Mais de 8 mil cadastros do Bolsa Família são bloqueados no Acre após auditoria da CGU
Secretário diz que CGU fez avaliação de métodos usados pelo Ministério da Transparência e que procedimento é comum para verificar situação de famílias no estado. Dados foram divulgados na quinta (4).
Por Quésia Melo, G1 AC, Rio Branco
Após uma auditoria, 8.034 beneficiários do Programa Bolsa Família tiveram o benefício
bloqueado no Acre. A vistoria foi feita pelo Ministério da
Transparência e Controladoria-Geral do União (CGU) e divulgado na quinta-feira
(4) e o bloqueio e até cancelamento ocorreram após serem identificados indícios de inconsistência cadastral.
Ao G1, o coordenador estadual do Cadastro Único
e Programa Bolsa Família, Ilde de Paula, explicou que os os bloqueios não são
novidade e que anualmente o Ministério da Transparência encaminha essa lista
com o nome das famílias para que seja feita uma verificação dos dados.
Ele afirma que a CGU fez uma
avaliação do procedimento usado pelo Ministério para identificar esse tipo
inconsistência e recomenda o que o órgão deve fazer em relação a essas
famílias. O coordenador destacou ainda, que somente 1.198 famílias foram
apontadas como casos graves envolvendo fraudes, total de 1,4% da folha de
pagamento, segundo ele.
“O índice de casos graves foi o mais
baixo no Acre. Esse cruzamento é feito todo o ano. E, quando algum indício de
irregularidade é encontrado, o município é informado para que isso seja
confirmado ou não. O que a CGU fez a mais foi um cruzamento para detectar
anormalidades muito acentuadas. Nisso, detectou essas mais de 300 mil famílias
com fortes indícios que tenham fraudado dados no ato do cadastro”, destaca.
A CGU divulgou que cruzou dados de
diversos órgãos com os valores declarados pelos beneficiários no Cadastro Único
do Bolsa Família. Em todo a região Norte foram identificadas 138.429 que
recebiam o benefício do programa com indícios de erro.
Somente no Pará foram identificadas
64.365 famílias com situação irregular, no Amazonas foram 29.580, já em
Tocantins foram 15.724 beneficiários, em Rondônia o total chegou a 11.240, no
Amapá foram 4.821 e em Roraima 4.665.
A auditoria apontou ainda que na
região Norte cerca de 29 mil famílias podem ter fraudado a declaração de renda
no ato do cadastro. Se a irregularidade for comprovada, elas vão ter que
devolver o valor já recebido e passar um ano sem poder retornar ao programa.
O relatório, conforme a CGU, aponta que, em todo o
Brasil, quase 346 mil famílias teriam falsificado informações sobre a renda ao
se cadastraram no programa. Além disso, 297 mil teriam uma renda subdeclarada
entre meio ou até um salário mínimo. Outras 34,9 mil teriam renda de um ou até
mais de um salário mínimo.
“O que o Ministério nos passou é que
essas 1.198 famílias que foram encontradas nesse cruzamento são famílias que já
tiveram benefícios cancelados durante as averiguações feitas em 2017. E que
inclusive algumas delas já tiveram o cadastro excluído diretamente por Brasília.
Quem teve o benefício bloqueado pode nos procurar para averiguar se a pessoa
pode continuar recebendo ou não”, finaliza o coordenador.