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Para celebrar os 58 anos de autonomia do Acre, G1 lista algumas personalidades do estado

Estado comemora, nesta segunda-feira (15), 58 anos de emancipação. Muitos acreanos foram fortes nomes na política, preservação e cultura no país.


Por Tácita Muniz, G1 AC — Rio Branco

Armando Nogueira na bancada do Jornal Nacional — Foto: Agência O Globo/TV Globo

Armando Nogueira na bancada do Jornal Nacional — Foto: Agência O Globo/TV Globo

Ser acreano é ouvir sempre a mesma pergunta: o Acre existe? Sim, o Acre não só existe como contribuiu bastante para a política e cultura no país com personalidades do estado que fizeram e fazem história. Nesta segunda-feira (15), quando o Acre comemora 58 anos de estado brasileiro, o G1 relembra alguns acreanos que contribuíram para o país.

Armando Nogueira

Como é o caso do jornalista e comentarista esportivo Armando Nogueira, que morreu em 2010. Acreano, ele foi embora do estado aos 17 anos para o Rio de Janeiro, onde se formou em direito. A carreira de jornalista começou em 1950 no jornal Diário Carioca, onde foi repórter, redator e colunista. Ao longo dos 60 anos de carreira, passou também pela Revista Manchete, O Cruzeiro e Jornal do Brasil.

Escreveu textos para o filme "Pelé Eterno" (2004) e é autor de dez livros, todos sobre esporte: Drama e Glória dos Bicampeões (em parceria com Araújo Neto); Na Grande Área; Bola na Rede; O Homem e a Bola; Bola de Cristal; O Vôo das Gazelas; A Copa que Ninguém Viu e a que Não Queremos Lembrar (em parceria com Jô Soares e Roberto Muylaert), O Canto dos Meus Amores; A Chama que não se Apaga, e A Ginga e o Jogo.

Considerado um ícone no jornalismo do Brasil, o acreano atualmente dá nome a uma escola em Rio Branco.

Considerado um ícone no jornalismo do Brasil, o acreano atualmente dá nome a uma escola em Rio Branco.

Enéas Carneiro

Enéas Carneiro (Prona) foi eleito deputado federal em 2002 com o maior número de votos   — Foto: Agência Estado

Enéas Carneiro (Prona) foi eleito deputado federal em 2002 com o maior número de votos — Foto: Agência Estado

O acreano Enéas Carneiro foi um dos políticos mais conhecidos do país. O bordão: “Meu nome é Enéas”, dito de forma incisiva era uma das marcas do político, que morreu em 2007 vencido pela leucemia.

Ele nasceu em novembro de 1938, em Rio Branco, no Acre. Fundador do Partido de Reedificação da Ordem Nacional (Prona), Enéas foi eleito deputado federal em 2002 com o maior número de votos da história: 1,5 milhão. Ele conseguiu a reeleição em 2006 e deveria ficar no cargo até 2010.

Enéas se formou em medicina em 1965 pela Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro e tinha mestrado em cardiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em 1989, ele concorreu pela primeira vez à presidência da República e conseguiu apenas 360.574 votos.

O político voltou a concorrer ao cargo em 1994 e 1998, quando obteve 4.671.457 e 1.447.090 votos, respectivamente. Na época, defendeu o rompimento do Brasil com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e criticou a globalização e as privatizações.

Em 2000, Enéas concorreu à Prefeitura de São Paulo, quando obteve apenas 3% dos votos válidos. Depois disso, decidiu concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados, quando obteve a maior votação da história.

 

Em 2003, viveu um dos períodos mais conturbados de sua carreira política. Ele teve seu sigilo bancário e fiscal quebrados por suspeitas de vendas de candidaturas nas chapas do Prona.

Em 2003, viveu um dos períodos mais conturbados de sua carreira política. Ele teve seu sigilo bancário e fiscal quebrados por suspeitas de vendas de candidaturas nas chapas do Prona.

