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Farinha de Cruzeiro do Sul terá adição de gengibre e buriti no Juruá

Pesquisa da Embrapa Acre busca melhorar qualidade nutricional do produto e valor de mercado
TIÃO MAIA, PARA O CONTILNET
A adição de gengibre e buriti à tradicional farinha de mandioca, para aumentar o valor nutricional, melhoria no paladar e em valores de mercado, está sendo pesquisada no Acre a partir de casas de farinha de Cruzeiro do Sul, no Vale do Juruá. Nos dias 10 e 14 de fevereiro, pesquisadores da Embrapa Acre realizaram atividades neste sentido na região como parte de um trabalho de pesquisa iniciado em 2019.
A assessoria de imprensa da Embrapa informou no Portal da empresa, que trata-se do projeto “Agregação de valor. e qualidade aos produtos derivados da mandioca”, integrante do projeto MANDIOTec, desenvolvido no âmbito do Fundo Amazônia, com foco no fortalecimento da cadeia produtiva da mandioca. O projeto visa desenvolver e validar tecnologias para agregar valor a produtos derivados da mandioca, principalmente as farinhas temperadas com matérias-primas regionais como gengibre e buriti.
Pesquisadora Jona Souza/Foto: Reprodução
De acordo com as pesquisas, essas misturas contribuem para tornar a farinha de mandioca mais nutritiva, sem alterar o sabor e qualidade do alimento, e podem melhorar a competitividade comercial do produto, além de representar uma nova alternativa de geração de renda para as famílias rurais. A farinha de mandioca temperada com gengibre foi desenvolvida durante o Projeto Farinhava, executado pela Embrapa com recursos da Financiadora de Projetos (Finep) e parceria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/AC), já finalizado.
O produto teve boa aceitação nos testes sensoriais realizados com consumidores, entretanto, carece de avaliações econômicas em unidade agroindustrial para determinação dos custos de produção. Com o novo projeto, a continuidade desse trabalho tem a parceria de uma agroindústria familiar rural do município de Cruzeiro do Sul. “É importante a participação direta de quem vai produzir o alimento e colocar no mercado, para garantir eficiência no processo produtivo, o cumprimento dos critérios de qualidade e segurança alimentar para o consumidor”, diz a pesquisadora Joana Souza, uma das responsáveis pelos estudos.
Já a farinha aditivada com buriti, fruta abundante na região do Juruá e rica em betacaroteno, passa a ser fonte natural de vitamina A, considerada essencial para a saúde humana, especialmente para os olhos. A fruta também é fonte de minerais como ferro e cálcio, mas ainda é pouco explorada como produto extrativista. A pesquisadora Joana Souza informou que a adição da polpa de buriti à farinha de mandioca representa uma excelente alternativa para agregar valor nutricional a esse alimento e poderá contribuir para melhorar a qualidade da dieta da população. “Além disso, visa fortalecer a farinha de Cruzeiro do Sul como produto comercial, atribuindo o status de farinha enriquecida com beta caroteno”, ressalta.
O pesquisador Marcus Arthur Vasconcelos informou que são utilizados diferentes percentuais de polpa de buriti e as farinhas temperadas são analisadas quanto à composição adequada para a mistura e características físico-químicas, para identificação de teores de fibra e betacaroteno, cor e sabor do alimento.
O projeto busca investir na melhoria do processo de produção em casas de farinha do Juruá, por meio de ações de transferência de tecnologias. Entre as capacitações realizadas em 2019 estão quatro cursos para multiplicadores em Boas Práticas de Fabricação de farinha de mandioca, oferecidos nos municípios de Porto Walter, Marechal Thaumaturgo, Mâncio Lima e Cruzeiro do Sul. Além disso, a Embrapa auxilia o processo de adequação das estruturas de processamento, tanto em relação ao espaço físico como aos equipamentos utilizados nas casas de farinha. As atividades buscam fortalecer a produção no Juruá e contribuir para consolidar a Indicação Geográfica (IG) da farinha da região, conhecida no mercado com a denominação farinha de Cruzeiro do Sul.
O selo de IG, conquistado em 2017, na modalidade Indicação de Procedência, foi concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPE) em função da comprovada notoriedade e modo artesanal de fabricação do produto. O processo durou mais de dez anos e teve o protagonismo de produtores rurais da região e apoio de instituições de pesquisa e fomento à produção, entre elas a Embrapa e Sebrae.

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