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A epidemia da violência

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No Acre a cada três horas uma pessoa é vitima de roubo ou furto. Em média 218 ocorrências são registradas por mês nas Delegacias dos 22 municípios do estado. O que mais preocupa as autoridades é a chamada “cifra negra”, ocorrências que deixam de ser registradas por falta de credibilidade da sociedade na eficácia policial. 37% dos entrevistados pelo Anuário da Segurança Pública declararam pouco satisfeitos com os serviços a elas prestados. Apenas um terço dos crimes ocorridos – percentual que varia de acordo o delito – é registrado nas delegacias ou boletins de ocorrências.

Os dados revelam ainda, que o Acre está entre os dez estados do país que o crime está crescendo acima dos 10%. As mortes violentas atingem maiores índices nas faixas etárias entre 15-34 anos. Uma epidemia de violência que de forma histórica migra do interior para o grande centro: Rio Branco. 60% dos homicídios estão centrados na capital, cidade considerada a vitrine do tráfico de drogas.

A reportagem do ac24horas ouviu com exclusividade, o analista criminal da Secretaria de Segurança Pública, Aldo Colombo. Ele chama a atenção para os conflitos entre os reeducandos e afirma que o serviço de inteligência é o pilar para o combate à violência. O delegado e diretor de operações, Alberto Paixão falou das ações integradas para o combate a violência em todo o estado. Aonde existiu maior investimento em inteligência – na fronteira – as estatísticas de violência reduziram.

Cidade que deu maior votação para reeleição de Sebastião Viana é referência em consumo de “álcool da farmácia”

Bairro Senador Pompeu, em Tarauacá, é apontado pelo especialista em análise criminal como referência para os casos de lesão corporal dolosa – quando há a efetiva ofensa à incolumidade pessoal do individuo – dados que engrossam as estatísticas de violência do estado no anuário publicado esse semana.

Na cidade que deu a maior votação à reeleição do atual governador Sebastião Viana, o consumo de álcool líquido, “álcool de farmácia”, faz parte das substâncias alcoólicas mais ingeridas. A cultura que parece ser apenas dos indígenas, virou rotina no meio da população urbana. O resultado não poderia ser diferente, aumentaram as ocorrências em ambientes privados, sem perturbação da ordem, brigas entre vizinhos, dentro da própria família ou amigos, estimuladas pelo uso do álcool. Um caso que não é mais somente de segurança, o uso de “álcool de farmácia” intencional e não apenas acidental consiste em um problema de saúde pública a ser enfrentado.
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Crime migrou do interior para a grande cidade

Outro detalhe apontado pelo estudo divulgado essa semana mostra um dado histórico. A criminalidade que era dividida entre a capital e os municípios do interior passou a se concentrar mais em Rio Branco, cidade que acumula 60% dos dados da violência.
Os números do Anuário se ajustam com os da Secretaria de Segurança Pública do Acre, apontam uma redução nos casos de homicídios em 2011, primeiro ano de gestão do governador Sebastião Viana, com 137 ocorrências. Mas em 2012 e 2013, os índices voltaram a crescer, com 173 e 195 casos registrados respectivamente.

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O analista criminal Aldo Colombo chama a atenção da taxa para cada 100 mil habitantes. Na sua avaliação, o crescimento dos homicídios foi de apenas 7% e o número de ocorrências se manteve em um nível suportável, uma vez que em 2011 a redução foi drástica.

“Quando se reduz a violência em um ano anterior o aumento da taxa sequente é natural, isso será observado, por exemplo, nas taxas do estado do Amazonas no ano que vem com relação a 2013”, explicou Colombo.

Ainda segundo o analista, nem sempre um aumento dos dados de criminalidade oficiais pode ser interpretado como uma piora da situação de segurança pública, ao contrário, nos locais onde é grande a “cifra negra”, o aumento nos crimes notificados é considerado um indicador positivo de credibilidade e performance policial.
Ainda assim, o sistema de segurança pública do Acre está em alerta, principalmente, para os dados relacionados a roubos e furtos, a chamada “indústria” que abastece o tráfico de drogas e o crime organizado. No momento, para os especialistas, esse é o grande gargalo a se enfrentar em nível de Brasil.

