'Perdi tudo', diz homem que teve casa e carro incendiados durante ataques
Ataque ocorreu na noite de terça (6), no bairro Belo Jardim, em Rio Branco.
Segurança registrou nove veículos incendiados e três escolas queimadas.
Após ter a casa e o carro incendiados na noite desta terça-feira (6) no bairro Belo Jardim, o autônomo Edmilson Nascimento, de 59 anos, conta que perdeu tudo e não sabe como a família vai se manter a partir de agora. Segundo Nascimento, os vizinhos teriam visto três homens em uma bicicleta nas proximidades de sua casa. De acordo com o levantamento da Segurança, das 18h de terça até às 6h desta quarta-feira (7), foram registradas nove ocorrências de veículos incendiados e três escolas queimadas no Acre.
Além do carro e da casa, a mercearia de Nascimento também foi alvo de ataques. "Quando saímos de dentro de casa, o carro já estava incendiando. Fomos tentar apagar o fogo, mas não deu, porque faltou água na bomba. Continuamos tentando enquanto o fogo tomava conta de tudo. Todo mundo dormindo dentro de casa. Queimou geladeira, sofá, colchão, cama, nossa feira, o carro, não sobrou nada. Hoje não temos nem um quilo de arroz para comer. Ainda bem que acordei na hora certa e consegui acordar minha família", diz.
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O caminhão do autônomo Edmar Montes, de 53 anos, também foi alvo de ataques na noite desta terça. Montes mora na Rua Rio Grande do Sul, no bairro Aeroporto Velho, em Rio Branco, próximo à parada final do ônibus. Segundo o autônomo, o alvo deveria ser os ônibus que estariam no ponto final, mas como não tinha nenhum, os suspeitos teriam incendiado o veículo.
"Hoje estamos à mercê do vandalismo. Por volta de 20h30 quando ouvi o barulho, as chamas já estavam dentro da cabine e o fogo acabou com tudo. Como moro na parada final do ônibus, talvez o alvo seria algum coletivo, mas como não tinha nenhum circulando, e para não dá viagem perdida acharam o meu caminhão fácil. Tive que improvisar hoje já que esse carro é o que uso para trabalhar, ou seja, preciso dele. Hoje estamos à mercê do vandalismo", conta Montes.
Segundo a diretora da Escola Maria Raimunda Balbino, no bairro Palheiral, houve uma tentativa de incêndio na madrugada desta quarta. Rosenilda diz que mesmo com o ataque, as aulas ocorrem normalmente nesta quarta. A diretora diz que o vigia da escola teria ouvido um forte estrondo e, ao chegar nas salas, viu que tinha fumaça, mas não estava em chamas.
"Foi uma coisa atípica. Tentaram incendiar três salas, mas não conseguiram. Após o ataque, os pais estavam um pouco apreensivos, inclusive, alguns não queriam deixar as crianças ficarem na escola, mas nós contornamos a situação. Foi um susto para nós, porque não pensávamos que eles viriam aqui. É uma escola que nem funciona noite, somente do primeiro ao quinto ano. Vamos intensificar a segurança, manter uma ronda constante", diz a diretora.
O mototaxista Sérvolo Gomes, de 40 anos, costuma trabalhar na madrugada, mas nesta terça conta que ficou com medo dos ataques e resolveu voltar para casa mais cedo. "Na segunda amanheci o dia trabalhando, mas na terça fiquei só até meia noite. Isso foi justamente por conta dos últimos acontecimentos, está perigoso para os mototaxistas. Ao menos dois colegas foram assaltados. Então, vamos dar uma aquietada no trabalho", conta.
Entenda o caso
Os atentados no Acre começaram depois da morte de dois assaltantes. Denis Fortunato de Souza, de 25 anos, e Fábio Andrade de Araújo Pereira, de 32 anos. Eles foram baleados após tentativa de assalto à Clínica Santa Lúcia, localizada na Avenida Getúlio Vargas, em Rio Branco, na segunda. Os suspeitos foram atingidos por um policial à paisana que estava na clínica no momento em que os homens se preparavam para fugir em uma moto.
Após a morte dos dois suspeitos, carros e ônibus foram incendiados durante a madrugadadesta terça e na noite de quarta, de acordo com o Ciosp.
A Segurança Pública informou, durante coletiva na terça que os ataques foram uma retaliação contra a morte dos envolvidos no assalto. Emylson Farias, disse que as polícias Militar, Civil e Federal foram reforçadas, além disso, Exército e Força Nacional também ajudam no combate à violência. Na terça, outros dois coletivos foram incendiados, um no bairro Santa Inês, e o outro no Taquari.
Para tentar coibir a onda de ataques a veículos que vêm ocorrendo em Rio Branco, desde a madrugada da terça, a Segurança Pública do Estado ordenou que um veículo de cada órgão governamental fosse designado para ajudar nas ações que estão ocorrendo na cidade.
