Polícia Federal investiga irregularidades no Seguro Defeso no Acre
Até contabilista e pastores recebiam benefício no Acre
Milhares de pescadores que contavam com o dinheiro do Seguro Defeso vão ter que voltar aos rios para garantir a renda da família. O Governo Federal suspendeu os pagamentos do benefício pelos próximos três meses.
O corte também vai ressuscitar uma denúncia do “derramamento de carteiras” realizado ano passado quando o Acre ganhou quase 7 mil novos pescadores.
Quando chega a época de desova dos peixes, o governo repassa um salário mínimo para que os pescadores possam ficar longe dos rios nesse período e não comprometam a renda da família e o equilíbrio biológico dos rios.
Só que irregularidades na emissão das carteiras, associada ao ambiente de crise (em todo país, o custo com o Seguro Defeso ultrapassa R$ 3 bilhões por ano) levaram a presidente Dilma Rousseff, a pedir a suspensão do benefício e o recadastramento dos pescadores.
Segundo o superintende da Pesca no Acre, Samir Pinheiro, a Polícia Federal começou a investigar os casos onde apareceram denúncias. O Ministério da Pesca até disponibilizou uma linha telefônica no número 061-2033670, para que as pessoas posam denunciar quem recebeu a carteira de pescador e não exerce a atividade.
Muitas pessoas com medo de serem processados e condenadas a devolver o dinheiro estão procurando a superintendência para devolver a carteira de pescador.
Em grandes armários, estão armazenados os documentos de quase 16 mil pescadores registrados no Acre. E, em pastas separadas, os dados de quem está devolvendo a carteira ou foi descoberto que não é pescador.
Nos arquivos, estão pastores protestantes (evangélicos), criadores de peixes ornamentais, produtores rurais que trabalham com peixes em açudes e até um contador foi flagrado com carteira de pescador. Todos receberam no ano passado os quatro meses de seguro defeso.
Segundo o superintendente, por causa das irregularidades, os verdadeiros pescadores vão ficar sem o benefício esse ano. “O Governo Federal vai estender por mais três meses a suspensão até que tenhamos concluído o recadastramento e mostre quem realmente são os verdadeiros pescadores”, disse.
Em alguns municípios, o número de pescadores assusta. O Rio Acre, em Assis Brasil, não conseguia manter 80 pescadores. No ano passado, esse número aumentou para 520 registros.
Em Mâncio Lima, tem 2,8 mil pessoas com carteira. É como se 15% da cidade pescasse e sobrevivesse da atividade. No isolado município de Marechal Thaumaturgo, o índice é quase o mesmo, são 1,6 mil pescadores.
A investigação da Polícia Federal pode levar muita gente a devolver o dinheiro recebido de forma ilegal e responsabilizar os servidores que liberaram a carteiras. Denúncias apontam até o envolvimento de políticos que se beneficiaram com o esquema.
http://www.agazeta.net/policia/10598-policia-federal-investiga-irregularidades-no-seguro-defeso