Site Cultural de Feijó

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JN no AR: Feijó, no Acre, passa mais da metade do ano isolada da capital e do país








Os aguaceiros transformam a BR-364 num enorme atoleiro. Na época de estiagem, a estrada fica aberta, mas o nível do Rio Envira abaixa muito.
Resolvidos os problemas que impediram a apresentação da última segunda da reportagem do JN no Ar, nesta terça vamos em frente. A cidade do Acre sorteada no domingo, durante o Fantástico, foi Feijó. Mas antes de conhecê-la, veja algumas informações importantes do estado.
Acre: 706 mil habitantes, a terceira menor população do país, mas é o estado onde as mulheres têm mais filhos.
A exploração da madeira e a pecuária são as principais atividades econômicas. Cerca de 73% dos moradores não têm rede de esgoto e mais da metade não recebe água encanada. A mortalidade infantil é a maior da Região Norte.
Mais de 10% da população não sabem ler e escrever. E 470 mil eleitores do Acre vão às urnas em outubro.
O repórter Ernesto Paglia falou, ao vivo, do centro da capital do Acre, em frente ao Palácio Rio Branco. Na última segunda, a ligação telefônica com o repórter foi interrompida exatamente quando ele mencionava a dificuldade de comunicação e o isolamento da cidade de Feijó.
A capital Rio Branco e o Palácio Rio Branco homenageiam o ministro das Relações Exteriores, o barão do Rio Branco, que, no início do século passado, assinou, em nome do Brasil, um tratado que garantiu que o Acre se tornaria brasileiro, e não mais boliviano, como era até então.
Feijó fica a 350 quilômetros da capital. Em qualquer lugar do Brasil é uma distância razoável, mas no Acre isso significa que muitas vezes por causa da chuva amazônica e outras dificuldades, a cidade fica totalmente isolada, da capital e do resto do Brasil. Mas há coisas muito interessantes também.
Decolamos de Campo Grande para três horas e meia até Cruzeiro do Sul. Poucas horas de sono e voltamos à pista, para estrear o segundo avião do JN no Ar. São 290 quilômetros até Feijó. De carro, seriam até quatro horas de estrada. O Caravan faz em menos de uma.
Mas a especialidade da terra é o açaí. Feijó tem duas safras anuais da fruta que virou mania nas academias. Quem toma não imagina o trabalho que dá.
“Pessoal que toma o suco não sente nada, só o gosto”, brincou o trabalhador rural Francisco da Silva.
O resultado é um caldo grosso, o ‘vinho’, que, em Feijó, se come com açúcar e farinha.
É ótimo. Mas a produção só consegue sair para Rio Branco nesta época do ano, quando chove menos. A partir de outubro, os aguaceiros transformam a BR-364 num enorme atoleiro. Durante mais da metade do ano, a região fica simplesmente isolada da capital e do país. Muitas mercadorias só chegam de avião. Imagine o preço.
Nesta época de estiagem, a estrada fica aberta, mas o nível do Rio Envira abaixa muito. As balsas que levam combustível nem sempre conseguem passar.
Quando a estrada for pavimentada, a situação pode melhorar. Mas a obra já leva 12 anos e só tem asfalto em menos da metade. “Entra ano sai ano, sempre esse problema”, contou um morador.
Feijó é a terceira maior cidade do Acre. Tem muita bicicleta, carro de boi e ruas bem cuidadas. O esgoto a céu aberto é um problema: vai tudo para o Rio Envira.
Dona Valinete tece suas redes e sonha mudar para outro bairro onde o rio não alague.
“No inverno, a água sobe. Queria mudar dessa rua, da cidade não. A cidade é boa”, defendeu ela.
Os índios Ashaninka navegam até 12 dias da fronteira com o Peru até o comércio e o posto de saúde de Feijó. Sem alojamento, eles acampam e ficam expostos às tentações da cidade. “É comum ver índios nos bares, alcoolizados”, disse em entrevista a nossa reportagem, Capitão da PM, Estephan B. Neto
Do outro lado do rio Envira, se encontra uma das 04 etnias indígenas que fazem parte, também da população feijoense, a etnia Shanenawa. Praticamente um bairro de Feijó, a aldeia prepara a semana de festa que começa nesta quinta. É o festival do Matchú, (caiçuma), bebida sagrada, uma espécie de cerveja amarga feita de mandioca, milho e batata.
Mas o acontecimento do ano será a eleição. Pela primeira vez, a escola da aldeia vai virar seção eleitoral. E os 1,8 mil eleitores indígenas poderão votar em sua própria terra.
“A eleição é muito importante para nós, por isso, eu como representante solicitei a urna na aldeia. Para todo mundo votar, na sua aldeia, sente mais vontade”, destacou o cacique Tekahanê.
http//g1.globo.com

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