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No AC, criança tem mãos e pés amputados e mãe busca assistência

Ana Rafaela teve os membros amputados após ter febre recém-nascida.
Família mora em comunidade carente de Rio Branco.

Aline NascimentoDo G1 AC
Ana Rafaela teve uma febre com três dias e os médicos precisaram amputar as mãos e os pés para ela sobreviver (Foto: Aline Nascimento/G1)Ana Rafaela teve uma febre com três dias e os médicos precisaram amputar as mãos e os pés para ela sobreviver (Foto: Aline Nascimento/G1)
De dentro do carrinho de bebê, a pequena Ana Rafaela, de 1 ano e 4 meses, olha atenta a criançada correndo durante um evento para comemorar o Dia das Crianças, celebrado na manhã deste sábado (10), no Ramal do Pica-Pau, em Rio Branco. Diferente das demais crianças, Ana não possui as mãos e os pés, que tiveram que ser amputados após uma febre que teve com 3 dias de vida. A mãe da menina, Priscila da Silva, de 21 anos, lamenta a filha não poder andar.
“Ela pegou uma febre de quase 40 graus com três dias de vida. Os dedos dos pés e das mãos ficaram roxos e nós levamos para maternidade. Não lembro o nome da doença, mas o médico disse que é uma doença comum que dá em crianças. Os dedos da mão e dos pés foram secando. O médico disse que teria que amputar para não subir à cabeça, senão ela morreria. Ela passou uns três meses internada”, relembra.
A mãe lembra que não teve nenhum problema durante a gravidez, porém, a filha nasceu com sete meses de cesárea. Priscila relembra que mesmo operada ia para a maternidade ficar com a filha. “Fiquei sozinha com ela. Eu vinha para casa e depois voltava logo em seguida para ficar lá com ela. Foi um sofrimento. Os médicos ligavam dizendo para eu voltar que ela estava sentindo minha falta. Minha filha é um presente de Deus, amo muito ela. Eu sofri muito quando ela ficou internada”, emociona-se.
Eu gostaria que ela tivesse todos os membros, mas infelizmente não é assim"
Priscila da Siva, mãe de Ana Rafaela
Após ouvir sobre o problema que Ana teve quando nasceu, o médico pediatra Guilherme Pulici, acredita que a criança sofreu uma doença generalizada conhecida como sepse, que compromete partes vitais do corpo precisando ser amputados para não matar o paciente.
"A sepse geralmente começa com um foco, que pode ser uma pneumonia, uma infecção urinária. Pode ser qualquer coisa que vai se espalhando pelo corpo. Não é que a infecção estava nas pontas dos dedos, é um efeito cascata que acontece. São algumas substâncias que são liberadas nas correntes sanguíneas e comprometem a saúde e ameaçam a vida dos bebês, mas não só de crianças e sim de adultos também. Temos casos de adultos que tiveram os membros amputados”, explica.
De acordo com o especialista, existem remédios que podem impedir que a infecção se espalhe pelo corpo do paciente, mas depende do quanto a doença estiver avançada. O médico explica ainda que precisaria conhecer mais do caso da criança para saber o que realmente provocou a amputação dos membros.
“A amputação é uma consequência. Dependendo do grau de comprometimento, a amputação é bem maior, podendo ser até o tornozelo. Como a circulação fica comprometida, o tecido que envolve os dedinhos morrem. Quando você começa ter tecido morto, a primeira coisa que se faz é tirar para não comprometer mais nada. Eu não vejo outro problema que não seja uma infecção generalizada. Mas, claro que pode sim ter sido outra coisa”, relata.
Sem assistência do pai da criança e desempregada, Priscila conta que divide uma casa com a mãe e alguns irmãos. De uma família humilde, a jovem conta que gostaria de ter alguma assistência para sustentar a filha. “O pai dela não dá nenhuma assistência. Ana não toma nenhum remédio e nem tem acompanhamento médico, só as consultas mensais quando ela é pesada e medida. Minha mãe que nos ajuda com o dinheiro”, disse.
Priscila revela que ainda não parou pensar como será quando a filha começar a engatinhar e tentar andar. “Eu gostaria que ela tivesse todos os membros, mas infelizmente não é assim. Ainda não pensei no que vou dizer para ela quando crescer. Quando ver as outras crianças andando por aí e ela não poder sair correndo também. Tenho que me preparar para isso”, lamenta.
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Priscila da Silva disse que depende da mãe para criar a filha (Foto: Aline Nascimento/G1)Priscila da Silva disse que depende da mãe para criar a filha (Foto: Aline Nascimento/G1)

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