Site Cultural de Feijó

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Manejo do Pirarucu: "Bacalhau da Amazônia", está sendo comercializado no município





Manejo de pirarucus em lagos é a nova aposta para o desenvolvimento econômico de comunidades indígenas e pescadores do município de Feijó.
A pesca manejada em lagos acreanos é algo novo, teve início no município de Feijó no ano de 2009, mas já se apresenta como alternativa econômica para populações tradicionais da floresta, incluindo os índios kaxinawás, que iniciaram o manejo em lagos ao longo do rio Envira este ano.
O manejo é novo. Mas a cultura do consumo da carne do pirarucu, a existência dele nos lagos e o conflito entre os pescadores e a lei ambiental são hábitos velhos. O que o manejo muda então? A resposta vem do consultor da WWF que acompanha o processo no Acre: "Muda a consciência do pescador. Antes havia um conflito entre pescadores e ribeirinhos sobre a pesca do peixe, que é proibida por lei a não ser em unidades de conservação e uso sustentável e áreas com acordo de pesca", explica Marcelo Crossa.
O projeto de manejo de pesca de pirarucu é realizado em uma parceria do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Extrativismo e Produção Familiar, a Ong WWF, e as colônias de pescadores. Os acordos de pesca são um passo importante. Neles os pescadores assumem o compromisso de respeitar os limites da natureza em troca da garantia perenidade. O manejo, aliado aos acordos, garantem a proteção da área, que fica fechada até a avaliação de técnica - a etapa de contagem dos peixes - para que sejam relatados quantos animais o lago possui e quantos podem ser pescados de forma a respeitar a legislação. Pela lei, apenas os peixes com mais de 1,5 metro inteiros ou 1,2 metro de manta podem ser retirados da água e comercializados. Cada peixe leva, em média, seis anos para atingir a média para comercialização. Em geral são pescados 30% da população adulta de cada lago.
O tamanho dos peixes acreanos também chama atenção. Chegam a medir 2,6 m, o que não é visto em outros estados. Segundo o consultor do WWF, o fato pode ser explicado pela falta de pressão da pesca.
E neste ano, na segunda fase do manejo do piracu no município de Feijó, foram pescado 32 piracus, nos seis lagos manejados ao longo do rio Envira, perfazendo um total de 1.200 kg de peixe, que além de abastacer o no mercado local à preço de R$ 20,00 o quilo, o pescado foi exportado para os municípios vizinhos e a capital acreana.

Mudança de hábitos
Para introduzir o manejo foram necessárias algumas medidas. Os pescadores não tinham o conhecimento sobre as técnicas de pesca do pirarucu - contagem dos peixes, uso do arpão. "Nós não tínhamos experiência, usávamos malhadeiras erradas, perdíamos o peixe. Agora nossa intenção é atender a legislação e preservar os lagos para ter sempre o recurso disponível. O mais difícil é o deslocamento até a cidade", comenta o pescador Raimundo Rodrigues Costa, que tem 28 anos de profissão.
Para introduzir as novas técnicas de pesca do pirarucu o WWF e a Seaprof trouxeram de Santarém dois pescadores profissionais com bastante experiência no manejo do peixe. O intercambio entre os pescadores também foi realizado em Manoel Urbano. “A pesca não é difícil, basta prestar atenção nos hábitos do peixe e ter paciência. O pirarucu é como um cachorrinho, quando ele está no arpão você leva para onde quiser”, disse Francisco da Silva, o Groti, um dos pescadores de fora.
Também foram repassados aos pescadores as técnicas para o tratamento do peixe, que inclui o salgamento e o transporte. As escamas também podem ser aproveitadas para o artesanato, realidade mais consolidada em Manoel Urbano, onde o projeto iniciou.

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