Em RO, começa triagem de cargas ao Acre após interdição da BR-364
O transporte de alimentos, remédios, gás e combustíveis serão priorizados .
Balsa fará desvio de 16 quilômetros para evitar longo trecho inundado.
A BR 364, sentido Porto Velho-Rio Branco (AC) terá seu ponto de interdição adiantado neste domingo (22). Uma triagem de cargas prioritárias com o destino ao estado vizinho mobilizará homens do Exército, da Força Nacional e Defesas Civis dos dois estados já no posto fiscal da Polícia Rodoviária Federal (PRF), no perímetro urbano da capital rondoniense. Um porto de atracamento de balsas, distante 150 quilômetros de Porto Velho, na comunidade de Palmeiral, ficaria pronto para operação “em questão de horas”, afirmou o superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit) em Rondônia, Fabiano Rocha.
As autoridades afirmam que o desvio será de 16 quilômetros e calculam que três balsas possam operar simultaneamente, mas com embarques, desembarque e transporte de cargas bastante limitados.
“Estimamos 4 mil toneladas passando ao dia, ou 20 caminhões a cada 12 horas, inclusive à noite”, disse o comandante do Corpo de Bombeiros de Rondônia e coordenador da Defesa Civil Estadual, coronel Lioberto Caetano. “A orientação é permitir a passagem de medicamentos, combustíveis, gás de cozinha e alimentos. Outras mercadorias, infelizmente, neste momento crítico de cheia, não serão autorizadas”, informou. As balsas utilizadas na travessia improvisada são as mesmas que operam sobre o Rio Abunã, a 230 quilômetros de Porto Velho. O tempo de entrega das mercadorias deve aumentar em 48 horas.
A alternativa foi acertada entre os governos de Rondônia e Acre, para evitar colapso no abastecimento de alimentos e combustíveis no estado vizinho. O percurso alternativo das embarcações faz um arco por entre vegetações submersas e copa de árvores para driblar o alagamento em cinco pontos da rodovia. Há trechos com 1,5 metro de água acima do asfalto, com crateras impossíveis de serem visualizadas. “Os danos só serão mensurados quando as águas baixarem”, comentou o superintendente do Dnit.
“É um momento difícil. Esse esforço é para não provocar desabastecimento total”, explicou o coronel Carlos Batista, da Defesa Civil do Acre, que acompanha as operações em Rondônia.
Há 15 dias o caminhoneiro Marcos Castro aguarda uma solução. Ele é o primeiro de uma longa fila à margem do trecho interditado. O veículo tem o motor ligado 24 horas para garantir a temperatura ideal das 27 toneladas de frios em geral que saíram de São Paulo com destino a Rio Branco. “Vou esperar. Voltar é que não vou”, disse. Há 22 carreteiros acostados com dezenas de toneladas de trigo, leite em pó, leite líquido, frango, frutas e verduras.
A BR 364 é afetada pelo transbordamento de pelo menos quatro afluentes do Rio Madeira, que, na manhã deste sábado (22), registrava a mesma cota do dia anterior: 19m39. O número de famílias fora de suas casas em Porto Velho e nos 11 distritos da capital saltou para 2.763, o equivalente a 13,5 mil pessoas desabrigadas e desalojadas, segundo informou a Sala de Gerenciamento de Crise.