Depois da TelexFree, mais sete empresas são investigadas por suspeita de pirâmide
As sete empresas são alvo de algum tipo de processo investigativo por iniciado por ministérios públicos estaduais
Além da Telexfree, sete outras empresas
estão sob investigação por suspeita de serem utilizadas para montar
pirâmides financeiras. A informação é de Murilo de Moraes e Miranda,
presidente da Associação do Ministério Público do Consumidor (MPCON). O
promotor não quis conceder entrevista nem adiantar o nome das
investigadas. Os dados foram passados à reportagem reportagem pela
assessoria do Ministério Público de Goiás MP-GO, onde Miranda atua.
As sete empresas são alvo de algum tipo
de processo investigativo – como inquéritos civis e procedimentos
administrativos – por iniciado por ministérios públicos estaduais,
Ministério Público Federal ou polícias civis e federal. A lista pode
aumentar pois todos os negócios com características semelhantes serão
alvo de atenção.
O diretor do Departamento de Proteção e
Defesa do Consumidor (DPDC) do Ministério da Justiça, Amaury Martins de
Oliva, fala em uma “febre” de modelos de negócios com indícios de
pirâmide financeira.
Até hoje, o órgão só abriu processo
administrativo para investigar a conduta da Telexfree . Mas, segundo
Oliva, questionamentos sobre outras empresas já chegaram ao Sistema
Nacional de Defesa do Consumidor (Senacon), que reúne os Procons e
promotorias do consumidor de todo o País.
“A gente conversa com parceiros e há
parceiros investigando outros casos. Parece que virou um pouco uma
febre, não é? Surgiram várias empresas com indícios de prática de
pirâmide”, diz o diretor ao iG . “Temos quatro reuniões [ do Senacon ]
por ano e esse [ pirâmides ] é um motivo de preocupação justamente pelo
risco que causa ao consumidor, que entra de boa fé mas corre o risco de
perder todo o valor [ investido ].”
A preocupação vai além do Ministério da
Justiça. No último dia 20, a Secretaria de Acompanhamento Econômico
(Seae) divulgou uma nota técnica sobre pirâmides e outros golpes
financeiros.
Pirâmide versus marketing multinível
O DPDC também elabora um documento para
ajudar os órgãos que atuam na defesa do consumidor a identificar esse
tipo de crime. O objetivo é evitar que a população entre nesses esquemas
pois, embora a lei proteja quem aderiu de boa fé, pode ser difícil
reaver as verbas investidas num esquema fraudulento.
“A grande preocupação é antecipar-se ao
momento em que a pirâmide quebra, porque daí o dano já está causado,
milhares de consumidores já tiveram prejuízo e é difícil ter ação para
proteger esses consumidores. Então essa é uma ação preventiva”, diz
Oliva.
Uma das preocupações da orientação será
tornar clara a diferença entre pirâmides financeiras, ilegais, e redes
de marketing multinível (MMN), um modelo legal de varejo em que os
comerciantes ganham bônus por vendas realizadas por outros comerciantes
que atraem para o negócio.
Uma diferença fundamental entre as duas
práticas é que, enquanto no MMN a maior parte do faturamento vem da
venda de produtos ou serviços, as pirâmides são sustentadas pelas taxas
de adesão pagas por quem entra no sistema. Assim, seria necessário uma
população infinita para que o negócio fosse continuamente viável e
lucrativo.
‘Regulamentação é suficiente’
A Telexfree, por exemplo, afirma vender
pacotes de telefonia por internet via MNN. Mas, para o Ministério
Público do Acre (MP-AC) e para a Secretaria de Acompanhamento Econômico
(Seae), a empresa na verdade depende sobretudo dos pagamentos efetuados
pelos novos divulgadores para entrar no sistema.
“Antes de ser de marketing multinível,
uma empresa tem de ser de venda direta. E, para ser de venda direta, o
ganho tem de ser focado nos produtos comercializados”, diz a
diretora-executiva da Associação Brasileira de Empresas de Vendas
Diretas (ABEVD), Roberta Kuruzu
Depois da decisão que suspendeu os
pagamentos e a entrada de novos divulgadores na Telexfree, as consultas à
ABEVD sobre outras empresas semelhantes aumentaram. A Telexfree não é
filiada à associação.
“Temos acompanhado inúmeras consultas
que a gente recebe de consumidores que estão sendo prospectados [ para
entrar nas redes ]“, diz Roberta.
A lei normalmente utilizada pela Justiça
para criminalizar as pirâmides financeiras é de 1951. Não há uma
legislação federal específica sobre marketing multinível. Segundo Oliva,
diretor do DPDC, não há expectativa de criação de novas regras para o
setor.
“De nossa parte não temos trabalhado em
nenhuma medida regulatória. Acho que esses conceitos [marketing
multinível ] são bem definidos, bem distintos [ da pirâmide ]”, diz.
Para Roberta, da ABEVD, as regras atuais são suficientes.
“Temos o nosso código de ética que
regulamenta as relações das empresas com os revendedores e dos
revendedores com os consumidores”, afirma a diretora-executiva. “[
Marketing multinível ] é venda de produtos ou serviços por meio de
profissionais autônomos, e não a simples prospecção de pessoas que pagam
a taxa de adesão com valores exorbitantes.”
http://www.oriobranco.net/component/content/article/29-destaque/32361-depois-da-telexfree-mais-sete-empresas-sao-investigadas-por-suspeita-de-piramide.html
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