Usuários de drogas podem ter 10% de vagas em concurso
Diante da escassez de investimentos públicos para
os tratamentos de usuários de drogas no Estado e da alta taxa de ocupação das
vagas públicas destinadas a esse tipo de abordagem, Minas poderá adotar uma medida
polêmica: reservar 10% das vagas em concursos públicos no Estado para
dependentes químicos.
A sugestão foi feita pelo presidente da Comissão de
Enfrentamento ao Crack, o deputado estadual Vanderlei Miranda (PMDB), durante o
ciclo de debates Um Novo Olhar sobre o Dependente Químico, encerrado, ontem, na
Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na capital. “Fomos muito
cobrados de que o poder público não ajuda na reinserção de usuários de drogas.
Sugeri isso ao governo, mas ainda não obtive resposta para decidirmos o que
fazer”, afirmou.
O projeto causa polêmica entre entidades que lidam
com o tratamento de dependentes químicos. Para Robert William, da ONG Defesa
Social, que trabalha com o tratamento de dependentes químicos, o investimento
deveria ser em vagas públicas de tratamento. “Em certo ponto, pode parecer bom
(reservar empregos públicos para usuários de drogas), ajudando o dependente a
se reinserir. Mas o principal é que o Estado invista em vagas públicas de
tratamento”, frisou.
Segundo Cleiton Dutra, assessor de política de
gabinete da Subsecretaria de Política Anti-Drogas, a reserva de vagas para
usuários de drogas em concursos públicos não foi analisada. “Não tenho
conhecimento do assunto, isso deve ser analisado. Mas, independentemente disso,
vamos expandir as vagas públicas futuramente”, disse.
Números
Minas oferece 1.600 vagas de para tratamento de dependentes químicos – 96,34%
das quais ocupadas, segundo a subsecretaria de Polícia Anti-Drogas – e pretende
chegar a 3.000 mil, mas a expansão não tem data prevista.