Após casos de doença de chagas, venda de açaí registra queda em Cruzeiro do Sul Acre
Infecção de duas jovens e morte de terceira foram registradas na região.
'Quando sabem que é de Cruzeiro dizem que está contaminado’, diz vendedor.
Muito consumido na região do Vale do Juruá, no interior do Acre, o açaí tem atraído atenção de forma negativa, desde os casos de infecção por doença de chagas ocorridos na região. Comerciantes do município de Cruzeiro do Sul relatam queda nas vendas do produto e já amargam prejuízos.
O problema começou após as mortes da jovem Celiana Cruz da Silva, de 17 anos, e do marido dela, Francisco Maian da Costa, de 18 no final de fevereiro. Embora apenas o corpo de Celiana tenha passado por exames que comprovaram a morte por doença de chagas, o setor responsável pelo controle da doença de chagas e leishmaniose no Acre diz que as evidências apontam que ele também estava infectado.
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Duas irmãs de Costa também foram diagnosticadas com a doença, mas foram identificadas a tempo e levadas para tratamento. A doença, causada pelo inseto barbeiro, pode ser transmitida através do açaí quando o inseto é, por engano, moído junto com o fruto. Essa forma de contaminação é também mais agressiva.
Em seguida aos casos, as vendas começaram a cair, de acordo com a vendedora Maria José dos Santos, de 45 anos. Há seis anos ela comercializa o produto e conseguia uma renda média mensal R$ 1,5 mil, hoje, no entanto, não consegue obter nem R$ 500 de lucro.
“Têm ficado muito difícil, a procura pelo açaí quase não existe mais e o que eles estão procurando mais é o buriti que está mais difícil até de conseguir para vender, eu já cheguei a vender 80 litros por dia hoje não chega a 20”, lamenta.
Já a vendedora Rosa Mappes, de 37 anos, ressalta tornou-se rotina perder o produto. “Estraga muito açaí todo dia. Está de um jeito que compramos uma saca de açaí e com a venda não tiramos dinheiro nem pra comprar outra”, afirma.
‘Já cheguei a exportar 300 litros de açaí para Rio Branco’
A vendedora Antônia Lima da Silva, de 30 anos, vende o vinho do açaí e do buriti para Cruzeiro do Sul e demais cidades acreanas há aproximadamente sete anos. Segundo ela, a situação atípica tem assustado os comerciantes.
“Estamos todos muito preocupados, porque antes dessa noticias nós vendíamos muito bem, agora não vendemos nada. Tem que ter uma certeza sobre o que causou porque acaba prejudicando quem não tem culpa”, cobra.
Ela diz que o açaí e o buriti que vende são produzidos por ela e afirma tomar todos os cuidados para evitar contaminações. “Têm todo um processo de higienização, muitas lavagens são feitas antes ir para a máquina. Eu e minha família consumimos há anos”, salienta.
Antônia revendia o vinho para a capital acreana, mas afirma que os consumidores não querem mais comprar o açaí cruzeirense na capital.
“Eu já vendi cerca de 300 litros para Rio Branco, tinha um revendedor aqui todo mês. Hoje em dia ele não vem mais porque quando as pessoas sabem que o açaí é de Cruzeiro do Sul elas dizem que está contaminado”, finaliza
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