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Jovem busca vaga na medicina pelo Enem e faz doces para pagar cursinho

Larissa Chini, de 27 anos, tenta conquistar a tão sonhada vaga há dez anos. 'Meu sonho é meu combustível. Não paro enquanto não passar', afirma.

Fernanda TestaDo G1 Ribeirão e Franca
Larissa Chini encara as salas de cursinhos há anos para realizar o sonho de ser médica (Foto: Fernanda Testa/G1)Larissa Chini encara salas de cursinhos há anos por sonho de ser médica (Foto: Fernanda Testa/G1)








Todas as noites, a jovem Larissa Chini, de 27 anos, percorre bares e restaurantes de Ribeirão Preto (SP) para vender doces. A renda do trabalho diário tem um único propósito: custear os dois cursinhos pré-vestibular em que a estudante está matriculada e pagar as inscrições das provas nas universidades. O esforço, somado a ao menos oito horas diárias de estudo, é o preço para a realização do sonho da jovem, que há 10 anos tenta uma vaga para cursar medicina. "Meu sonho é meu combustível. Não paro enquanto não passar", afirma.


Matriculada desde maio em um cursinho pré-vestibular tradicional e outro específico para redação e língua portuguesa, Larissa costumava estudar diariamente das 7h às 21h. Em julho, no entanto, se viu obrigada a diminuir as horas de estudo. "Eu não tinha dinheiro para pagar as inscrições dos vestibulares e os R$ 1,7 mil que gasto mensalmente nos cursinhos. Então passei a estudar de manhã e à tarde. À noite eu saio e vendo doces que faço com minha mãe para arrecadar dinheiro", conta.Neste sábado (8) e domingo (9), Larissa encara o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) com a esperança de conseguir a tão sonhada vaga em uma das universidades públicas que utilizam a prova em seus vestibulares. "Minha prioridade é a universidade pública. Por isso me preparei bastante para o Enem", diz.
Os bombons de morango e a palha italiana são vendidos a R$ 3 cada. Larissa só volta para casa depois que ela e a mãe conseguem vender todos os doces. O descanso vem só aos sábados durante o dia, quando Larissa reserva um tempo para passar com o namorado. "No domingo pela manhã tento estudar o que faltou durante a semana. Se tenho tempo, ainda saio nas tardes de domingo para continuar vendendo o doce. De certa forma, vender os doces me ajudou um pouco a me desligar do estresse dos estudos. Tem gente que joga futebol, tem gente que dança. Eu trabalho", diz.
Preparação e persistência
Larissa diz que o foco de sua preparação para o Enem está nas disciplinas em que a jovem tem mais dificuldade. "Não tenho muita afinidade com a área de exatas. Então tento fazer o máximo de exercícios possível, além de me reunir com amigos para estudar e tirar dúvidas", explica.
O sonho da estudante Larissa Chini é ser aprovada em medicina em uma universidade pública (Foto: Taiga Cazarine/G1)O sonho de Larissa é ser aprovada em medicina em
uma universidade pública (Foto: Taiga Cazarine/G1)
Para a estudante, o principal desafio do Enem está na quantidade de questões e no tempo para a realização da prova. "O mais difícil é controlar o tempo e seguir com calma para conseguir resolver todas as questões. É uma prova extensa e cansativa. Tomo um chá antes de ir para a prova para ficar mais calma e não me esqueço de levar bastante água e barrinhas de cereal. Não é fácil, mas é preciso encarar com tranquilidade para conseguir um bom resultado", diz.
O fato de estar há uma década lutando para cursar medicina não intimida Larissa. A estudante conta que recebe muitas críticas por insistir na tentativa, mas garante que não vai desistir do sonho. "Sempre quis medicina. Até pensei algumas vezes em prestar outro curso, mas eu não me sentiria realizada.Tem muita gente perto de mim que me motiva, assim como outras que falam mal. Mas acredito que se você tem um sonho, tem que correr para realizá-lo. As pessoas não podem ter medo de arriscar. Independente do tempo que demore, você deve buscar aquilo que te faz feliz. E tenho certeza que minha felicidade está na medicina", conclui.
A estudante vende doces pelos bares de Ribeirão Preto e já tem até freguesia (Foto: Taiga Cazarine/G1)A estudante vende doces pelos bares de Ribeirão Preto e já tem até freguesia (Foto: Taiga Cazarine/G1)

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