Estudo da Ufac descobre tipo de verme que pode causar cegueira
Pesquisadores encontraram um tipo de verme no mosquito Catuqui, que pode causar cegueira. Estudo foi iniciado em 2013 na cidade de Xapuri, no interior do Acre, onde foram coletados 30 mil exemplares de insetos.
Por Eldérico Silva, Rede Amazônica Acre — Rio Branco
Pesquisadores da Universidade
Federal do Acre (Ufac) fizeram uma importante descoberta. Durante um estudo
sobre a Leishmaniose, doença causada pelo mosquito Catuqui, encontraram dentro
do inseto um tipo de verme que pode causar, entre outros problemas de saúde, a
cegueira.
A professora Andreia Brilhante é
doutora em saúde pública e lidera a pesquisa que trouxe novidades para ciência.
Para a descoberta, ela e uma equipe de pesquisadores fizeram um trabalho de
campo na zona urbana e rural da cidade de Xapuri, cidade que fica a 187
quilômetros da capital do Acre, Rio Branco.
“Nós iniciamos a pesquisa com
Leishmaniose em Xapuri no ano de 2013, em virtude de uma demanda da Secretaria
Estadual de Saúde já que Xapuri é uma das cidades que mais notificam casos de
Leishmaniose no Acre. Então, começamos a fazer as coletas de vetores para
entender um pouco a epidemiologia na região e começamos a estudar essas
populações de vetores. Lá, conseguimos coletar em dois anos, em média, 30 mil
exemplares de insetos”, disse a pesquisadora.
Durante o estudo, para a surpresa dos
pesquisadores, foi encontrado um verme, cuja espécie ainda não foi
identificada, dentro de dois dos mosquitos analisados.
“Nós estávamos dissecando as fêmeas na
busca desses parasitas que causam Leishmaniose e, por uma casualidade, nos
deparamos com um verme. Por esse motivo, contatamos a Fiocruz de Pernambuco,
que é um dos centros de referência em filariose – doença causada por vermes -
no Brasil, e enviamos os exemplares. Lá, com apoio deles, chegamos à conclusão
que se trata de um verme, que não sabemos a espécie ainda, mas pertencia a um
gênero de importância médica na Amazônia e no mundo”, afirmou.
A
pesquisa está catalogada em um artigo científico. O que se sabe até agora é que
a descoberta é importante para a saúde pública. O verme pode trazer o risco de
doenças para o ser humano.
“Para o ser humano, existe uma espécie
que pode causar nódulos, principalmente, na região dos gânglios ou na pele,
também a pele pode ficar com aspecto rugoso, ressecado, com falta de
pigmentação. E também há casos em que os vermes podem migrar para o globo
ocular e causar cegueira.”
A Leishmaniose é transmitida pela
picada do mosquito Catuqui ou Mosquito-Palha, que são comuns em países de clima
quente e úmido, e costumam aparecer em zonas de mata. A doença causa feridas na
pele, que podem evoluir para feridas nas mucosas, como a boca e o nariz.
É importante lembrar que nem todo
mosquito Catuqui transmite a Leishmaniose. A doutora Andreia diz que existem
medidas de prevenção que devem ser seguidas, principalmente pelos trabalhadores
da zona rural.
“Durante suas atividades de trabalho na
floresta, que eles possam usar roupas de manga comprida e, se possível, usar
repelentes. Se a residência é próximo à área florestal ou dentro da mata, que
se tele a casa. Mas principalmente é preciso uma conscientização, porque, no
caso da Leishmaniose, aparece a ferida, que não sara e, muitas vezes, a pessoa
demora muito tempo para buscar o serviço para tratar. Quanto mais cedo
diagnosticar, mais sucesso terá o tratamento”, alertou.
Com
a existência de um verme dentro do mosquito Catuqui, a comunidade científica
quer conseguir agora outras informações sobre o mosquito.
“Agora, precisamos fazer mais coletas,
encontrar novamente esses insetos infectados e utilizar de novas tecnologias
para que, de fato, a gente consiga chegar na espécie que se trata esse verme e
também estudar a importância do inseto na transmissão desses vermes. Então, é
um campo de pesquisa que se abre e que há necessidade de mais investimentos e
tempo para que a gente consiga elucidar essa questão que foi levantada”,
concluiu.
Clique aqui para assistir à reportagem da Rede Amazônica Acre.