Site Cultural de Feijó

Site Cultural de Feijó

Aos 104 anos, idosa faz exercícios diários em academia popular de Rio Branco: 'estou velha, mas não acabada'

Francisca Fontenelle nasceu em setembro de 1912 e vai todos os dias para a academia no bairro Calafate, na capital. 'Não penso em parar', afirma.


Por Quésia Melo, G1 AC, Rio Branco
A disposição de Francisca de Souza Fontenelle surpreende familiares e amigos. Aos 104 anos, ela vai todos os dias à academia popular, que fica no bairro Calafate, onde vive, em Rio Branco, para se exercitar. E no dia que não vai 'fica doente', diz ela.

Nascida em 5 de setembro de 1912, a idosa é simpática e sempre sorridente, mas nem sempre foi assim. Ela diz que antes de frequentar a academia vivia deitada e trancada no quarto.

“Eu ficava deitada na cama e quando falavam comigo eu respondia apenas “hum”. Não queria ir para os cantos, parecia um menino ruim e enjoado. Até que um dia aquilo tocou meu coração e decidi sair. Minha filha me levou para passear na praça. Lá achei um monte de gente alegre, me animei e agora vou todos os dias”, conta ela, que mora em frente à academia.
Idosa faz exercícios diários e afirma que mesmo com 104 anos não pensa em parar (Foto: Jéssica Menezes/Arquivo Pessoal)

Lúcida e bem humorada, Francisca conta que tratou de convidar vários amigos para se juntarem a ela nos exercícios diários, mas nenhum teve a disposição e coragem dela, por isso não foram.

“Não penso em parar de ir para a academia, meu destino é ir todos os dias, no dia que não vou fico doente. Eu estou velha, mas não estou acabada. Lá é muito bom e divertido. Eu dentro de casa não era nada, não tinha coragem, mas depois que comecei a fazer os exercícios todo mundo me quer bem, todo mundo me abraça”, comenta.
 Francisca diz que antes de fazer exercícios vivia trancada no quarto e hoje é mais feliz e alegre (Foto: Jéssica Menezes/Arquivo Pessoal)
Apesar da idade avançada, Francisca diz que nunca ouviu comentários sobre ela ser velha demais para fazer exercícios, mas afirma que quem não faz nenhuma atividade é que sai perdendo. Na academia, ela conta que fez amigos e até arrumou um pretendente, mas decidiu não aceitar o pedido de casamento.

“Já mandaram eu deitar e ficar em casa, mas eu vou sim, em casa não fico. Não tem tempo ruim para mim, depois que fui para a academia criei alma nova. Eu até arrumei um namorado na academia, mas não quis, ele perguntou “você quer casar comigo?” e eu disse “não, obrigada, eu não quero”, relata.
Francisca nasceu em 5 de setembro de 1912 (Foto: Arquivo Pessoal)

Mãe de dez filhos, Francisca é cearense e foi morar no Acre quando tinha apenas 25 anos com a promessa de uma melhora de vida. Ao lado do marido e dos filhos passou a cortar seringa e trabalhou no roçado para ajudar a sustentar a família.

“Eu trabalhava com tudo no seringal e no Acre a única coisa que achei foi seringueira para cortar. Criei todos os meus filhos mesmo com todas as dificuldades e tenho orgulho deles”, afirma.
Acompanhamento
A educadora física Jéssica Menezes é a responsável por acompanhar Francisca e os outros idosos que participam do programa. Ela explica que o grupo faz atividades físicas variadas, de socialização, dinâmicas e recreação. Nas aulas, o grupo usa alteres, colchonetes e bolas.

Jéssica diz que a iniciativa é do Centro de Saúde Rosângela Pimentel, no bairro Calafate. Uma equipe de enfermagem verifica a pressão e glicose dos idosos todas as terças-feiras. Ela explica que quando o projeto começou, em junho de 2011, tinha 20 componentes e hoje já tem 70 idosos cadastrados.

“É um trabalho muito gratificante, a gente recebe muito carinho deles. Fazemos todo um acompanhamento e também exercícios direcionados”, diz.
Educadora física acompanha Francisca e outros idosos durante exercícios diários (Foto: Quésia Melo/G1)

Os idosos também são acompanhados pelo Centro de Referência da Assistência Social e também pela turma de fisioterapia da Uninorte. Após a solicitação dos próprios idosos, um Centro de Convivência do Idoso foi instalado no bairro próximo a praça onde fica a academia.

“Eles fizeram o pedido para ter um espaço específico, mas quem dá o acompanhamento e todo o suporte é o centro de saúde”, explica

Deixe um comentário

Nenhum comentário:

Imagens de tema por compassandcamera. Tecnologia do Blogger.