Com máscaras e longe da família, médicos se casam em cartório no AC e adiam festa devido à pandemia
Casamento civil ocorreu no dia 28 de maio e festa foi adiada. 'É um conforto pra gente no meio de tanta coisa ruim', diz.
Juntos há
pouco mais de cinco anos, os médicos Daniel Barreto e Amoty Pascoal Nogueira,
ambos de 34 anos, não imaginavam que teriam que fazer o casamento de forma tão
intimista. Os dois trabalham na linha de frente do combate ao novo coronavírus,
ele como cirurgião vascular e ela como pediatra e neonatologista.
Em dezembro do ano
passado, em uma festa com amigos e familiares, eles noivaram em Rio Branco.
Estava tudo certo para uma grande festa no dia 2 de maio, mas eles não
imaginavam que uma pandemia mudaria os planos. Com os eventos suspensos e as
orientações de isolamento social, os dois tiveram que adiar a festa tão
esperada de casamento.
Porém, não abriram mão do
casamento civil. E foi assim, na sala do cartório, com duas testemunhas e
seguindo todas as recomendações de saúde, que os dois oficializaram a união. Um
cerimônia sem festa, amigos e familiares, mas que mostrou a força do amor dos
dois.
“Somos cristãos e a gente planejou tudo para 2 de maio, mas Deus reservou outra data. O casamento cristão é a comunhão com Cristo, então a festa, esses rituais, ostentação, futilidade, a gente gosta, claro que é bom celebrar, mas o principal é estar em comunhão com Cristo e fazer o mandamento dele direitinho”, conta a médica
Foi com
esse pensamento que eles decidiram manter a união no cartório. Também para
servir de alento, já que não foi só na comemoração do casamento que os dois não
puderem ver a família. Por trabalharem no combate à Covid-19, os dois não têm
tido contato físico com a família.
Amoty, que morava com os
pais em Rio Branco, teve que ir para um apartamento. Ela diz que há mais de
dois meses não vê a família com medo de passar algo para eles.
“A gente está na linha de frente e, por isso, a gente está
longe da nossa família. Até evito acompanhar esse tempo números pra não
machucar mais, mas eu morava com meus pais e estou em um apartamento agora
longe da minha família, que não tenho contato físico há quase dois meses. É
muito difícil, a saudade bate”, diz a médica.
Fotos para eternizar
Mas, Amoty diz que
os dois tinham dois caminhos; ou se lamentavam pela festa não ter ocorrido ou
celebravam juntos para focar no lado bom. Ela diz que como Daniel é médico,
durante a pandemia ela só tem contato com ele.
“O único contato
que eu estava tendo era com meu noivo, porque, como ele também está na linha de
frente, a gente só conseguia manter contato um com outro. Juntando isso com
minha questão religiosa, a gente resolveu manter o casamento. A gente tem que
manter o isolamento, ficar longe, mas, mesmo assim, a gente conseguiu fazer uma
cerimônia, umas fotos bonitas e mostrar a mensagem que realmente importa, que
realmente prevaleceu, que foi o amor e nossa união”, destaca.
Namoro à distância
E se tem uma coisa que
esse casal sabe superar é a adversidade. Os dois tiveram que se adequar à
distância até o dia do casamento. Daniel é concursado da Saúde em Porto Velho
(RO), já Amoty tem consultório em Rio Branco e também é servidora da Saúde no
estado acreano.
Quando se
conhecerem, os dois faziam especialização e a distância fazia parte da rotina
do casal.
“Ele ficou dois
anos em Minas Gerais, se especializando, e eu fiquei em Rio Branco fazendo
neonatologia. A gente formou nas especializações, só que ele voltou para Porto
Velho, porque é a cidade dele e a gente vem mantendo esse relacionamento à
distância desde então. Noivamos no dia 7 de dezembro e a gente tinha marcado
uma festa enorme, maravilhosa para o dia 2 de maio em Rio Branco”, relembra.
A festa não
aconteceu, mas mais do que memórias afetivas, o casal também arranjou uma meio
da família acompanhar esse momento por fotos e compartilhar um pouco deste
momento.
‘O lado bom da história’
Depois da cerimônia
no cartório, os dois seguiram para uma chácara em Rio Branco. Por ser um local
aberto, a médica disse que foi uma maneira de poder tirar fotos sem máscaras. A
fotógrafa manteve a distância e seguiu todos os protocolos de segurança.
Ali, na chácara,
que também é a casa da melhor amiga da médica e também madrinha do casamento,
Daniel e Amoty puderam registrar as primeiras fotos da família que começa
agora. Sem máscaras e com um cenário aconchegante, dá até pra esquecer um pouco
da pandemia.
“Sempre é sofrido,
porque a família não participou. Mas, a gente preferiu ficar com o lado bom da
história ao invés de ficar se lamentando sobre distanciamento e a falta da
família. A gente resolveu fazer um momento bonito da nossa união, focar na
comunhão com Cristo, de como Deus está sendo bom pra gente, cuidando da nossa
família, ajudando a construir nossa família. No meio de tanta coisa ruim, está
acontecendo tanta coisa boa. Então, a gente preferiu focar nisso”, diz.
Mas, a festa ainda
está de pé e vai ser comemoração em dobro. Como médicos, os dois acreditam que
no ano que vem a festa sai. Aí sim com tudo que tem direito, família e amigos
pertinho para festejar juntos essa união.
Enquanto isso,
Amoty se apega ao amor e a nova fase que começa agora para acalmar o coração e
aguentar firme nessa batalha contra o coronavírus.
“Aí ano que vem,
vai ser uma festa maior ainda. A gente está mantendo a distância de todo mundo,
mas o nosso casamento foi para mostrar que nossa história linda desde o início
e vai continuar sendo linda e que isso é um conforto pra gente no meio de tanta
coisa ruim”, finaliza.
Os dois estão montando a casa em Porto Velho, mas a médica diz que vai manter sua carreira no Acre e, por isso, vai manter a ponte aérea para poder continuar com os compromisso em Rio Branco.