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Quanto custa um deputado da base de apoio a Gladson Cameli? Há preços para todos os gostos

Que a política se transformou em um balcão de negócios não é mistério para ninguém, que deputados ‘vendem’ ou ‘alugam’ seus apoios também não é fato novo. Novidade no Acre foi a divulgação da lista dos 340 indicados por deputados a cargos em comissão que acabou revelando as vísceras de um poder onde cada deputado da base de apoio tem seu preço.
A tabela atualizada foi mostrada pelo governador Gladson Cameli (PP) quando exonerou os 340 comissionado (que estão longe de serem os 300 nobres guerreiros de Esparta). Você sabe quanto custa o apoio de cada deputado? Com o Diário Oficial na mão e calculadora na outra, é possível saber nos mínimos detalhes. Sabe-se até onde as amantes eram acomodadas, dada a gritaria e sucessão de desmaio depois das exonerações. Vergonha alheia geral!
eza a lenda da Constituição Federal que os poderes são independentes e harmônicos entre si, para que se evite usurpação de funções um do outro. Os poderes Executivo (Governo), Legislativo (Assembleia) e Judiciário devem ser independentes e harmônicos para garantir o sonhado sistema de freios e contrapesos.
Caso recente no Acre revelou à luz do dia as vísceras da velha política que não respeita a independência dos poderes e mostrou a tabela de valores de quanto custa cada deputado a ser comprado pelo Executivo para que votem seus projetos na Assembleia. Há os que são mais bem pagos, mantendo até 60 indicações no governo, como é o caso do recém-chegado Neném Almeida (Solidariedade) que tem entre suas indicações direções de autarquias, diretorias e chefias de departamento.
Em uma matemática não exata e nivelando por baixo, as indicações dos deputados custam em torno de R$ 300 mil por mês aos cofres públicos. Já existe um deputado não tão valorizado assim, o governo lhe deu alguns cargos em comissão de referência 1. Foi quase uma promoção o apoio dele.
Há outros deputados que também, mesmo em grandes reclamações, abocanharam gordos salários para seus parentes. José Bestene tem genro e nora no governo todos com salário acima de R$ 13 mil reias, e possui ainda um pequeno exército dentro da saúde. O apoio de um Bestene custa aos cofres públicos algo próximo dos R$ 100 mil pagos regimentalmente pelo governo aos seus indicados. Cada um da base tem seu valor escrito na testa agora. Basta somar suas indicações e os valores pagos a elas.
No meio da confusão das exonerações dos 340 não faltou cara de pau por parte de alguns e o deputado Cadmiel Bonfim (PSDB) se superou quando aproveitou para dizer que estava com sua tabela desatualizada.
“Eram poucos cargos e merecíamos mais”, disse sem o menor pudor na sessão da última quarta-feira. Foi de cair o queixo a naturalidade com que o deputado tucano falou sobre a venda de apoio político.
Até concordo com Elizeu Padilha, que em recente entrevista sobre apoio em troca de cargos, afirmou que sempre foi assim e todo mundo sabe. Verdade mesmo o que o velho Padilha disse. Acontece em todos os governos, em todos os níveis. É a velha política, suja, de mandatos alugados e que nunca estão a serviço do povo. Foi assim no governo de Orleir, Jorge, Binho, Tião e está sendo assim do novo Cameli, o Gladson. A única diferença é que antes as pessoas tinham mais receio de tratar sobre o caso que envolve falta de ética e de pudor. Mas agora com tantas edições extras do Diário Oficial ficou fácil montar a tabela de valores e saber quanto custa em reais cada apoio.
Um dos deputados mais gulosos dessa legislatura, o que tem 60 indicações no governo, esbravejou da tribuna da Assembleia.
“Voto como quero porque o mandato é meu”. Não, deputado. O senhor é só o mandatário, o mandato é do povo.
*Gina Menezes é jornalista, colunista política e sócia-fundadora do jornal Folha do Acre.

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