Nos últimos 10 anos, Acre recebeu mais de R$ 57 milhões em projetos financiados pelo Fundo Amazônia
Fiscalizações, projetos voltados para
a gestão indígena, preservação, serviços florestais e incentivos a pequenos
produtores. Estes são alguns planos financiados pelo Fundo Amazônia no Acre e
que podem ser suspensos, caso o governo acabe com o Fundo Amazônia.
No começo deste mês, os governos da Noruega e Alemanhaanunciaram a suspensão de repasses para o fundo em
represália às mudanças na formação do Comitê Orientador do Fundo Amazônia.
Juntos, os repasses somam em mais de R$ 287 milhões.
No site, é possível
pesquisar cada projeto aprovado. Neste ano, nenhuma ação foi aprovada. Mas, no
ano passado, quatro projetos voltados para a preservação do meio ambiente foram
contratados e beneficiam o estado.
Os projetos se dividem em eixos,
como:
·
Ciência, Inovação e Instrumentos
Econômicos
·
Monitoramento e Controle
·
Ordenamento Territorial
·
Produção Sustentável
Ao todo, de 2009 até o ano passado,
foram investidos no Acre mais de R$ 57 milhões por meio de 28 projetos, que
agora correm o risco de serem suspensos, caso o governo não reveja sua posição.
Carta ao governo
Em agosto, a questão ambiental voltou
a ser mundialmente discutida devido ao número de queimadas nos estados da
Amazônia Legal.
Inclusive, o último boletim divulgado
pela Secretaria de Meio Ambiente do Acre (Sema) mostra que, de 1º a 25 de
agosto deste ano, foram registradas 2.497 queimadas em
todo o estado. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe).
Aproveitando o cenário, o Comitê
Orientador Fundo Amazônia (Cofa) no Acre enviou uma carta exigindo um
posicionamento do governo federal sobre a suspensão dos repasses, que ameaça os
projetos.
Em um dos trechos, o comitê destaca
que “a reação dos governos da Alemanha e da Noruega é legítima e respeita as
bases contratuais dos acordos de cooperação. Mas, é lamentável que o Brasil
perca, nesse momento de crise, apoios relevantes para um dos grandes desafios
socioambientais da atualidade: a conservação da Amazônia, maior área de floresta
tropical contínua do planeta, lar de centenas de povos indígenas e comunidades
tradicionais que dela dependem para sua sobrevivência”.
Além disso, o documento destaca que o
governo não respeitou o contrato de acordo.
“O encerramento do Fundo Amazônia
afetará negativamente a todos. 60% dos recursos do Fundo apoiam projetos dos
governos federal e estaduais. Até a fiscalização do Ibama depende de recursos
do Fundo Amazônia”, cita ao pontuar que os efeitos negativos deste rompimento
já podem ser vistos.
A membro do Cofa no Acre, Jocy Aguiar, acredita que o presidente
Jair Bolsonaro não deve mudar seu posicionamento. “Todos os projetos do Fundo
estão ameaçados de não continuar”, lamenta.
No último dia 15, o ministro do Meio
Ambiente, Ricardo Salles, disse que as regras do Fundo Amazônia estão em
discussão e que é "natural que qualquer repasse aguarde o desfecho acerca
de quais as regras aplicadas".
Tratativas
Em nota, o governo do estado informou
que se reuniu com representantes alemães, em maio deste ano, e aguarda um
posicionamento oficial do governo federal sobre o programa.
Destacou ainda que o governo Acre
possui um acordo com a Alemanha sem a interferência do governo federal no que
diz respeito ao programa REM, que é é uma iniciativa que premia os pioneiros da
proteção florestal e da mitigação do clima.
O principal ponto abordado foi o
Cadastro Ambiental Rural (CAR) e Programa de Regularização Ambiental (PRA),
lançados, inclusive, na Expoacre deste ano e que propõem um modelo
agroflorestal. O informativo do governo alega que:
“Através da Sema [Secretaria de Meio
Ambiente] tem buscado várias parcerias para implementar seus programas e
projetos, incluindo recursos de operações de crédito. O CAR e o PRA, que
contaram com financiamento do Fundo Amazônia até final de 2018, continuam como
estratégias prioritárias do governo, hoje financiados por recursos próprios e
de outras fontes como do Projeto Paisagens Sustentáveis (MMA). Segundo nota
publicada pela Embaixada Alemã no Brasil, a suspensão de recursos refere-se
somente a novos projetos financiados pelo Ministério do Meio Ambiente”,
finaliza a nota.