Por ano, Estado gasta cerca de R$ 160 milhões para manter presos em cadeias do Acre
Cada um dos mais de 6 mil presos custa R$ 1,9 mil ao estado por mês e anualmente os gastos chegam a R$ 160 milhões. Segurança afirma que vai investir R$ 60 milhões e criar mais de 2 mil vagas.
Por Quésia Melo, G1 AC, Rio Branco
O Acre tem 6.503 presos, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Esses detentos custam ao estado, em média, 1,9 mil ao mês cada. O custo mensal
com os mais de 6 mil apenados ultrapassa os R$ 12 milhões e chega a R$ 160
milhões por ano. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública (Sesp-AC).
Em janeiro deste ano, o sistema
prisional do Acre estava 92,1% acima da capacidade, tendo 6.008 presos para o
total de 3.127 vagas. Agora esse valor é de mais de 107% com o mesmo número de
vagas e 6.503 presos.
A Sesp-AC afirma que investiu R$ 60
milhões para criar 2 mil novas vagas até o final deste ano, zerando o deficit
carcerário.
Mesmo assim, para atender esse
número de apenados, há apenas 1.256 agentes penitenciários, conforme o Monitor
da Violência 2018. A média é de 4,8 presos por carcereiro.
O sindicato rebate e diz que esse
número é ainda menor. Segundo Bolzoni, há unidades com 250 a 300 presos com no
máximo três agentes em cada prédio, tanto na capital quanto no interior.
O Iapen-AC diz que há 1.279 agentes
penitenciários, mas segundo o sindicato muitos foram cedidos para secretarias e
outros até de forma informal – sem portaria no Diário Oficial – o que reduz
ainda mais o efetivo.
Obra concluída em presídio
Na quarta-feira
(30), o Sistema Penitenciário Estadual anunciou que as obras da penitenciária
de segurança máxima Antônio Amaro foram concluídas. O novo espaço deve abrigar
no máximo oito detentos por cela. Ao todo, 156 vagas novas vagas foram criadas.
Antes já havia 140 vagas.
Na unidade também fica o Regime
Disciplinar Diferenciado (RDD), onde cumpre pena somente um preso por cela.
Investimentos
no sistema penitenciários
A Sesp-AC
afirma que até o fim deste ano deve aplicar R$ 60 milhões no sistema
penitenciário do Acre. Desse total, R$ 44 milhões foram repassados ao estado em
2017, oriundos do pagamento fianças de casos julgados pelo Supremo Tribunal
Federal (STF). Outros R$ 16 milhões foram liberados este ano.
Ao todo, devem ser criadas 2.226 novas
vagas nas unidades do Acre.Todas as sete penitenciárias do
estado devem receber investimentos, segundo a Sesp-AC, com ampliação, criação
de blocos, espaços para atividades de educação profissionalizantes e guaritas
elevadas para controle de acesso.
Superlotação
e fugas
Para o
Sindicato dos Agentes Penitenciários do Acre (Sindapen-AC), a superlotação
acaba facilitanto as fugas nos presídios. Segundo o Sindapen-AC, desde novembro
de 2017 até maio deste ano, 65 presos fugiram de unidades no Acre a somente
cerca de 20 foram recapturados.
De junho de
2017 a maio deste ano, o estado registrou ao menos 11 fugas e seis tentativas
nos presídios Francisco D’ Oliveira Conde, em Rio Branco, Moacir Prado, em
Tarauacá, Manoel Neri, em Cruzeiro do Sul e na 5ª Unidade Prisional, em Feijó.
Um levantamento
feito pelo G1, mostrou
que em menos de 10 meses, mais de
80 detentos conseguiram fugir dos presídios. Desses,
quatro, dos onze presos que fugiram escalando a muralha do Francisco d'Oliveira
Conde (FOC) no início deste mês, foram capturados na noite desta terça-feira
(29).
Ao todo, sete
continuam foragidos somente desta unidade. A Sesp-AC não informou o total de
detentos que já foram recapturados.
Todas as unidades onde foram registradas fugas e
tentativas estão superlotadas. Em Tarauacá, o presídio Moacir Prado foi
projetado com 80 vagas, mas atualmente comporta 392 detentos divididos em 20
celas, conforme a direção. A unidade passa por obras de ampliação e devem ser
criadas 23 celas com 184 novas vagas.
No presídio Manoel Neri, em novembro
de 2017, a Sesp-AC informou que a unidade tinha capacidade para 168 detentos,
mas acomodava 559. O deficit, no município de Cruzeiro do Sul, era de 391
vagas.
Em Rio Branco, no mesmo período, as
unidades de regime fechado, masculina e feminina, tinham no total 715 detentos
vagas para 1.603 detentos. O deficit era de 888 vagas.
Em Feijó, na 5ª Unidade Prisional
são disponibilizadas 56 vagas, mas em novembro do ano passado a Sesp-AC
informou que 123 apenados eram mantidos no local.
O Instituto de Administração
Penitenciária do Acre (Iapen-AC) informou que está fazendo uma reestruturação
no sistema penitenciário e deve investir R$ 60 milhões na criação de 2,2 mil novas
vagas nas penitenciárias do Acre até o final de 2018 para coibir novas fugas.
Somente no Presídio Francisco
d’Oliveira Conde (FOC), onde ocorreram três fugas de março a maio deste ano,
devem ser criadas 800 novas vagas. O investimento, segundo ele, é de R$ 10
milhões.