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Após denúncia no Acre, Sociedade Brasileira de Anestesiologia alega má distribuição de especialistas

Órgão diz que para se equiparar à média nacional, Acre deveria ter 90 profissionais para os quase 830 mil habitantes, mas possui apenas 23. SBA se pronunciou sobre o caso após falta de anestesistas em Feijó e Tarauacá.

Por Quésia Melo, G1 AC, Rio Branco
Sem profissionais, clínico geral é responsável por aplicar anestesia em hospital no interior do Acre. Sociedade Brasileira de Anestesiologistas diz que há má distribuição de profissionais (Foto: Rosaldo Aguiar/Arquivo pessoal)
Após a denúncia de falta de anestesistas no interior do Acre, a Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) alega que há uma má distribuição de especialistas. O órgão também nega que haja escassez de profissionais em todo o Brasil, como foi relatado pela Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) ao falar ao G1, no dia 2 desse mês, sobre o problema.

A falta de especialistas ocorre há anos no Hospital Geral de Feijóonde o sedativo é aplicativo pelos clínicos gerais. A denúncia foi feita pelo médico Rosaldo Aguiar. Ele disse ao G1, no dia 2 desse mês, dele disse que o problema da falta de profissionais também ocorre no município de Taraucá. No entanto, a Sesacre falou que existe um anestesista lotado no município e um outro, que foi aprovado em concurso, deve tomar posse.

“A situação não é igual no país inteiro. Existem algumas regiões do Brasil, e o Acre é uma delas, que sofrem realmente com carência desses profissionais. Somos uma sociedade nacional composta por regionais. A regional do Acre possui 16 associados, no total, que nós acreditamos, há em torno de 23 trabalhado no estado”, esclareceu Sérgio Logar, presidente da SBA.

Logar destaca que para atender os quase 830 mil habitantes do Acre e se equiparar à média de especialitas no Brasil, o estado teria de ter 90 anestesistas atuando. Ele falou ainda acreditar que as melhores condições de trabalho e salariais podem influenciar os profissionais a buscarem os grandes centros. No entanto, afirma que o Acre possui salários atraentes e boa regularização trabalhista para os profissionais.

“A situação é muito complexa e engloba uma série de fatores. Por exemplo, a Prefeitura de Caxias (MA) lançou um concurso público em que o salário para o anestesista era R$ 947. Nesses casos, o profissional não tem garantias e não se sente confortável para assumir postos de trabalho. Porém, me informei e sei que essa não é a realidade do Acre, onde as relações são mais formalizadas”, destacou.

A SBA possui 12 mil associados, mas acredita que 21 mil anestesistas atuem no Brasil atualmente. Somente no Rio de Janeiro, há em torno de 1.864 mil anestesistas trabalhando, desses, 1,1 mil são associados à SBA. O senso do Conselho Federal de Medicina (CFM) mostra, de acordo com Logar, que São Paulo Possui 4.280 mil anestesistas, sendo 1,9 mil associados à sociedade.

“Somos a terceira maior sociedade de anestesia no mundo, ficamos atrás apenas das sociedades americana e chinesa. A nossa relação de anestesistas por 100 mil habitantes é muito melhor que a chinesa. Então, volto a dizer que o problema é a má distribuição e não a falta de profissionais qualificados”, afirmou o presidente.

No Brasil, há apenas duas maneiras de formar um anestesista e uma delas é pelo Centro de Ensino e Treinamento da SBA e na região Norte existem apenas dois centros que formam 17 anestesistas por ano. Em todo o Brasil, em média 750 novos especialistas se formam nesse período.

Carreira para médico
O presidente da Associação disse ainda que a criação de uma carreira de médico de estado, assim como no caso de magistrados e auditores da Receita Federal, poderia atrair os médicos para áreas do interior.

Dessa forma, os profissionais seriam lotados em regiões afastadas no início da carreira mas, ao longo dos anos de trabalho, seriam substituídos por outros colegas. Porém, a possibilidade de passar a vida inteira em uma região distante, de acordo com Logar, acaba amedrontando o profissional que teme não ter mais chances no mercado ao voltar para os grandes centros.

“Acho que essa é a maneira que podemos conseguir reduzir esse déficit e até mesmos os custos. Agora situações em que é oferecido um salário mínimo ou de acordos com a prefeitura que não são cumpridos acaba desmotivando o profissional”, finalizou.


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