temer. A Engevix fechou um contrato em um projeto da usina de Angra 3.
Michel
Temer (MDB) foi o 37º presidente da República do Brasil. Ele assumiu o cargo em
31 de agosto de 2016, após o impeachment de Dilma Rousseff, e ficou até o final
do mandato, encerrado em dezembro do ano passado.
Eleito
vice-presidente na chapa de Dilma duas vezes consecutivas, Temer chegou a ser o
coordenador político da presidente, mas os dois se distanciaram logo no começo
do segundo mandato.
Formado em
direito, Temer começou a carreira pública nos anos 1960, quando assumiu cargos
no governo estadual de São Paulo. Ao final da ditadura, na década de 1980, foi
deputado constituinte e, alguns anos depois, foi eleito deputado federal quatro
vezes seguidas. Chegou a ser presidente do PMDB por 15 anos