As atenções se voltam para Rio Branco que é considerada a vitrine do tráfico – aonde a droga chega – e o mercado precisa ser abastecido. Em 2012 foram registradas 2.616 ocorrências de roubos e furtos, uma média de 218 registros por mês em todo o estado. O porte ilegal de armas, outro mercado do tráfico de drogas, cresceu assustadoramente, saindo de 89 ocorrências em 2011 para 189 em 2012. O roubo de veículos, a grande maioria motos, registrou 291 ocorrências em 2012. Foram 362 ocorrências do tráfico de entorpecentes.

O aumento nos crimes violentos letais intencionais (CVLI), para os especialistas, está relacionado ao acerto de contas entre traficantes, presidiários reincidentes, o financiamento do tráfico e ainda, crimes passionais. Pior, grande parte dos crimes violentos tem motivação fútil e tem o álcool como motivador.
Investimento na fronteira - Para o delegado e diretor de operações da Segurança Pública, Alberto Paixão, a melhoria do poder aquisitivo da sociedade é um dos motivos que atrai o tráfico de drogas para a capital.
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Para atacar esse fenômeno que tem incomodado a sociedade, o governo do estado em parceria com o governo federal, está investindo pesado na chamada linha de fronteira.

“Estamos inibindo a questão da entrada de drogas, um trabalho que não apresenta resultados a curto prazo, mas que já começou e avança muito nas 17 cidades lindeiras”, disse Paixão.
O delegado reforça que a Segurança Pública através de um serviço integrado tem feito o seu papel de investigar, prender o traficante e apreender drogas. Os números mostram que quando há investimento, existe redução de violência. A estratégia nacional de fronteiras é o grande achado nesse universo de gestão.
“Estamos recebendo recursos e investindo não somente na capacitação de policiais de segurança de fronteira, mas nos batalhões e delegacias, reequipando, comprando armamentos, barcos, veículos e dotando essas estruturas de melhores condições de trabalho”, destacou o delegado.
Na área de fronteira os números são de excelência. Os homicídios diminuíram de 59 para 43 no mesmo período entre janeiro e outubro de 2013/2014.
Acre diminui investimento em inteligência – O reforço ao serviço de inteligência é um dos fatores que contribui para a redução dos homicídios na fronteira. Com rádio comunicação, vídeo monitoramento e o aparelhamento das policias, o estado tem conseguido reduzir a violência.
O analista criminal Colombo acredita que o setor de inteligência precisa de investimento constante, “é um dos pilares da segurança pública”, acrescentou.

A redução de 39% nos investimentos no setor por parte do governador Sebastião Viana, entre os anos de 2011 e 2012, para o especialista, se deu em função da falta de verbas específicas para o trabalho que é essencial à credibilidade das policias. Mesmo assim, ele diz afirma que os recursos foram maiores.

“De 2012 até agora tivemos investimentos maiores, mas em etapas diferentes, até porque a política do governo federal é de fortalecimento estratégico”, acrescentou.
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O desafio nacional – Como o Acre vai fazer para reduzir em 5,7% ao ano a criminalidade e se livrar da taxa epidêmica até 2030, isso só o tempo poderá dizer. Por enquanto, mesmo investindo R$ 486 por habitante, mais do que estados como São Paulo, a federação deixa a desejar quando o assunto é redução da violência.

O setor espera com muita expectativa pelo Centro Integrado de Comando e Controle prometido pela presidente Dilma Rousseff em campanha. Uma ideia que deu certo durante a Copa do Mundo, e ao mesmo tempo, deve ainda um Plano Estadual de Segurança Pública que pode até apresentar estratégias como o uso de apito, mas com uma politica de comunicação adequada.

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