Em Cruzeiro do Sul, manifestantes fecham ponte sobre o Rio Juruá em protesto contra o preço da gasolina
Grupo já tinha se reunido essa semana em frente ao Ministério Público do Acre (MP-AC) e depois fez uma carreata e buzinaço. Litro da gasolina custa ao menos R$ 5,70.
Por Alcinete Gadelha e Janine Brasil, G1 e Bom Dia Amazônia Acre — Rio Branco
Pela segunda vez esta semana, um
grupo se reuniu, na manhã desta quinta-feira (27), para protestar contra o
preço da gasolina em Cruzeiro do Sul, no interior do Acre. Dessa vez, os manifestantes
fecharam a ponte que fica sobre o Rio Juruá. O protesto é pacífico, mas a
Polícia Militar acompanha a manifestação.
O litro da gasolina em Cruzeiro do Sul
custa ao menos R$ 5,70 o que, segundo os motoristas de mototáxis e aplicativos,
acaba refletindo nos preços das corridas que ficam mais caras.
Após as manifestações, o Instituto de
Proteção e Defesa do Consumidor no Acre (Procon-AC) está indo nos postos para
verificar a situação.
Em nota, o Sindicato dos Postos de
Combustíveis do Acre (Sindepac) esclareceu que não interfere em preços
praticados pelos estabelecimentos do setor. Sobre o protesto, o órgão afirmou
que entende ser justo, mas garante que os postos têm sua autonomia de preço e
ficam reféns dos valores repassados pelas distribuidoras, devido sua nova
política. O Sindepac afirmou ainda que isso, inevitavelmente, reflete nos
postos e no consumidor final.
"Como é de conhecimento
público, os valores não são e nem podem ser tabelados, por isso há variações de
acordo com cada posto, inclusive entre as cidades. Deve ser levado em conta que
cada estabelecimento tem seu custo específico de funcionamento, como frete,
aluguel, energia e funcionários. Além disso, os preços dos combustíveis estão
mudando constantemente nas refinarias e distribuidoras".
Segunda manifestação
Um grupo de motoristas já tinha protestado nessa
segunda (24) por causa do aumento no preço da gasolina no município.
Mototaxistas e motoristas de aplicativos se reuniram em frente ao Ministério
Público Estadual (MP-AC) e depois saíram em carreata e fizeram um buzinaço.
Além disso, eles passaram por pelo menos três postos de gasolina e
abasteceram os veículos com valores de R$ 2 e pediram nota fiscal.
O mototaxista José Pereira esteve no protesto. Em entrevista à Rede
Amazônica Acre ele disse que atua na área há 10 anos e que a situação está
complicada.
“A corrida que nós fazíamos de R$ 6 a R$ 7 com o valor da gasolina que
aumentou para R$ 5,70, não tem como a gente manter mais essa corrida nesse
valor. Estamos aumentando para ver se a gente consegue sobreviver e manter
nossas conduções”, lamentou.
Comparação
Entre as reclamações está uma comparação do preço praticado da gasolina
no município de Guajará (AM), no Amazonas, por exemplo, que chega a R$ 4,80.
Sendo que o combustível vai da cidade de Cruzeiro do Sul para o município do
estado vizinho.
"Fica na cabeça da população aqui que vive nas ruas com suas motos
e carros e a situação da gasolina de Cruzeiro do Sul ser mais cara que a do
município do Amazonas, que é nosso vizinho, sendo que a gasolina sai daqui para
ser vendida lá", questiona o motorista de aplicativo Barton Eden.
Os manifestantes pediram providências ao MP e entregaram uma
representação para pedir ao órgão que avalie a situação e faça uma investigação
sobre a prática dos preços que eles consideram abusivos e alegam que só neste
ano foram pelo menos quatro aumentos no preço do combustível.
Eden afirmou ainda que o ajuste feito no preço é absurdo e eles querem uma redução. “A gente quer um ajuste que beneficie a população mas, principalmente para a gente que trabalha e está todos os dias nas ruas como motoristas de aplicativos”, disse.
Investigação
Em abril deste ano, o MP chegou a instaurar um inquérito civil para apurar denúncias de que postos em Cruzeiro do Sul não estariam repassando os descontos aos consumidores.
À época, o promotor
Iverson Bueno, em entrevista à Rede Amazônica, disse que foi expedida uma
recomendação para todos os postos, tanto para que os postos reduzissem os
preços, quanto para que justificassem as razões pelas quais ainda não havia
sido efetivada a redução.