BMW que matou mulher em racha tem documento atrasado há 2 anos e condutor possui 28 multas e 2 processos por inadimplência
O ac24horas buscou detalhes do
condutor da BMW 328 envolvida
no racha que acabou tirando a vida de Jonhliane Paiva de Souza, de
30 anos, na manhã dessa quinta-feira (6). O trágico acidente aconteceu na
Avenida Antônio da Rocha Viana, em Rio Branco. O fisioterapeuta Ícaro José da
Silva Pinto, de 33 anos, dirigia o carro de luxo que está no nome de seu pai, o
advogado aposentado e ex-juiz eleitoral do Acre, José Teixeira Pinto.
A reportagem
descobriu que a taxa de licenciamento da BMW que atingiu a vítima não é paga
desde 2018. Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a falta de
licenciamento é uma infração gravíssima e acarreta uma série de problemas para
o condutor, como apreensão do veículo, multa e perda de sete pontos na Carteira
Nacional de Habilitação (CNH).
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Além disso,
Ícaro é detentor de 28 multas registradas em seu nome, conforme consta nos
arquivos obtidos com exclusividade pelo ac24horas. A maioria consta como pagas.
Duas delas sofridas com outra BMW, modelo X1. Em uma das multas gravíssimas,
aplicada quando o mesmo dirigia uma Toyota RAV4, o agente de trânsito descreve
sobre o motorista: “quando o condutor percebeu que seria abordado, o mesmo saiu
em arrancada brusca e tentou se evadir, mas foi feito acompanhamento e
conseguimos abordá-lo. Na fuga, o mesmo cometeu várias outras infrações de
trânsito”.
Após a batida que culminou na morte de Jonhliane, a
BMW foi recolhida e levada para o pátio do Departamento Estadual de Trânsito do
Acre (Detran/AC). A Delegacia da 1ª Regional da Polícia Civil ficou responsável
por apurar o caso. Em entrevista concedida à Rede Amazônica Acre, o delegado
Alex Danny afirmou que já foram coletadas as provas no local do acidente,
realizada perícia e a polícia também pegou as imagens das câmeras de segurança
próximas do local. A polícia também solicitou a situação do veículo para fazer
outras perícias.
Processos contra Ícaro
Fora da órbita do trânsito, o fisioterapeuta Ícaro Pinto, envolvido no
acidente durante um racha, também tem uma ficha problemática. Ele responde a
dois processos por falta de pagamento. O primeiro é um processo movido pelo
condomínio Portal da Amazônia III, onde ele é proprietário de um apartamento. O
imóvel diz que Ícaro deve R$ 6.473,70 provenientes de 14 meses de taxa de
condomínio, o que resultou numa ação de execução de título extrajudicial.
O condomínio alega que Ícaro, sendo proprietário e possuidor do
apartamento, é conhecedor do dever legal de contribuir com as despesas
condominiais, mas que mesmo assim, vinha se eximindo do pagamento. A
inadimplência é referente às despesas condominiais de setembro de 2018, janeiro
a dezembro de 2019 e janeiro e março de 2020.
“Diante da recalcitrância, não restou alternativa senão a via judicial
para garantir o direito que assiste o condomínio. Uma vez descumprida as
obrigações previstas na convenção, surge ao condomínio a possibilidade jurídica
de exigir o seu cumprimento forçado, bem como de receber pelos gastos que por
ventura teve que despender para viabilizar o respectivo cumprimento”, afirmam
os advogados do imóvel em documento. O valor atualizado da dívida foi
atualizado para R$ 8.105,63 em junho de 2020.
Já a outra ação movida contra Ícaro partiu de um dentista de Rio Branco.
O filho do ex-juiz eleitoral do Acre fez um tratamento dentário que custou R$
14 mil. Deste valor, R$ 2 mil foram pagos e o restante seria pago em 12
parcelas de R$ 1 mil, com vencimento todo dia 5. No entanto, o dentista teve de
entra com uma ação na justiça porque os pagamentos em boleto não foram
realizados.
“Em 11 de maio de 2018, iniciou tratamento dentário, que durou quase 6
meses e totalizou o valor de R$ 14.400 para ser pago durante o tratamento. Nas
datas combinadas, Ícaro não efetuou o pagamento e também não atende mais as
ligações”, descreveu o dentista nos autos. O tratamento incluiu instalação de
implantes, oito lentes de contato e coroas.
Entenda
O condutor da BMW 328 estaria participando de um racha na Avenida
Antônio da Rocha Viana quando atingiu a mulher de 30 anos que estava dirigindo
uma motocicleta modelo Biz em direção ao seu trabalho. Jonhliane morreu após
ser atropelada e arrastada por vários metros pela BMW.
Os suspeitos de estarem fazendo o racha, entre eles Ícaro Pinto, fugiram do local sem prestar socorro à vítima. O carro BMW foi encontrado abandonado atrás de uma academia de ginástica situada na região. Imagens de câmeras de segurança de estabelecimentos da região mostram momento em que os veículos transitam em alta velocidade na avenida.
O ac24horas tentou contato
com a família do envolvido, mas não conseguiu. A mãe do acusado, a professora
Alcilene Gurgel, disse: “não estou no Acre e no momento não tenho condição de
falar sobre o assunto. Desculpa”.