Agentes penitenciários são afastados em Cruzeiro do Sul devido a ameaças de organizações criminosas, diz Iapen
Ameaças foram feitas a quatro agentes penitenciários através de mensagens de áudio via WhatsApp, interceptadas pelo serviço de Inteligência do Presídio Manoel Néri.
Por G1 AC, Cruzeiro do Sul
Quatro agentes
penitenciários que trabalham dentro do Presídio Manoel Néri, em Cruzeiro do
Sul, foram afastados das atividades por causa de ameaças sofridas por
organizações criminosas. A informação foi confirmada ao G1pelo presidente do Instituto de
Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC), Aberson Carvalho, nesta
terça-feira (3).
As ameaças, de
acordo com Carvalho, foram feitas através de mensagens de áudio via WhatsApp,
interceptadas pelo serviço de Inteligência do presídio. O presidente do Iapen
informou ainda que a medida é preventiva e visa resguardar a integridade dos
agentes.
“O afastamento
foi cautelar com o objetivo de resguardar tanto o sistema, como também os
servidores. Não tem prazo determinado. Vamos avaliar a situação permanentemente
e, nesse período, ficam [agentes] livres de qualquer tipo de atividade”,
afirmou.
Carvalho falou
que a medida foi administrativa e visa evitar qualquer tipo de dano.
“Posteriormente, podemos reaver essa decisão e retornar os agentes a suas
atividades”.
O G1 teve
acesso aos áudios. Um deles teria sido enviado de dentro do
presídio.
“Vou só para a
visão de como vai ser na hora que estiver resolvido. Passar a visão se vai ser
no fogo, se vai ser na bala. Se for para arriar um bicho desse, a gente
consegue um moleque de menor. Entendeu, para meter fogo essas coisas e tudo. É
o seguinte, irmão, um moleque lá na Rua, a gente arruma aqui de dentro mesmo a
gente arruma. Tem, nós temos muitos irmãos que têm que representar por nós aí
(sic)”.
Em outro áudio,
a pessoa sugere matar os agentes na “surdina”.
“É isso mesmo,
meus irmãos. Concordo plenamente com você. O negócio é pegar cada um e fazer
acontecer e matar estes quatro safados. Vamos matar e pegar cada um e matar na
surdina. Vou para cima essa semana. Tá ligado (sic), todos os irmãos dá para ir
para cima. Tá ligado (sic), fica caladinho aí, meu irmão”.
Uma das
vítimas, que preferiu não ser identificada, não quis dar detalhes sobre o assunto.
“Estou
tranquilo, as ameaças foram feitas em um grupo de WhatsApp que foi
interceptada. As ameaças ocorreram em maio. Diziam que iriam para cima e tinha
que detonar a gente. Não quero falar muito sobre isso, vamos deixar que as
coisas se resolvam”, complementou.
Morte
de agente
O agente penitenciário Gilcir
Silva Vieira, de 38 anos, foi executado a tiros de pistola no
dia 30 de maio. O crime ocorreu no km 2 da rodovia AC-405, em Cruzeiro do Sul.
Os tiros atingiram as pernas, braço e cabeça da vítima.
Após uma
operação, que terminou na madrugada do dia 31 de maio, a polícia prendeu os dois
suspeitos de matar o agente. Antes da morte de Vieira, o
Sindicato dos Agentes Penitenciários do Acre (Sindapen-AC) denunciou que áudios
com ameaças haviam vazado aproximadamente 20 dias antes da morte do agente.