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Senepol, uma nova raça de gado de elite começa a chegar ao Acre

O Senepol tem várias vantagens sobre as outras raças de elite: precocidade, peso, textura da carne e resistência ao calor e aos insetos, garante o especialista na raça, Neto Garcia (abaixo) – Fotos: cedidas

Criadores exibem documentários sobre os animais e mostram as vantagens de criá-los numa região tropical

Tião Maia
Para um Estado que até cerca de três ou quatro décadas atrás vivia uma espécie de corrida da carne bovina, o que era capaz de causar filas em frente aos açougues e abatedouros da Capital e municípios do interior, o Acre viveu ontem uma festa bem diferente daqueles tempos. “Eu me lembro muito bem que a gente tinha que ser amigo do açougueiro ou então ficar de plantão se quisesse comprar um bom pedaço de carne”, conta o advogado Édson Carneiro, de 65 anos, acreano que viveu de perto aquele drama. “Comer filé, se se você fosse autoridade”, acrescenta.
Eram tempos em que o gado só chegava ao Acre graças ao pioneirismo ou à loucura mesmo de homens como o fazendeiro Amadeo Barbosa ou de José Guiomar Santos, este último então governador do território. O primeiro, de ascendência boliviana, tocava gado a pé ou a cavalo por estradas e varadouros, no meio da floresta, pela região do Abunã, da Bolívia até Rio Branco. Já o outro, nos anos 40, trazia gado para o Acre de Minas Gerais a bordo de avião, do tipo Hércules DC 3, com vários pousos e decolagens para o abastecimento da aeronave e para a ração dos animais, em vários dias de viagem. Isso não impedia que os animais chegassem ao destino esquálidos e subnutridos.
Mas o que aconteceu ontem à noite, em Rio Branco, foi uma amostra de que aquelas imagens e aqueles tempos fazem parte do passado. No anfiteatro da Federação da Agricultura do estado do Acre (Faeac), uma plateia de pelo menos 300 criadores de gado do Acre, entre grandes e pequenos, assistiram uma palestra sobre uma nova raça de gado que está sendo implantada no Brasil e que deverá ter o Acre como porta de entrada dos animais que devem fazer parte do rebanho nacional.
Trata-se da raça Senepol, um tipo de gado de corte e de leite, desenvolvido na Ilha Caribenha de St. Croix, atualmente território norte-americano, que é proveniente de cruzamentos entre o gado N’Dama, importados no final do século 19 do Senegal, e gado Red Poll, dos Estados Unidos. São animais que não possuem chifres, têm pelos curtos, de cor vermelha, preta ou marrom. 
“O Senepol combina características de tolerância ao calor e resistência a insetos do N’Dama com a natureza dócil, de boa carne e de alta produção de leite do Red Poll”, disse, durante uma palestra para os criadores acreanos, o médico veterinário Sebastião Neto Garcia, de 30 anos, provavelmente a maior autoridade na raça em todo o mundo. Neto Garcia revelou que manteve contato com a raça em 2007, durante estudos nos Estados Unidos. 
“Foi amor à primeira vista”, revela o criador, que convenceu seu pai, Paulo Edmundo Garcia e alguns de seus parceiros, como o advogado José Vasconcelos, a trazerem os animais para o Brasil. 
Hoje, o rebanho nacional consta de pelo menos 100 unidades, espalhados por todo o país, dos quais, apenas 35 pode-se afirmar que são cem por cento Senepol. É que, para chegar a um animal PO, puro sangue, são necessários pelo menos cinco gerações de cruzamentos com gado da raça Nelore, explica Neto Garcia.
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