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Piãko é empossado prefeito de Marechal Thaumaturgo e se torna o primeiro índio a ocupar o cargo no Acre

O município é um dos piores do Brasil quando o assunto é Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)


Isaac da Silva Piãko , 44, (PMDB), pertencente ao povo Ashaninka, tomou posse como prefeito na manhã de hoje e se tornou o primeiro índio a ocupar o cargo no Acre. O evento, que aconteceu na Câmara Municipal, na sede do município, contou com a presença de vereadores, integrantes de povos indígena de outras nações, líderes do movimento social e do presidente da Associação dos Juízes da 1ª Região, Leonardo Pauperio.

Isaac Piãko é empossado prefeito de Marechal Thaumaturgo/Foto:Jorge Natal
Após receber a faixa, falando em sua língua nativa, Piãnko destacou a importância do respeito e tolerância entre brancos e índios, a necessidades de se fazer uma gestão ética e consequente, além de conclamar todos os thaumaturguenses para participar da sua administração. “Hoje é um dia especial para os povos da floresta”, declarou ele.
Filho de mãe branca e pai índio, o novo prefeito, que é professor, destacou-se como líder indígena, principalmente defendendo o território do seu povo (localizado no rio Amônia, fronteira com o Peru) da invasão de madeireiros. Também se notabilizou na luta para unir os povos da floresta, além do resgate e manutenção da cultura de todos os povos indígenas do Brasil.
Mesmo se elegendo com o apoio do ex-prefeito de Cruzeiro do Sul, Vagner Sales (PMDB), Piãnko assegurou que vai romper com as velhas políticas, notadamente o clientelismo o que, segundo ele, foi o principal causa da situação adversa que atravessa o município. “A prefeitura está com três itens que a deixaram na inadimplência”, disse, anunciando que uma das suas primeiras ações será realizar uma auditória.
Carga simbólica
O Juiz federal Leonardo Pauperio, que mora em Brasília, disse que a posse de Isaac Piyãko é carregada de simbolismos. “Temos uma constituição cidadã, plural, laica e democrática. A eleição de um índio na parte mais ocidental da Amazônia, no estado onde nasceu e viveu o Chico Mendes, tem uma carga simbólica muito forte”, analisou o magistrado, para quem Piãnko tem a responsalidade de “reparar” uma parte da história do Brasil.
Outra personalidade presente ao vento foi o presidente da Rede Sustentabilidade em Cruzeiro d Sul, Romisson Santos. Aa seu ver, os olhos do mundo estarão voltados para Marechal Thaumaturgo. “No momento da maior crise institucional e ética do Brasil, que levou o descrédito da classe política, temos um índio na prefeitura de um munícipio do Acre e da Região Amazônica”, observou o dirigente, que ainda acrescentou: “O Piãko fazer renascer a esperança”.
Mais de 90% do município é formado por áreas de proteção
O município, criado a partir de uma pequena vila desmembrada de Cruzeiro do Sul e emancipada em 1992, tem nome que homenageia um dos heróis da luta pela anexação do Acre ao território brasileiro, no início do século XX, o do coronel Marechal Thaumaturgo. Mais de 90% de seu território integra o Parque Nacional da Serra do Divisor e a Reserva Extrativista do Alto Juruá.
O município é um dos piores do Brasil quando o assunto é Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Sem contar que, atualmente, a cidade parece ter sido bombardeada e boa parte da população vive como com a sensação de quem teve até a esperança roubada. “Estamos vivendo uma situação caótica”, declarou o vice-prefeito Valdélio Furtado.
Situada na região mais ocidental do país, sudoeste do Estado, Marechal Thaumaturgo, é ligada apenas por via aérea e fluvial e é, na verdade, apenas uma clareira no encontro das águas barrentas dos rios Juruá e Amônia.
Apesar da beleza natural, é um dos municípios mais pobres e isolados do Brasil, com mais da metade de sua população (estimada em 16 mil habitantes) vivendo abaixo da linha da pobreza. Cem por cento das famílias pobres recebem o benefício do programa Bolsa Família

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