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Exclusão e miséria: mulher vive em lixão há dois anos

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A história de uma Francisca que decidiu fugir da fome
Francisca de Sousa Bruno, carinhosamente chamada de “Rainha da Sucata”, tem 39 anos de idade. As marcas no rosto apontam ser mais velha: marcas de uma rotina subumana no lixão de Plácido de Castro, interior do Acre.
Os números denunciam um cenário de exclusão transmitida de geração a geração e evidenciam que as políticas públicas, na vida dessa acriana, tiveram pouca eficácia: mãe de quatro filhos, já tem cinco netos.
Na “casa” improvisada, feita de papelão, alguma madeira e plástico, ela se protege da chuva. “Do Sol, não se precisa de proteção”, relata. E nem daria para se proteger do sol no barraco. O cheiro é insuportável no ambiente e ficar dentro do barraco no calor não seria possível. “Não posso perder tempo. Enquanto tem luz, tem trabalho”, ensina.
O lixão fica localizado na estrada AC-475. Integra a cidade de Plácido de Castro a Acrelândia. A região é uma das mais estruturadas do setor agrícola. A rodovia foi batizada de Estrada do Agricultor. Mas, às margens da rodovia, a agricultura do Acre se apresenta excludente.
A vida de Francisca de Sousa Bruno, por si, já é uma denúncia disso. Nada mais emblemático da falência das políticas públicas quanto a camiseta que vestia quando a reportagem d’A Gazeta.Net chegou ao local: “Programa Mais Educação”, estava escrito. Na mão, ao invés de instrumentos de estudo, luva e um saco onde ia acomodando o que considerava de valor para ser vendido.
A casa que possui em Plácido fica longe do lixão (cerca de 8 quilômetros). “O jeito foi ficar por aqui mesmo. Se não tem trabalho por lá... a gente vai se virando como pode”.
A noite vai chegando e com ela a sensação de solidão. O escuro parece mais opressivo dentro de um lixão. Ela se acomoda no barraco. “Quando anoitece, minhas únicas companhias são meu rádio e Deus”, consola-se Francisca.
Com o lixo, ela consegue uma renda de R$ 400 a R$ 500. No barraco, já se ajeitando para descansar após o dia de trabalho. Com olhar fixo confessa. “Meu maior sonho é ter uma casa própria”. Junto com Francisca, há outros companheiros de trabalho. O espírito de cooperativismo está naturalmente presente: quando recebe do atravessador divide o dinheiro com, eles.
http://www.agazeta.net/cotidiano/10125-exclusao-e-miseria-mulher-vive-em-lixao-ha-dois-anos

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