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Mulher relata abusos e gravidez após estupro no AC: ‘fiquei atordoada’

Primeiro abuso ocorreu aos 4 anos e último aos 27, diz vítima.

Dados apontam redução de 45% em casos de estupro na capital do Acre.

 Abusada sexualmente sete vezes por parentes, amigos e até pelo pastor de uma igreja evangélica que frenquentava. Essa é a história de uma acreana de 45 anos, que prefere não ser identificada. Além da violência física, os abusos, que teriam ocorrido pela primeira vez aos 4 anos e a última quando ela tinha 27, a deixaram por muito tempo com os sentimentos de culpa e vergonha por ter sido vítima.
O segundo abuso ocorreu aos 11 anos, o terceiro, em que ela perdeu a virgindade e engravidou da primeira filha, aos 16, o quarto aos 18 e o quinto aos 21.

"Até hoje eu não sei como foi que perdi a virgindade. Lembro que fui jantar em algum lugar, era um rodízio. Não lembro de mais nada depois disso. Sei que [ao acordar] estava sem roupa nenhuma e sentia dor nas minhas partes íntimas. Fiquei meio atordoada e engravidei", relembra.
A vítima chegou a casar com um dos agressores. Uma relação que durou seis anos, período em que a violência sexual se somou à violência doméstica.

Constantemente ela era surrada e tinha as saídas de casa controladas e, nesse ponto, mais que a violência, ela passou a sofrer com o silêncio e a depressão, companheiros constantes das vítimas desses crimes.
"Parece que a culpa era minha, que eu era a bandida, já pensou? Era como me sentia. Tinha vergonha, vergonha de falar. Fica marcado. Eu sinto a dor no braço, me segurando assim, até hoje", conta.
Atualmente a mulher é novamente casada, mãe de dois filhos e trabalha. Ela conta que só procurou ajuda psicológica ano passado, quando sentiu que estava entrando em depressão. Foi a partir dessa decisão que ela contou também para família e alguns amigos sobre o sofrimento que carregou sozinha durante anos.  
A mulher diz que se arrepende por não ter buscado ajuda antes. "Meu intuito maior é dizer para as pessoas que procurem ajuda, falem, o mundo precisa saber. Quando começamos a falar ajudamos outras pessoas. Não precisa divulgar para o mundo, mas você precisa falar para alguém. Precisa de ajuda. Não guarde para si de forma nenhuma", defende.
Ajuda
A socióloga e coordenadora dos Direitos Humanos da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Joelda Pais, explica que a violência está além do ato sexual não consentido, mas também pode ser identificado em qualquer forma de assédio ou até mesmo nas palavras.
“Essa é a questão que evita elas [vítimas] a denunciarem. Têm medo de não serem entendidas, de serem constrangidas, julgadas e isso ainda acontece dentro das instituições públicas, na família e na própria comunidade", relata a socióloga.
Para ajudar as vítimas na capital acreana, Joelda diz que existem equipes da Casa Rosa Mulher, localizada no Bairro Cidade Nova, em Rio Branco, com serviços especializados para dar apoio às mulheres vítimas de violência.
"Podem procurar a Casa Rosa Mulher ou a própria Secretaria de Políticas para Mulheres, no Bosque. Estamos lá para acolher e não se preocupem, que é dado todo sigilo possível para garantir a tranquilidade e a segurança para essas vítimas", aconselha a coordenadora.
Redução nos crimes
Segundo dados da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), o número de casos registrados de estupro diminuiu em 45% entre janeiro a maio de 2015 em comparação com o mesmo período do ano anterior. Os dados mostram que foram instaurados 20 inquéritos por estupro em 2015 e 11 neste ano.
O número de inquéritos instaurados por tentativas de estupro também diminuiu no período avaliado. Conforme os dados, em 2015 foram 9 inquéritos e 4 em 2016, o que representa uma redução de mais de 55%.
Vítima de estupro Rio Branco  (Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre)Mulher conta como foi abusada por ao menos sete vezes (Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre)

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