Justiça mantém condenação e médicos devem pagar R$ 80 mil a pais de bebê que nasceu morto

A legando negligência e imprudência médica, a Justiça do
Acre condenou dois médicos a pagarem R$ 80 mil por danos morais aos pais de um
bebê que nasceu morto. A juíza relatora Olívia Ribeiro negou a apelação dos
profissionais e manteve a decisão da 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do
Acre (TJ-AC). O documento foi publicado no Diário Oficial da Justiça na
terça-feira (6).
A mãe, que estava no 8º mês de
gestação, foi diagnosticada com diabetes gestacional, além de ser hipertensa e
ter excesso de líquido amniótico. A juíza entendeu que ficou comprovado que oes
médicos sabiam das condições da paciente e não providenciaram outro atendimento
médico.
Ao G1, o advogado Miguel Ortiz, que representa a
médica que atendeu a mulher, informou que não houve negligência e que devem
recorrer da decisão. A reportagem não conseguiu contato com o representante do
outro médico condenado.
Ortiz diz que a paciente havia sido
atendida por um médico boliviano que não tinha cadastro do Conselho Regional de
Medicina do Acre (CRM-AC) e que, após detectar que a mãe era diabética e
enfrentava uma gravidez de alto risco, a encaminhou para outro profissional,
mas não entregou o prontuário médico dela. Dessa maneira, tiveram de fazer
outros exames antes de encaminhar a mãe para a maternidade em Rio Branco.
Ele afirma que somente no fim do
oitavo mês de gestação foram detectadas as condições da gravidez e que o médico
que fez a ultrassom na mãe alertou sobre o caso e mesmo assim ela não foi
encaminhada para Rio Branco pelo profissional que a acompanhava.
“A mãe relatou a médica que estava
bem, mas tinha ferimentos na barriga e não podia passar por uma cesárea devido
a diabetes. A mãe pediu outra ultrassom, pois não acreditava no exame. Foram
para a maternidade e devido a doença tiveram de aguardar o parto ocorrer e
infelizmente a criança nasceu morta”, relata.
O advogado Paulo Henrique Mazzali
representa os pais que ingressaram com a ação por danos morais. Segundo ele, a
decisão não é definitiva, pois ainda não transitou em julgado.
Porém, o casal não vai recorrer e
afirma que não queria o dinheiro e sim o reconhecimento de que houve
negligência médica. Mazzali diz ainda que a mãe enfrentou a depressão e foi
acusada de ser negligente com a gestação.
“A
dor da perda nunca vai ser paga. A prestação de serviço se deu em um órgão
público, seria mais fácil processar o Estado, mas escolheram entrar contra os
médicos que prestou um serviço de má qualidade. O valor do dano moral até pode
fazer diferença, mas o que ela buscava era a condenação dos médicos”, diz.