Adib Jatene

Adib Jatene  foi um dos pioneiros da cirurgia do coração no Brasil e morreu em 2014 vítima de um infarto — Foto: Reprodução Globo News

Adib Jatene foi um dos pioneiros da cirurgia do coração no Brasil e morreu em 2014 vítima de um infarto — Foto: Reprodução Globo News

Outro acreano que também fez parte da política brasileira foi Adib Jatene. Além disso, o médico foi um dos pioneiros da cirurgia do coração no Brasil e morreu em 2014 vítima de um infarto. De Xarupi, Jatene era filho de um seringueiro libanês e de uma dona de armarinho.

Quando criança, a família se mudou para Uberaba, em Minas Gerais, e, depois, para São Paulo. Na capital paulista, estudou na Universidade de São Paulo (USP), formando-se aos 23 anos pela Faculdade de Medicina. Com mais de 20 mil cirurgias no currículo, se destacou também por ter sido o primeiro a realizar a cirurgia de ponte de safena no Brasil e por ter inventado aparelhos e equipamentos médicos.

Na política, apesar de não ter se filiado a partidos, atuou como secretário estadual da Saúde de São Paulo (1979-1982), no governo de Paulo Maluf, e duas vezes como ministro, na mesma área, nas gestões Fernando Collor (1992, por oito meses) e Fernando Henrique Cardoso (1995-1996, por 22 meses).

No governo de FHC, criou a Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira (CPMF), para ajudar a financiar a saúde brasileira, e deu continuidade ao projeto dos medicamentos genéricos e ao programa de combate à Aids. Foi membro da Academia Nacional de Medicina e autor e co-autor de cerca de 700 trabalhos científicos publicados na literatura nacional e internacional.

Chico Mendes

Chico Mendes, líder seringueiro e ambientalista que lutou pela preservação da floresta é mundialmente conhecido  — Foto: Reprodução

Chico Mendes, líder seringueiro e ambientalista que lutou pela preservação da floresta é mundialmente conhecido — Foto: Reprodução

É de Xapuri também o mais conhecido ativista ambiental, tanto no Brasil como fora dele: Chico Mendes. O líder seringueiro foi morto em 22 de dezembro de 1988, quando saía pela porta para tomar banho do lado de fora da casa dele. Chico Mendes levou tiros de escopeta de Darci Alves, a mando do pai, Darly Alves. Os dois foram condenados a 19 anos de prisão.

Hoje, o nome de Chico é uma das marcas mais fortes do estado, tendo organizações em sua homenagem. A casa onde morreu e viveu no interior do estado é um museu vivo de lembranças, onde muitas pessoas podem conhecer a história dele. Além disso, a reserva Extrativista Chico Mendes, é uma das maiores e leva o nome do líder seringueiro.

Marina Silva

Marina Silva foi alfabetizada aos 14 anos e até hoje levanta a bandeira do ambientalismo, luta que dividiu com Chico Mendes  — Foto: GloboNews

Marina Silva foi alfabetizada aos 14 anos e até hoje levanta a bandeira do ambientalismo, luta que dividiu com Chico Mendes — Foto: GloboNews

Da turma de Chico Mendes, Marina Silva nasceu em 1958 em uma colocação de seringa chamada Breu Velho, no Seringal Bagaço, a 70 quilômetros de Rio Branco. Ela é a segunda mais velha de uma família de oito filhos. Para ajudar a pagar uma dívida contraída pelo pai, Marina e as irmãs cortaram seringa, plantaram, caçaram, e pescaram.

Sem escola, aos 14 anos, aprendeu a ver as horas no relógio e a fazer as quatro operações básicas da matemática. Estudou no Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização), fez o curso de Educação Integrada, onde aprendeu a ler e a escrever, fez supletivo de 1º grau e de 2º grau.

Na juventude, sonhava em ser freira até começar a freqüentar reuniões das Comunidades Eclesiais de Base e aproximar-se de grupos de teatro amador. Foi aí que Marina ingressou na vida política, ainda não-partidária, dos movimentos sociais.

A vida política de Marina Silva começou em 1984, quando fundou a CUT no Acre, junto a Chico Mendes. Ele foi coordenador e ela vice. Participou das Comunidades Eclesiais de Base, de movimentos de bairro e do movimento dos seringueiros.

