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Mãe diz à polícia que só soube que filha de dez anos sofria abuso quando menina engravidou no AC


Mulher foi ouvida pela polícia no município de Jordão, interior do Acre. Criança está em abrigo de Rio Branco recebendo atendimentos médico, psicológico e assistencial.

Por Aline Nascimento, G1 AC — Rio Branco
Caso é investigado pela Polícia Civil do Acre — Foto: Divulgação/Google Street View
A mãe da criança de 10 anos que está grávida foi ouvida pela Polícia Civil do município de Jordão, interior do Acre, onde mora. O depoimento da mulher foi baseado nas declarações dadas pela outra filha dela, de 12 anos. A menina, segundo a polícia, confessou para a mãe que o pai dormia com a irmã caçula na mesma cama.

"Ela [mãe] acaba apontando os dois suspeitos, o vizinho e o pai. Segundo a mãe, a menina [filha de 10 anos grávida] tinha costume de dormir com o pai. A menina de 12 anos contou para a mãe que o pai gostava mais da irmã do que dela. Quando pedia algo para o pai ele não dava, mas dava para a irmã", explicou o delegado responsável pelas investigações, Valdinei Soares.

O pai morava com as duas filhas na cidade de Tarauacá, também no interior do estado. Quando a polícia passou a investigar quem tinha abusado sexualmente da criança grávida, a menina de 12 anos foi morar com a mãe, no Jordão, e a irmã caçula foi encaminhada para a capital acreana, Rio Branco, a pedido da Justiça acreana.

A menina recebe atendimento enquanto espera o bebê nascer, no abrigo Educandário Santa Margarida, na capital acreana. Ela faz acompanhamento médico, psicológico e assistencial na instituição.

O pai das crianças foi encontrado morto dentro de casa, em Tarauacá. Ele era o parente investigado pela polícia no caso.

Depoimento
Por morar na zona rural do Jordão, a mãe das crianças foi ouvida por um policial da cidade. O depoimento foi enviado para o delegado Valdinei Soares, de Tarauacá. Ainda no depoimento, a mãe alegou que só soube dos supostos abusos do pai quando a filha de 12 anos foi morar com ela.

"Pelo termo de declaração, os dois suspeitos são o vizinho e o pai, por essa situação. Ela teria perguntado para a filha grávida [se o pai abusava dela] e sempre balançava a cabeça que não. Mas, o fato estranho é que [o pai] sempre dormia com ela na mesma cama", frisou o delegado.

Os pais das meninas estavam separados há nove anos, segundo a polícia. Ela revelou também que, quando saiu de casa, combinou com o ex-companheiro de levar apenas o filho do casal e deixar as duas meninas com o pai.

"Foi embora para o Jordão com o outro filho que teve com ele. Não disse porque deixou as meninas com o pai, só que levou o filho", acrescentou.

Vizinho suspeito
A menina falou para a mãe também que a irmã grávida costumava frequentar a casa da família do vizinho suspeito.
O rapaz foi preso preventivamente pelo caso, mas a Justiça acatou um pedido de revogação de prisão da Polícia Civil e ele aguarda a conclusão do processo em liberdade. O suspeito deixou a prisão na sexta-feira (17).

"Segundo contou para a mãe, a irmã costumava ir na casa da mãe do vizinho e levar roupas, e voltava tomada banho de lá. O processo vai ficar parado até o nascimento da criança. Foi colhido o sangue dos dois suspeitos para o exame de DNA. Não tem nada que possa ser feito até o nascimento da criança", complementou o delegado.

Soares acrescentou ainda que a criança de 12 anos deve ser ouvida na delegacia do Jordão nos próximos dias. "Ela entrou em desespero quando soube da morte do pai e foi marcada outra data para ser ouvida", concluiu.


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