Em Rio Branco, 14 casais homoafetivos oficializam união em casamento coletivo
Cerimônia ocorreu nesta segunda (10), no Palácio do Comércio, na capital acreana. Projeto Casar é Legal, da Defensoria, está na segunda edição.
Por Aline Nascimento/Lilian Lima, G1 AC — Rio Branco
Catorze
casais homoafetivos oficializaram a união durante o casamento coletivo
realizado no Palácio do Comércio, em Rio Branco. A cerimônia ocorre no mesmo
dia do aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, celebrado
nesta segunda-feira (10), e é parte da segunda edição do projeto Casar é Legal,
da Defensoria Pública do Acre (DPE).
Pádua Custódio, de 27
anos, e Adailton Gadelha, de 29, não tiravam o sorriso do rosto durante a
cerimônia. Os jovens contaram que os dois tinham interesse em outro rapaz, mas
se apaixonaram e resolveram dar uma chance ao amor após um tempo de conversa.
“Não foi amor à primeira
vista. Tínhamos interesse por outro rapaz, e no dia que nos conhecemos foi
muito imprevisível porque eu tinha convidado o rapaz para algo e ele tinha
convidado o mesmo rapaz para outra coisa. Ele era um amigo nosso na época.
Quando ele foi me encontrar foi junto com o Adailton, e quando o vi me
interessei mais por ele do que pelo outro rapaz”, contou Custódio.
O rapaz revelou ainda
que o casal decidiu oficializar a união para garantir os direitos, caso o país
passe por mudanças com a nova presidência.
“Decidimos oficializar
devido as atuais circunstâncias nacionais. Com a advento da mudança do governo
da Presidência não sabemos como vai ficar o futuro do país. Isso é uma
realidade e que nos angustia. Esperamos que seja positivo, mas infelizmente não
podemos arriscar. Quando soubemos da possibilidade que a Defensoria estava
oferecendo achamos que seria um bom momento, até porque já pensávamos em casar
há muito tempo”, argumentou.
O casal
está junto há sete anos, sendo que há quatro moram sob o mesmo teto. Adailton
Gadelha comentou sobre a vida a dois e como driblam as divergências e brigas.
“Temos nossas brigas de
vez em quando, mas a gente consegue contornar tudo isso, conversamos bastante e
o amor prevalece sempre. Isso garante os direitos e todas as questões legais.
Isso é muito importante. Nossa sociedade é tão intolerante e temos a
possibilidade de mostrar que nosso amor é lindo e vale a pena ser vivido”,
confirmou.
Amanda Schumacher, de 36
anos, e Mayara Rio Branco, 34, começaram dividindo o mesmo teto, apenas como
amigas. Com o tempo, as duas se apaixonaram e, após nove anos juntas,
resolveram oficializar a união.
“Eu
cheguei de São Paulo e fui procurar uma casa para morar. A Mayara também estava
procurando uma casa para morar e tínhamos uma amiga em comum. Alugamos uma casa
juntas e começamos a conviver e nos apaixonamos. Um dia resolvemos fazer uma
mudança de um quarto para o outro”, celebrou Amanda.
O presidente do Fórum de
ONGs LGBTI, Germano Marino, relembrou que é um direito dos casais homoafetivos
oficializarem a união em qualquer cartório de Rio Branco. Porém, comemorou a
ideia da DPE de promover o evento que não cobra taxa e facilita a celebração
entre os casais.
“Esse projeto da Defensoria mostra que os cidadãos
homossexuais do Acre têm o direito de realizar o casamento civil, ainda é um
direito constitucional garantido pelo STF e Conselho Nacional de Justiça, e a
Defensoria vem proclamar isso. Ainda mais nesse dia tão especial que é o da
Declaração Universal de Direitos Humanos”, comemorou.