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Aos 32 anos, craque e artilheiro do Acreano pela 1ª vez trabalha em frigorífico


Ajaciel da Silva Morais, o Ciel, meia do Galvez, eleito principal jogador do estadual 2018 se divide entre os gramados e o trabalho formal na capital do Acre. Rotina diária começa às 4h


Por Duaine Rodrigues, Rio Branco, AC
O principal jogador do Campeonato Acreano 2018, Ajaciel da Silva Morais, o meia Ciel, do vice-campeão estadual Galvez, iniciou a carreira no futebol profissional do estado em 2008, aos 22 anos. Atualmente, com 32, foi eleito pela primeira vez o craque do estadual nesta temporada, além de ter faturado o prêmio de artilheiro da competição com nove gols marcados.

Ciel, que nasceu na cidade de Gonçalves Dias, no interior do Maranhão, e chegou ao Acre em 1988, vê a conquista inédita na carreira como resultado do trabalho que desempenha a cada temporada, mas também se diz surpreso e não esconde a satisfação pelo feito.
Ciel, artilheiro e craque do Acreano 2018, com o troféu de goleador do estadual após a decisão do último domingo (8) (Foto: Nathacha Albuquerque)

 É muito fruto do trabalho também e um pouco de surpresa porque tem muitos craques no Acre, muito jogador bom. Mas, graças a Deus, Ele vem me abençoando, não só nesse ano, mas nos outros campeonatos também pra trás, vinha fazendo bons campeonatos, só que não com destaque igual esse ano. Deus me abençoou muito com gols, fui artilheiro do campeonato e craque. Fico muito feliz por isso. Só mesmo agradecer a Deus. Foi mais dedicação também. Este ano a gente estava muito focado, principalmente eu, com apoio da família. Falei que esse ano tinha que ser o ano para ser campeão. A gente não conseguiu buscar o título, mas graças a Deus, consegui ser o artilheiro do campeonato. É muito gratificante ser artilheiro. Eu sou um meia e, geralmente, mais artilheiro é atacante – comenta em entrevista por telefone ao GloboEsporte.com.

Ciel, assim como a maior parte dos atletas que disputam o Campeonato Acreano, não vive apenas do futebol. Ele atua como auxiliar de inspeção federal em um frigorífico (o GloboEsporte.com já contou um pouco da história do jogador em reportagem no ano de 2015), e sai diariamente da cidade de Senador Guiomard para trabalhar na capital antes de ir aos treinos do Imperador, no Campo do Juventus. Acorda às 4h, enfrenta 29km de estrada até o frigorífico, onde tem que estar às 5h30. Trabalha até às 12h. Fica até às 14h ainda no frigorífico e de lá segue para o treino. Sai do treino às 18h e chega em casa às 19h, 19h30.

- É um pouco difícil, só que Deus ajuda muito quem trabalha. Tenho muita fé em Deus, de que ia me abençoar em fazer um bom campeonato. A gente tem que ter fé e o apoio da família também. Sem a família é difícil você aguentar a pressão, dificuldades, cansaço. Às vezes, chego em casa cansado, e penso: acho que vou jogar só esse ano. Mas a mulher fala: ‘não, continua’. A família dá apoio e a gente segue trabalhando. Graças a Deus, me abençoou com um ano muito bom e tenho só a agradecer mesmo.
Ciel, craque e artilheiro do Acreano, durante trabalho em frigorífico (Foto: Arquivo Pessoal)

 Chego em casa praticamente para dormir. Tem momento que a gente fica meio desanimado, mas penso que sempre gostei de jogar futebol e a mulher e a família apoiam muito. Com esse apoio a gente cria mais vontade pra lutar – conta o atleta, que estava no trabalho no momento da entrevista.

Com o fim do Campeonato Acreano, o meia está sem clube já que o Galvez não tem mais competições profissionais no calendário para esta temporada. Ciel diz que não tem nenhum acordo encaminhado e aguarda contato de alguma equipe para seguir atuando em 2018. No entanto, o jogador coloca a possibilidade de defender um clube de fora do Acre dependendo de uma condição que está ligada ao emprego no frigorífico.

- Espero que apareça alguém que tenha interesse no meu futebol. É esperar em Deus. Se for da vontade de Deus, de algum clube me chamar, a gente vai analisar para poder acertar ou não. De fora do estado) Se for uma proposta que dá pra mim sair do meu trabalho com um contrato de um ano, dois anos, dependendo do salário, a gente pode arriscar. Agora se for uma coisa pra eu sair do meu emprego só ir lá e depois não dar certo, não convém – afirma.
Ciel comemora um dos nove gols marcados no Acreano 2018; meia foi peça fundamental no vice-campeão Galvez, que garantiu calendário cheo para 2019 (Foto: Manoel Façanha/arquivo pessoal)



Nos 10 anos de carreira como profissional, Ciel defendeu apenas clubes acreanos. Iniciou na Adesg, em 2008, e já vestiu as camisas de Plácido de Castro, Independência, Juventus-AC, Atlético-AC, e Humaitá, além do Galvez.


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