Sindmed relata ao MPE falta de profissionais e medicamentos na saúde dos municípios do Acre
O Sindicato
dos Médicos do Acre (Sindmed-AC) vai encaminhar ao Ministério Público Estadual
(MPE) um documento que é resultado das vistorias realizadas nas unidades de
saúde em Rio Branco e no interior do estado em relação ao combate ao
coronavírus.
O assunto foi tratado por meio de
uma videoconferência com representantes do Sindmed e do Ministério Público.
Entre os problemas apresentados
estavam a falta de profissionais de saúde e medicamentos para coronavírus
(Covid-19) em Brasileia, Feijó e Xapuri, além da necessidade de reforçar o
estoque de remédios no Hospital Geral de Cruzeiro do Sul. Na Capital, o
problema é a demora para o encaminhamento de pacientes para o Into e a abertura
do atendimento ambulatorial para desafogar o Hospital de Urgência e Emergência
(Huerb) e a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Segundo Distrito.
O documento das visitas realizadas
pelos diretores do Sindmed-AC apontará ainda outras informações, como, por
exemplo, a falta de nutricionista e fisioterapeuta em alguns plantões na UPA
Segundo Distrito. Em Xapuri, a falta de laboratório e apenas um plantonista
para as consultas feitas de toda população, incluindo os casos de coronavírus,
além da falta de medicamentos e ventilador móvel para a transferência de
pacientes.
Em Cruzeiro do Sul, os médicos
reclamam da falta de reforma de uma ala do Hospital Geral do Juruá, alertaram
para a baixa quantidade de medicamentos, cobraram mais um ventilador portátil,
exclusivo para Covid-19, além da necessidade de um raio-x portátil, mais bombas
de infusão.
Em Feijó, há meses os profissionais
continuam cobrando um curso de intubação e medicamentos. Em Brasileia também
faltam remédios e existe dificuldade para fechar a escala, o que está sendo
coberta com plantões extra, mas o temor é que não haja o pagamento dos serviços
prestados durante a pandemia.
Presente na reunião, o
representante do Conselho Regional de Medicina (CRM), Marcus Vinicius Yamura,
apontou a falta de gestão para que haja a melhora no atendimento.
“Em todas as nossas visitas
realizadas, nós verificamos mesmo que é falta de gestão para que possa existir
a resolução das falhas. Não existe falta de mão-de-obra, mas é uma falta de
organização”, explicou o membro do CRM.
O vice-presidente do Sindicato, Guilherme
Pulici, apontou também que a falta de condições de trabalho poderá ser alvo de
outra denúncia junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT).
“Vamos realizar uma análise de todas as
demandas e verificar se existem condições jurídicas para apresentar denúncia
junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT)”, detalhou o sindicalista.
O representante do MPE, Glaucio Ney
Shiroma Oshiro, disse que aguardará o documento do Sindicato para verificar
todos as falhas apontadas.
A Secretaria Estadual
de Saúde foi procurada pelo ac24horas e
se posicionou sobre as acusações do sindicato. Por meio de nota, esclareceu que
tem feito contratações para suprir a falta de profissionais e fala sobre o
processo de envio de medicamentos ao interior e capacitação dos servidores.
Leia a nota
abaixo:
NOTA DE ESCLARECIMENTO
A Secretaria de Estado de Saúde do Acre
(Sesacre) informa que em maio contratou novos profissionais de Saúde para
atuarem no município de Xapuri, sendo um médico e um enfermeiro. Para
Brasileia, foram contratados sete técnicos de enfermagens, quatro médicos, três
enfermeiros e um fisioterapeuta. Em Feijó, foram chamados também dois
enfermeiros e um fisioterapeuta. Segundo a Diretoria de Assistência da Sesacre,
esses contratos foram feitos, tanto em caráter emergencial, quanto seletivo.
Na UPA da Via Verde, também chamada de
UPA do Segundo Distrito, cinco fisioterapeutas também foram contratados
emergencialmente, além do que a Sesacre fez o remanejamento das horas de
trabalho de alguns profissionais de nutrição e de assistência social, que
sobravam em outras unidades. Desse modo, eles estão cumprindo a carga horária
remanescente na UPA.
Sobre o Hospital Regional do Juruá, em
Cruzeiro do Sul, a gerência do Centro de Referência de Medicamentos
Especializados (Creme), da Sesacre, informa que a direção do referido hospital
ainda não informou sobre o seu baixo estoque de medicamento e nem solicitou
reposição para o Creme.
A gerência do Creme admite que encontra
dificuldade de logística para o envio de um ou dois tipos de medicamento, mas
aqueles considerados essenciais estão sendo enviados normalmente.
O Creme informa ainda que na semana
passada, saiu um carregamento de insumos para abastecer os municípios do Vale
do Juruá, e que na próxima segunda-feira, 8, outras duas remessas serão
enviadas para os municípios do Alto e do Baixo Acre. A Sesacre tomará
providências para que a obra de uma ala inacabada seja retomada o mais rápido
possível.
Ainda com relação a Saúde de Cruzeiro
do Sul, um respirador mecânico móvel foi enviado ao município somente para
atender pacientes com Covid-19, enquanto que um segundo aparelho, do mesmo
tipo, está sendo aguardada chegada para Xapuri. O aparelho de Raio-X portátil
também para Cruzeiro já foi pedido ao Ministério da Saúde.
No que diz respeito ao encaminhamento
de pacientes para internação no Instituto de Traumatologia e Ortopedia no Acre,
quem solicita, e por isso mesmo, quem sabe o momento desse procedimento, é a
Central de Leitos, com base em critérios próprios do serviço regulador, a única
autoridade apta para tal. Não é sindicato ou nenhuma outra instituição quem diz
quando o paciente pode ser removido para internação.
Por fim, quanto a capacitações de
profissionais de saúde para o enfrentamento da Covid-19, estas já foram
realizadas nos municípios de Feijó, Xapuri, Tarauacá, Brasileia, Acrelândia, e
recentemente, em Santa Rosa do Purus.
Rio Branco, AC, 6 de junho de 2020
Secretaria de Estado de Saúde do Acre