Site Cultural de Feijó

Site Cultural de Feijó

'Era meu sonho', diz socioeducanda aprovada em biomedicina no AC

Jovem começou curso esta semana e diz que apreensão foi uma lição.
'Não valeu a pena ter feito o que fiz', diz jovem de 17 anos. 

Iryá RodriguesDo G1 AC
Jovem se arrependeu de ter cometido ato infracional e diz que graduação é a realização de um sonho (Foto: Iryá Rodrigues/G1)Jovem se arrependeu de ter cometido ato e diz que graduação é a realização de um sonho (Foto: Iryá Rodrigues/G1)
Há três anos cumprindo medida de semiliberdade no Instituto Socioeducativo do Acre (ISE), uma jovem de 17 anos iniciou, nesta segunda -feira (9), uma nova etapa na sua vida. Ela passou no curso de biomedicina em uma faculdade particular de Rio Branco. De acordo com a jovem, a graduação era um sonho. "Sempre fui uma boa aluna, meu sonho é fazer medicina, mas como não consegui nota suficiente no Enem, biomedicina é um curso ligado à saúde, então me interessei", afirma.
Detida em 2012, após uma briga em que acabou esfaqueando outra adolescente por causa de ciúmes do namorado, a jovem conta que depois do ocorrido ficou escondida durante 15 dias na casa de um parente. Após o período, resolveu procurar a mãe e pedir que ela providenciasse um advogado para se apresentar na delegacia.
"Depois do que aconteceu eu fiquei assustada e me escondi durante 15 dias na casa de um parente. Foi quando liguei para minha mãe e pedi que ela providenciasse um advogado para eu me apresentar na delegacia, já que não queria ser presa. Quando me apresentei, consegui ficar respondendo em liberdade", conta a jovem.
O nível superior vai ser todo custeado por meio do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). A jovem comemora a oportunidade. "Gosto muito de estudar e nunca fiquei de ano, quando tudo aconteceu eu estava no primeiro ano do ensino médio e mesmo assim consegui concluir o colegial. Depois que tive que cumprir com a medida de semiliberdade, acabei tendo um incentivo a mais para os estudos, porque não valeu a pena ter feito o que fiz. Hoje eu entendo que quase estraguei minha vida, mas me alegro por ter vencido essa etapa", diz.
Socioeducanda diz que sempre gostou de estudar e está ansiosa para se formar e poder fazer o curso de medicina (Foto: Iryá Rodrigues/G1)Socioeducanda diz que sempre gostou de estudar e está ansiosa para se formar e poder fazer o curso de biomedicina (Foto: Iryá Rodrigues/G1)
Segundo ela, agiu por impulso e não tinha noção do que pudesse acontecer. "Eu me arrependi muito por ter feito o que fiz, não tinha noção que seria tão complicado. Agi por impulso, porque no momento não soube o que fazer. Quando ela veio me bater, minha reação foi pegar a faca. Se eu pudesse voltar no tempo teria só corrido. A lição que aprendi foi que quase perdi minha vida, se tivesse sido presa eu teria prejudicado os meus estudos e hoje eu poderia não estar realizando esse sonho", declara.
Para a mãe da jovem, a professora Maria José, de 42 anos, por mais que seja difícil dar apoio aos filhos após cometerem atos infracionais, os pais precisam ajudar e estar junto, para auxiliar na mudança de comportamento. "Diante de tudo que nós passamos, eu aprendi que nós nunca devemos abandonar nossos filhos. Se não estivermos do lado apoiando, a situação acaba se tornando pior. Fiz tudo que estava ao meu alcance, porque não queria ver o sonho dela se acabar. Estou muito feliz com a vitória dela, vai ser um privilégio poder estar ao seu lado quando for se formar", declara.

Deixe um comentário

Nenhum comentário:

Imagens de tema por compassandcamera. Tecnologia do Blogger.