Especialistas explicam casos de chinês com nariz na testa e brasileiro com orelha no braço
Um chinês com um nariz na
testa. Um brasileiro com uma orelha no braço. Parece história de
cientista maluco, uma coisa meio Frankenstein. Mas é medicina séria.
O Fantástico conversou com cirurgiões plásticos sobre essa técnica esquisita e eles contaram que ela é mais antiga do que a gente pensava.
A imagem do chinês Xiaolian, de 22 anos, correu o mundo esta semana.
Tudo por causa de um pequeno detalhe: um nariz num lugar um tanto quanto
inusitado.
Segundo os médicos, foi necessário reconstituir o nariz do jovem depois de um acidente de carro.
Apesar de estranha, essa técnica é antiga. O doutor Luis Carlos Ishida,
do Hospital das Clínicas de São Paulo, vai explicar pra gente.
“Essa história vai longe. Mais precisamente, há seiscentos anos antes
de Cristo existe um médico hindu que já fazia esse tipo de cirurgia. E
ele descreveu essa cirurgia, tal qual foi mostrado pelo médico. Esse é o
conhecimento médico cirúrgico, que vem sendo transferido de geração a
geração, há mais tempo na medicina. Ele é utilizado hoje em dia
rotineiramente por todos os cirurgiões plásticos e ensinado pros
residentes”, diz o médico.
O primeiro médico a fazer essa cirurgia no Brasil foi o doutor Julio Morais, também do HC de São Paulo.
O Fantástico conversou com ele em Lisboa. O cirurgião conta que esse tipo de operação é comum por aqui.
“É uma alternativa que é usada em vários pontos do Brasil. E com
resultado extremamente gratificante, tanto do ponto de vista de função
quanto de qualidade de reparação”, disse o cirurgião plástico.
E não é só o nariz que pode mudar de lugar. No caso de um brasileiro, uma nova orelha foi construída na pele do braço.
“Essa cirurgia foi feita no Brasil praticamente 30 anos atrás, foi uma
das primeiras que nós tivemos a oportunidade de fazer. Essa forma de
reconstrução é mais complexa que a anterior, do nariz, pelo fato de que
isso aqui é uma reconstrução de orelha que foi feita no antebraço, e
isso vai ser transferido para a posição original da orelha. E esse
tecido é totalmente transplantado para cá. E ele tem uma audição
normal”, destaca.
E no caso do paciente lá na China? O Xiaolin vai ter uma vida normal?
“Esse tipo de procedimento tem uma grande possibilidade de um resultado
muito bom. Realmente as reconstruções de nariz particularmente ou de
diversas áreas da face, inclusive de orelha, na imensa maioria das vezes
o resultado é muito próximo do normal”, afirma.
“Ele vai ter algumas marcas na região de onde se removeu esta pele. E
duas cicatrizes laterais na porção lateral do nariz. Mas essas
cicatrizes são habitualmente de boa qualidade e camufladas pelas
próprias dobras naturais da pele. Uma vida absolutamente normal com essa
reconstrução”, disse.
G1