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Professora tem corte de mais de R$ 1,3 mil por faltas durante greve no AC

Gizelda Silveira leciona filosofia no Colégio Estadual Barão do Rio Branco.
Educação garante que salários devem ser pagos até o dia 5 de setembro.

Caio FulgêncioDo G1 AC
Professora exibe o contracheque com o desconto de mais de R$ 1,3 mil em faltas (Foto: Arquivo pessoal)Professora exibe o contracheque com o desconto de
mais de R$ 1,3 mil em faltas (Foto: Arquivo pessoal)
A professora Gizelda Silveira, de Rio Branco, foi surpreendida ao verificar o desconto de mais de R$ 1,3 mil do contracheque do mês agosto deste ano por causa de faltas durante a greve dos servidores da Educação, que durou 63 dias. Ela leciona filosofia para estudantes de 13 turmas no Colégio Estadual Barão do Rio Branco (Cebrb).
“Foi colocado falta, que foi uma das coisas que eu fiquei mais chateada. Prefiro ter no meu currículo grevista do que faltosa. Eu não falto meu trabalho, eu estava em greve. Não descontaram os demais valores porque é ilegal, mas meu salário foi descontado integral”,  relata.
Durante a greve, a Secretaria de Estado de Educação do Acre (SEE-AC) chegou anunciar que os grevistas teriam os pontos cortados. No entanto, o governo teria concordado em cancelar o desconto depois das negociações e retorno da categoria aos postos de trabalho, no dia 18 de agosto.
A professora diz que a única informação que recebeu o valor descontado deve ser ressarcido em uma folha de pagamento suplementar até o próximo dia 5. Descrente, Gizelda afirma que pretende, nesta segunda-feira (31), fazer um “pedágio” no Centro da capital acreana para conseguir dinheiro.
“Só vou acreditar nesse dinheiro na minha conta quando realmente cair. Enquanto isso, estou com minhas dívidas para pagar. Nesta segunda-feira, meu cartão de crédito vence e tem minha conta de luz. Pretendo fazer pedágio para arrecadar dinheiro para pagar minhas contas”, declara.
Gizelda diz ainda que vai pedir auxílio dos advogados do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Acre (Sinteac), em uma reunião também nesta segunda-feira, para tentar solucionar o problema. “Vamos ver quais as providências podem ser tomadas, até porque essas faltas precisam ser abonadas. Isso prejudica a minha aposentadoria e para tirar licença prêmio. Vai causar vários danos”, acrescenta.
A presidente do Sinteac, Rosana Nascimento, confirma que, apesar de não haver um número exato, Gizelda não foi a única que identificou descontos no contracheque. Por isso, uma reunião com a SEE-AC deve ocorrer na tarde desta segunda-feira (31), para tratar sobre o assunto.
“Existem casos também de pessoas que não receberam as aulas complementares. Eles [secretaria] disseram que iam pagar em folha suplementar, só que é depois do pagamento. Então, deve ser na próxima semana só e tem juros de empréstimos, cartão de crédito, os compromissos. Estaremos na secretaria para saber que dia vai ser pago e pressionar para que seja logo”, afirma a sindicalista.
Em nota enviada ao G1, a Secretaria de Educação confirmou que, como foi anunciado pelo governo do estado, "nenhum servidor da educação ficará privado de seus vencimentos em virtude da greve. Todos os que fizerem a reposição das aulas receberão seus salários, sendo que alguns receberão em folha suplementar, a ser paga até o dia 5 de setembro".
Em manifestação, professores e funcionários de escolas percorreram principais ruas do Centro de Rio Branco (Foto: Caio Fulgêncio/G1)
Greve dos professores e funcionários de escola
durou mais de 2 meses (Foto: Caio Fulgêncio/G1)
Greve em 63 dias
No dia 17 de junho, após assembleia, acategoria decidiu pela greve por tempo indeterminado.Os educadores ligados ao Sindicato dos Professores da Rede Pública de Ensino do Estado do Acre (SinproAcre) aderiram à paralisação no dia 19 do mesmo mês.

A categoria, como um todo, reivindicava 25% de reajuste salarial, pagamento do Programa de Valorização Profissional (VDP) e do piso nacional para os outros servidores de escola. Além disso, quer um aumento de 20% sobre o piso e realização de concurso público para cargos efetivos.
Após mais de um mês de greve, o governo pressionou e anunciou o corte dos salários dos servidores que aderiram à paralisação. O anúncio foi feito durante uma coletiva da Secretaria de Educação.
Na época, a presidente do Sindicato do Trabalhadores em Educação definiu a medida como uma decisão "arbitrária" e defendeu a legitimidade do movimento.
Após decisão dos servidores de continuar em greve, o governo anunciou um processo seletivopara substituir professores provisórios que estão em greve e também dos professores com contrato temporário.
Os maiores protestos dos servidores da Educação foram registrados no dia 16 de julho, quando a categoria usou caixões e velas para simbolizar o "cortejo da Educação". E o último, no dia 13 de agosto, quando os servidores fizeram uma corrente humana e simbolizaram o empate dos cortes da educação.

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