Acre teve mais de 27 mil hectares de áreas degradadas este ano com queimadas, diz estudo
Reserva Chico Mendes é a área de proteção ambiental com o maior número de hectares queimados. Dados são de um balanço preliminar das áreas atingidas pelo fogo.
G1-AC
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Entre janeiro e o final do mês de agosto o Acre teve uma média
de 27 mil hectares de áreas degradadas devido às queimadas. Os dados são da
Secretaria de Meio Ambiente do estado revelados em um estudo em parceria com o
Laboratório Gama da Universidade Federal o Acre (Ufac), campus Cruzeiro do Sul,
interior do estado.
O mapeamento leva em
conta queimadas registradas em áreas abertas, como as margens de rodovias,
pastagens renovadas, áreas queimadas involuntariamente e que se perdeu o
controle, entre outras, e não em florestas primárias.
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Dos
mais de 27 mil hectares atingidos pelo fogo no estado, 4.711 mil se encontram
na capital acreana, Rio Branco. Logo depois vem a cidade de Feijó, com 4.002
mil. O estudo segue com as cidades de Manoel Urbano – 2.829 mil – e Sena
Madureira – com 2.738 mil de área atingida. A cidade de Porto Walter, no Vale
do Juruá, apresenta a menor área atingida, com 19 hectares.
O monitoramento de queimadas,
divulgado no Dia da Amazônia, mostra que a Amazônia Legal já registrou quase 68
mil focos de queimadas. O Acre representa 5.8% desse total, com 3.966 mil
focos.
Desmatamento por
área
É possível observar no levantamento
como estão as queimadas nas áreas de proteção e a quantidade de hectares
atingidos nessas regiões. Ao todo, há 2,9 mil hectares atingidos em áreas
naturais, 2,5 mil em áreas de conservação e 300 em terras indígenas.
Só a Reserva Extrativista Chico
Mendes (Resex) tem mais de mil hectares queimados no período de avaliação. A
segunda maior é a Floresta Estadual do Afluente.
Esta semana, a coordenadora da Resex
e filha de Chico Mendes, Ângela Mendes, juntamente com lideranças ambientais,
esteve no Ministério Público do Acre (MP-AC) para entregar um documento com
pedido de apuração do órgãos para encontrar os responsáveis
pelas queimadas.
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Na reunião, Ângela afirmou que o legado e a memória do
seringalista estão ameaçados. No mês de agosto, a Resex liderou os focos de queimadas em áreas
protegidas.
"Nossa preocupação é justamente com
o legado, memória e luta do meu pai, que é função do comitê desde que foi
criado. Esse legado tem estado bastante ameaçado. Em um período muito curto
tivemos mais de 100 focos de queimadas", destacou.
‘Florestas não
estão queimando’, diz diretora
Ao G1, a diretora
executiva da Sema, Vera Reis, explicou que o levantamento das áreas degradadas
com as queimadas ainda não está concluído, mas já é possível ter uma estimativa
do total atingido. Segundo Vera, as florestas primárias do estado não foram
atingidas pelos incêndios.
“Umidade do ar está em torno de 90 a
95%. Então, não vamos ter fogo entrando nas florestas como muita gente está
supondo por aí, que as florestas do Acre estão pegando fogo. Não é bem assim. O
que está pegando fogo são as áreas que os proprietários já desmataram e estão
aproveitando a oportunidade para queimar”, reforçou.
Ainda segundo a diretora, foi
identificado também uma mudança no comportamento da população, que antes só
queimava em épocas específicas. Porém, os dados mostram que no mês de janeiro
já foi detectado desmatamento em áreas degradadas no Acre.
“Mesmo em época de chuvas, ele
[produtor rural] desmata, espera secar para queimar. O que está queimando no
Acre: área natural protegida porque tem invasão de terra, tem ocupação
irregular nas nossas unidades de conservação. Até terra indígena que está
queimando hoje, por exemplo terra indígena do Alto Purus, são áreas que foram
desmatadas dentro dessas terras”, frisou.