Síntese de Indicadores Sociais expõe grau de exclusão
Desempenho do Acre desmonta discurso oficial
A Síntese dos Indicadores Sociais do Acre 2017, elaborada pelo IBGE, não deixa dúvidas: o Acre é o terceiro estado do país com maior concentração de pobreza (entendida como a proporção de pessoas residentes em domicílios particulares permanentes com rendimento domiciliar per capita inferior a US$ 5,5).
Com base nos dados da Pnad Contínua, a Síntese dos Indicadores contabiliza o estado do Maranhão (com 52,4%); Amazonas (49,2%); Acre (46,6%); Pará (45,6%) e Ceará (44,5%) como os campeões da pobreza no Brasil.
De uma forma geral, o Norte do país, com 43% da população vivendo na linha da pobreza, é demonstração evidente de que o Governo Federal não tem dimensão (nem aproximada) do que fazer para promoção do desenvolvimento na região.
As tentativas feitas, com atividades como industrialização focada em isenções como a Zona Franca, ou ações de incentivo à atividades econômicas concentradoras de renda (pecuária, mineração), não deram resultados satisfatórios ainda.
A Síntese de Indicadores Sociais desmonta o discurso oficial do Governo do Acre. O discurso oficial é o de que a agricultura e os projetos fomentados pelo Palácio Rio Branco constroem uma nova estrutura no setor rural na região.
Em áreas pontuais e específicas isso pode até ser verdade, mas se dilui quando se analisa o estado inteiro e não apenas as regiões com mais capital instalado, como o Vale do Acre, por exemplo. “Há baixo índice de ligação entre os setores econômicos”, afirma o doutor em Economia e professor da Universidade Federal do Acre, Rubicleis Gomes da Silva.
A ampliação da base produtiva tentada pelo Governo do Acre nos últimos sete anos é uma ação necessária, mas, no entanto, segundo os especialistas, sem observar o tempo da comunidade que é diferente do tempo político e do calendário eleitoral.
A lógica de “crescer com sustentabilidade”, obedecendo à realidade do agricultor acriano, não é observada por projetos vultosos como a Peixes da Amazônia e Dom Porquito, por exemplo. Para o Palácio Rio Branco, só serve se já nascer grande.
Qualquer crítica ou contestação é avaliada como “desonestidade intelectual” ou “pensar pequeno”. Nesse aspecto, o tempo da política, de fato, atropela o tempo comunitário.
Qualquer crítica ou contestação é avaliada como “desonestidade intelectual” ou “pensar pequeno”. Nesse aspecto, o tempo da política, de fato, atropela o tempo comunitário.
A assessoria do Governo do Acre foi acionada para que alguém contestasse os números apresentados pelo IBGE. Até a conclusão do texto, não houve retorno.
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