Bebê que nasceu após parto induzido de grávida em coma em UTI no AC não resiste
Pai contou que bebê nasceu vivo, mas teve uma parada cardíaca e ainda foi reanimado por quase uma hora. Grávida segue entubada e ainda não sabe que filho morreu.
O bebê da acadêmica de psicologia Patydan Castro, de 34 anos,
que veio ao mundo com a mãe em coma por
meio de um parto induzido não resistiu e morreu nesta
segunda-feira (15) na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do pronto-socorro de
Rio Branco.
A paciente, que
estava no sexto mês de gravidez e com Covid-19, está internada há 10 dias na
UTI e a medida foi tomada para não colocar em risco a vida da mãe e do bebê.
Segundo o marido dela, o médico Raimundo Castro, o bebê nasceu vivo, mas, em
seguida teve uma parada cardíaca e chegou a ser reanimado por quase uma hora
pela equipe médica.
“Ele nasceu 22h10,
foram cerca de dez horas após a medicação, foi feito bem tranquilo para não
maltratar também a mãe. Ela não suportava a cesárea. Nasceu vivo, foi reanimado
por bastante tempo, fizeram de tudo. Mas foi feita a vontade de Deus, agora eu
tenho um anjinho do lado dela, um anjo da guarda”, disse o pai.
Patydan está
internada há 20 dias com a doença no pronto-socorro de Rio Branco.
Inicialmente, ela ficou na enfermaria de emergência e depois foi levada para a
UTI da unidade. Há oito dias, ela está entubada.
Após o parto induzido, a paciente
chegou a ficar em um estado clínico mais crítico, mas, segundo o marido, nesta
terça-feira (16), ela está estável. Ela ainda não sabe da perda do bebê.
“Continua entubada, mas estabilizou
tudo e hoje vai sair o resultado das culturas, vamos saber quais bactérias
estão dentro do pulmão. Ela não sabe o que aconteceu, a sedação foi bem
profunda. Ela ainda não tem estrutura para sair do ventilador, mas Deus é
grande e até sábado [20] ela vai sair”, afirmou Castro.
Quem também não recebeu a notícia foi
a filha do casal de apenas 4 anos. O médico contou que a irmã estava ansiosa
para conhecer o bebê, que seria o seu amigo para brincadeiras.
“Não estou bem, é muito trauma, mas
sou um homem que tem muita fé em Deus, não recuo não. Agora tem ela, tem minha
filha em casa que precisa de mim. Minha filha estava sonhando com o irmão, que
ia ser o amiguinho dela, ficava todo tempo falando. Nem a mãe sabe, a gente vai
contar para a Pathy só quando ela tiver em casa e bem estável. Ela sonhava todo
dia com ele, mas Deus vai confortar”, disse o marido.
Medo de pegar a
doença
Por conta da profissão do marido, a
acadêmica redobrou os cuidados na gravidez. O médico conta que nem estava
dormindo em casa para evitar a contaminação.
Ele também pegou a Covid-19, mas diz
que a mulher teria contraído a doença de uma secretária que continuava
trabalhando na casa da família durante a quarentena.
“Eu estava em um hotel e quem estava
em casa ajudando minha esposa era a secretária. Ela pegou a Covid-19 e com
quatro dias depois a minha esposa pegou também. Desde quando tudo começou, em
março, ela ficou muito assustada e se isolou no quarto, com muito medo de pegar
por conta do bebê que a gente planejou, ela estava se cuidando muito. Mas,
infelizmente, essa doença é assim. Agora temos que buscar forças em Deus”,
contou.
Na última sexta-feira (12), o médico
foi para frente do pronto-socorro e fez uma oração pedindo pela vida da mulher.
“Acredito em Deus, fiz essa oração não só para ela, mas para todo o hospital,
todos que estão nessa luta, a gente está numa guerra”, lamentou.
O marido chegou a fazer uma campanha
pedindo a doação de plasma de pessoas que tiveram a Covid-19 e já são
consideradas curadas para ajudar no tratamento da mulher. Se trata de um
tratamento experimental em pacientes internados com a doença.