Deputados negociam 'urgência urgentíssima' para fim de 14º e 15º
Projeto aprovado em maio no Senado está parado em comissão da Câmara.
Presidente quer assinaturas para colocar proposta na pauta de votações..
Líderes das bancadas partidárias na Câmara negociam um acordo para
colocar em votação, em caráter de "urgência urgentíssima", o projeto
aprovado em maio de 2012 pelo Senado que determina o fim dos 14º e 15º
salários pagos todos os anos aos senadores e deputados federais. Desde
que o Senado aprovou, a proposta está parada na Comissão de Finanças da
Câmara.
O G1 ouviu 12 dos 24 partidos com representação na
Câmara sobre o assunto. Das legendas consultadas, sete disseram que já
fecharam questão a favor da extinção do benefício e apoiam o uso do
caráter de urgência para apreciá-la: DEM, PC do B, PPS, PSB, PSDB, PSOL e PV. Juntas, essas siglas possuem 140 dos 512 deputados da Casa.
Já os líderes de PT, PMDB, PSD, PTB
e PP, algumas das legendas mais numerosas da Câmara, informaram que
suas bancadas ainda não discutiram o tema. Esses partidos somados reúnem
273 parlamentares.
Na última terça-feira (19), durante reunião com as lideranças dos partidos, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN)
pediu que todos os líderes consultassem suas bancadas sobre o assunto e
trouxessem as posições dos parlamentares no próximo encontro do
colegiado, nesta terça (26), segundo informou a assessoria do deputado.
De acordo com assessores de Henrique Alves, o peemedebista estuda
recolher assinaturas dos líderes para que a proposta aprovada no ano
passado pelos senadores entre na pauta de votações da Câmara em caráter
de “urgência urgentíssima”. Com esse carimbo, o projeto ficaria
dispensado de tramitar na comissão de Finanças e Tributação e na de
Constituição e Justiça (CCJ).
Maior partido da Casa, com 88 deputados, o PT
é uma das siglas que ainda está indefinida sobre o fim do salário extra
pago aos parlamentares nos meses de dezembro e fevereiro a título de
ajuda de custo.
O vencimento mensal de deputados e senadores, sem contar benefícios
como plano de saúde, passagens áreas e cota para gastos de gabinete (que
cobre telefone, correspondências, transporte e outros itens) é de R$
26.723,13. Somados, os dois subsídios adicionais acrescem R$ 53.446,26
aos contracheques dos parlamentares.
Um dos vice-líderes do Partido dos Trabalhadores, o deputado Elvino Bohn
Gass (RS) defende que seja decretado o fim do 14º e do 15º. Antes mesmo
de a Câmara aprovar o projeto, o parlamentar petista já abriu mão,
voluntariamente, dos salários adicionais.
“Eu devolvo os 14º e o 15º salários. Não estou recebendo. Sou contra
esse benefício e defenderei que acabe. Como o PT do Senado já votou pelo
fim desse auxílio, acredito que também defenderemos seu fim”, disse
Bohn Gass.
À frente da segunda maior bancada da Câmara, o líder do PMDB, Eduardo
Cunha (RJ), não quis revelar sua posição sobre o assunto. Como os
peemedebistas ainda não debateram o projeto, Cunha diz que sua opinião
pessoal sobre o tema poderia ser interpretada como a posição da bancada.
O líder peemedebista afirmou que o partido irá discutir a proposta
nesta semana.
O único líder da Câmara ouvido pelo G1 que sinalizou
resistência à aprovação do projeto foi o deputado Jovair Arantes
(PTB-GO). Ainda que o PTB não tenha se posicionado oficialmente sobre a
matéria, ele disse que integrantes da sigla não veem com “simpatia” a
proposta.
“Ninguém é simpático ao fim de direitos. É aquela velha história que
dizia que reforma agrária é muito boa no terreno dos outros”, afirmou.
Segundo Arantes, os petebistas devem debater o assunto somente na
próxima quarta (27), um dia após o prazo concedido pelo presidente da
Casa para que os líderes se manifestem sobre o projeto.
G1
