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Fundador da “Cinco Mil” denuncia abuso sexual, trabalho escravo e venda ilegal do Daime para a Europa

Emocionado, seu Geraldo teme ser assassinado/Foto: Folha do Acre
Membros da “Colônia Cinco Mil“, localizada no KM 4 da Estrada de Porto Acre, a AC-10, em Rio Branco, berço de uma das comunidades mais tradicionais do Santo Daime, o Centro Eclético da Fluente Luz Universal Raimundo Irineu Serra (CEFLURIS), denunciam tráfico de drogas, violência generalizada, abuso sexual infantil e trabalho escravo cometido dentro da comunidade.
Um dos fundadores da comunidade denuncia também a presença ilegal de estrangeiros dentro da comunidade, além da exportação do chá, considerado chá sacramental da Amazônia, para a países da Europa e Ásia.
Fundadores tradicionais da doutrina, discípulos de um dos líderes daimistas, Sebastião Mota de Melo, chamado de “Padrinho Sebastião”, denunciam ainda que o Daime está sendo comercializado ilegalmente, exportado em diversas formas, para diversos locais do mundo, principalmente para o continente Europeu. Membros antigos da comunidade afirmam que o uso do chá perdeu a finalidade religiosa e tem servido apenas para o enriquecimento de algumas lideranças do CEFLURIS.
Na última quarta-feira (1), a reportagem da Folha do Acre foi recebida em um pequeno quarto na periferia de Rio Branco por um dos fundadores da “Colônia Cinco Mil“, Geraldo Gosta, 70 anos, que convalescendo de uma doença, afirmou estar foragido após ter sofrido inúmeras ameaças feitas, segundo ele, por aqueles que controlam a colônia, parentes do fundador “Padrinho Sebastião”, após ele ter decidido romper com o silêncio a respeito dos crimes cometidos dentro da comunidade religiosa.
Geraldo da Costa afirma ter abandonado a casa dele após ter sido ameaçado de morte por denunciar desmandos e crimes cometidos dentro da “Cinco Mil“, como o contrabando do Santo Daime, que, segundo ele, é vendido por gordas quantias pagas em euros, consumo desenfreado de cocaína e outras drogas dentro da comunidade, além de trabalho escravo.
“Estou escondido aqui, foragido mesmo. Ou eu saía da minha casa ou me matariam lá mesmo por não aceitar tudo que está acontecendo. Eles estão vendendo o Daime por 400 euros o litro para a Espanha, Holanda, e Ásia. Estou doente, me sinto ameaçado e sem rumo”, afirma, mostrando o pequeno cubículo de condições precárias em que vive no Bairro da Base.
Geraldo denuncia venda ilegal de Daime para a Europa e Ásia/Foto: Folha do Acre
O idoso acusa Maurilho Reis Reis, líder da “Colônia Cinco Mil“, de o perseguir e o ameaçar de morte por ele não concordar com a falta de ética e desrespeito aos princípios religiosos adotados por “Padrinho Sebastião”. Ele afirma que está sendo perseguido também por possuir a maior plantação de Jagube, cipó usado na produção do Daime, da região e não permitir que ele seja usada pela forma que considera indevida.
“Eles querem o jagube e a rainha, a folha para fazer o Daime. Temo pela minha vida, pois aquilo lá tomou um rumo perigoso. Estou longe da minha casa e passando por tudo isso para salvar minha vida”, diz.
A reportagem da Folha do Acre entrou em contato com Maurilho Reis, através do telefone 3228 67-45, telefone deixado para ele no Juizado Especial Civil, mas ele não foi localizado. O jornal mantém espaço reservado para os devidos esclarecimento do líder da comunidade religiosa.
Um dos moradores da comunidade, Cleidimiar Alves, mostra a plantação da jagube do senhor Geraldo/Foto: Folha do Acre
Homens trabalham na produção do Santo Daime

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