Banco Central decide manter taxa de juros em 2% ao ano, menor patamar da história
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu manter a
taxa básica de juros da economia (Selic) em 2% ao ano, o menor patamar desde o
início da série histórica, em 1996. A decisão foi unânime e veio dentro do
esperado pelos analistas de mercado.
É a segunda reunião seguida sem mudanças na Selic. A manutenção dos
juros em níveis tão baixos acontece ainda na esteira das preocupações sobre os
efeitos do coronavírus no Brasil e no mundo.
O Copom não descartou voltar a cortar os juros em 2020, mas ponderou
que, “devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço
remanescente para utilização da política monetária, se houver, dever ser
pequeno”.
O atual patamar da Selic é considerado “adequado” pela autoridade
monetária, mas a incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia “permanece
acima da usual”.
“O risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balanço
de riscos, ou seja, com trajetórias para a inflação acima do projetado no
horizonte relevante para a política monetária”, alerta o Copom.
De 14,25% para 2% em 4 anos
Em outubro de 2016, o BC deu início a uma sequência de 12 cortes na
Selic. Neste período, a taxa de juros caiu de 14,25% ao ano para 6,5% ano. De
maio de 2018 até junho de 2019, a taxa foi mantida no mesmo patamar. Foram dez
encontros do Copom sem mudanças na Selic.
No final de julho do ano passado, porém, o Copom reduziu a Selic em 0,5
ponto percentual, para 6% ao ano. Em dezembro, a taxa já estava em 4,5% ao ano.
Em 2020, foram cinco cortes consecutivos: em fevereiro, de 4,5% para
4,25%; em março, para 3,75%; em maio, para 3%; em junho, para 2,25%; em agosto,
enfim, para 2% ao ano — patamar mantido na reunião seguinte, em setembro.
Juros ao consumidor são mais altos…
A Selic é a taxa básica da economia e serve de referência para outras
taxas de juros (financiamentos) e para remunerar investimentos corrigidos por
ela. Ela não representa exatamente os juros cobrados dos consumidores, que são
muito mais altos.
… E poupança rende menos
Com os juros baixos, a poupança rende menos devido a uma regra criada em
2012. Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a rentabilidade da poupança é
de 6,17% ao ano (0,5% ao mês) mais TR (Taxa Referencial). Porém, quando a Selic
é igual ou menor que 8,5%, a poupança passa a render 70% da Selic mais TR.
Juros x inflação
Os juros são usados pelo BC como uma ferramenta para tentar controlar a
inflação ou tentar estimular a economia. De modo geral, quando a inflação está
alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a cair.
Quando a inflação está baixa, o BC derruba os juros para estimular o consumo.
A meta é manter a inflação em 4% neste ano, mas há uma tolerância de 1,5
ponto para cima e para baixo, ou seja: pode variar entre 2,5% e 5,5%. No ano
passado, a inflação fechou em 4,31%, dentro da meta do governo para 2019.
O índice de setembro deste ano, o último divulgado pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), ficou em 0,64%, a maior para o mês em
17 anos.
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) acumulado em 2020 é de
1,34%; o dos últimos 12 meses, de 3,14%.
ac24horas