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Após ação judicial, acreano formado na Bolívia entra no Mais Médicos

Alexandre Rebouças se apresenta na segunda-feira (6) em Acrelândia.
'Meu sentimento é de muita felicidade', revela médico rio-branquense.

Caio FulgêncioDo G1 AC
Formado na Bolívia, Alexandre Rebouças conseguiu na Justiça o direito de participar do Programa Mais Médicos (Foto: Iryá Rodrigues/G1)Formado na Bolívia, Alexandre Rebouças conseguiu na Justiça o direito de participar do Programa Mais Médicos (Foto: Iryá Rodrigues/G1)
Apesar da Bolívia não estar incluída no Mais Médicos, o acreano Alexandre Rebouças, natural de Rio Branco, formado em Santa Cruz, conseguiu na Justiça a possibilidade de se inscrever no programa e foi selecionado. Na segunda-feira (6), o médico deve se apresentar no município deAcrelândia, distante 105 km da capital acreana Rio Branco, onde vai trabalhar como clínico geral em um posto de saúde.
Os profissionais formados na Bolívia não podem se inscrever no Mais Médicos em virtude do país não possuir a relação médico por habitantes estabelecida pelo programa, conforme a portaria 1.369/2013 - de 1,8 médico por 1000 habitantes. A finalidade do requisito é garantir que países carentes na área não fiquem sem profissionais.
Segundo o advogado do médico, Antônio Costa, a restrição imposta pelo programa aos brasileiros formados nesses países fere o livre exercício profissional e o princípio da isonomia, argumentos utilizados no pedido de mandado de segurança. O jurista afirma que o caso é o primeiro do estado.
"O mandado de segurança atacou a ilegalidade dos editais. Então, buscamos desconstruir isso e obrigar as autoridades que impuseram a restrição, que fere princípios constitucionais. Os médicos brasileiros que se formam na Bolívia nem trabalham lá, eles buscam a regularização dos seus títulos no Brasil", diz o advogado.
A sentença, proferida em abril deste ano, é assinada pelo juiz federal da 4ª Vara do Distrito Federal, Itagiba Catta. Segundo o documento, o magistrado levou em consideração que o médico brasileiro não residia na Bolívia, portanto, já não estaria incluído numa possível evasão de profissionais do país.
Profissionais acreanos assumem vagas no Mais Médicos no Acre (Foto: Iryá Rodrigues/G1)
Rebouças foi apresentado na terça-feira (30), junto
com outros três acreanos formados em outros
países (Foto: Iryá Rodrigues/G1)
"Acrescento que, no caso presente, a parte impetrante é brasileira. O governo brasileiro não pode negar a oportunidade de trabalhar no país a um cidadão nativo em benefício de interesses estrangeiros", relata a decisão. Após o caso de Alexandre Rebouças, também em abril, a Justiça Federal concedeu o mesmo benefício a outra médica acreana formada também na Bolívia.
Nos últimos preparativos antes de se mudar para o interior do estado, o médico Alexandre Rebouças diz que está muito feliz com o direito de exercer a profissão no Brasil. Ele considera que não foram apenas os argumentos utilizados pelo advogado que fizeram diferença, mas sorte e fé.
"Vai da sorte e fé em Deus, para que o caso caia nas mãos de um juiz federal que seja favorável. Eu tenho amigos que entraram com o mesmo pedido e não conseguiram, porque existem juízes que acatam e outros negam. Meu sentimento é de alegria e muita felicidade", declara.
Formado em administração de empresas, Rebouças escolheu a medicina com o desejo de ajudar a população mais carente, principalmente, em municípios com pouca ou nenhuma presença desse tipo de profissional. Ele é graduado desde o ano passado. "Vi que queria estudar mais e visualizei a medicina, porque é uma área boa para ajudar as pessoas", diz.
Com o tempo estabelecido de três anos no Mais Médicos, prazo máximo de atuação dos médicos contratados pelo programa, o objetivo de Rebouças é validar o diploma no Brasil. "Já estou estudando para fazer o Revalida, porque quando queremos uma coisa não podemos esperar. Quero meu registro no Brasil e estou me preparando para isso", finaliza.

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