Marina filiou-se ao PT em 1985 e em 1986 candidatou-se a deputada federal. Em 1988, foi eleita vereadora. Em 1990, deputada estadual, com a maior votação do estado. Em fevereiro de 1995, iniciou seu primeiro mandato de senadora, aos 36 anos, pelo PT, como representante do Acre. Em 2002 foi reeleita.

Em 2003, Marina assumiu o cargo de ministra do Meio Ambiente primeira gestão do governo Lula. Ela foi convidada para continuar na equipe do segundo mandato, onde ficou até 2008. Em 2018 tentou ser presidente do Brasil.

Glória Perez

A autora Gloria Perez ficou no Acre até os 16 anos  — Foto: Reprodução/Facebook/Gloria Perez

A autora Gloria Perez ficou no Acre até os 16 anos — Foto: Reprodução/Facebook/Gloria Perez

No Acre, Glória Perez viveu até os 16 anos. Segundo o Memória Globo, ela nasceu no Rio de Janeiro em 1948, mas logo foi ao Acre, porque os pais eram de Rio Branco. Na adolescência se mudou com a família para Brasília, depois para São Paulo e, finalmente, para o Rio de Janeiro, onde se casou.

Começou sua carreira de autora na Globo em 1979, ao escrever a sinopse para um capítulo do seriado Malu Mulher. O episódio não chegou a ser gravado, mas, anos depois, chamou a atenção de Janete Clair, que convidou Gloria Perez para trabalhar como sua assistente na novela Eu Prometo (1983).

Estrelada por Francisco Cuoco, no papel do deputado Lucas Cantomaia, a novela abordava os bastidores da política nacional, e foi o último trabalho de Janete Clair. Com o afastamento da principal autora de telenovelas da Globo, que morreu no final daquele ano vítima de câncer, Gloria Perez teve que terminar de escrever sozinha a trama, sob a supervisão de Dias Gomes.

Mas, foi na minissérie Amazônia – De Galvez a Chico Mendes, de 2007, que ela levou a história do Acre para todo o Brasil. Esta foi a terceira minissérie escrita pela autora, que se baseou nas obras Terra Caída, de José Potyguara, e O Seringal, de Miguel Ferrante, para contar a conquista do Acre.

Com um grande elenco, que reunia nomes como José Wilker, Vera Fischer, entre muitos outros, Amazônia representou um marco na carreira da “acreana” Gloria Perez, abarcando um período de 100 anos da história recente brasileira. O Centro Quixadá, em Rio Branco, onde foram gravadas algumas cenas, virou ponto turístico na capital.

A escritora também dá nome a uma escola da capital.

 

João Donato

João Donato  é acreano e fez parceria com diversos artistas de renome em todo o país — Foto: Clever Barbosa/Divulgação

João Donato é acreano e fez parceria com diversos artistas de renome em todo o país — Foto: Clever Barbosa/Divulgação

Um dos músicos mais conhecidos do país também nasceu no estado acreano, mas especificamente em 17 de agosto de 1934 em Rio Branco. João Donato é é pianista, acordeonista, arranjador, cantor e compositor.

Apesar de fazer parte do movimento bossanovista, umas das principais características de Donato a musicalidade diferenciada e criativa, mesclando com a música brasileira os ritmos afro-cubanos e jazz. Entre as composições de músico estão 'Minha Saudade', 'Amazonas', 'Lugar Comum', 'Simples Carinho', 'Até Quem Sabe' e 'Nasci para Bailar'.

Fez parceria com diversos artistas de renome da MPB. No início deste ano, ao avaliar um show do artista, que hoje mora no Rio de Janeiro, o jornalista Mauro Ferreira destacou a criatividade e jovialidade do músico de 85 anos ao cantar ao lado de Tulipa Ruiz.

Em 2013, esteve em Rio Branco, onde nasceu, para comemorar os 80 anos com o show “Donato e a Bossa que vem do Acre”. Além disso, a Usina de Artes João Donato leva o nome do artista é ponto de encontro para quem quer aprender arte.

Todas as informações foram obtidas em obituários, matérias do G1 e Memória Globo.


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